
Tempo das amoras
Cada ser humano é um testemunho do tempo. É um testemunho participante das transformações que ocorreram durante a vida, que vão do corpo ao ritual da morte, passando pelo cotidiano dos costumes, hábitos, modos e seduções.
Cada ser humano é um testemunho do tempo. É um testemunho participante das transformações que ocorreram durante a vida, que vão do corpo ao ritual da morte, passando pelo cotidiano dos costumes, hábitos, modos e seduções.
São pouquíssimos os consensos formados em nossa vida pública. Um deles foi obtido agora, com a crise que o governo atravessa. É a necessidade da reforma política, que gerou e explodiu no escândalo do "mensalão". Mesmo que se descontem os exageros das acusações do deputado Roberto Jefferson, por mais que o desqualifiquem, todos sabemos que as campanhas eleitorais e a existência física dos próprios partidos são custeadas com dinheiro arrancado das estatais, de bancos e empresários.
Lembramo-nos, ainda, da crise do petróleo decretada pela Opep há mais ou menos trinta anos. Os potentados árabes, os iranianos, que haviam deposto o Xá, os iraquianos que haviam deposto um rei, pela mão assassina de Saddam Hussein e outros militares renegados e conspiradores, subiram o preço do barril do bruto de 2,5 dólares para l2 dólares.
Desconfio das coisas muito repetidas, dos slogans e gritos de guerra: "Todo o poder ao povo!". "Povo unido jamais será vencido!". "Tortura nunca mais!". "Um, dois, três, corruptos no xadrez!" (Este último ainda não entrou em circulação, mas não custa esperar).
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso declarou à imprensa que Lula não deve concorrer ao segundo mandato.
Durante 56 anos, Jorge Amado foi meu marido e meu mestre. O que sei com ele aprendi. Juntos, corremos mundos, percorremos os mais distantes países, os mais belos e estranhos.
Uma das angústias do jornalismo é a inevitabilidade das generalizações. Impossível deixar de cometê-las num texto curto, apressado e genérico como são as crônicas publicadas neste espaço.
O cargo de chefe da Casa Civil tem de possuir no seu curriculum informação sobre sua aptidão política partidária, que estua sempre nesse ministério.
Dentre os livros de Henry Miller, um há que pode ser considerado um "Evangelho da Insubmissão". É o volume chamado "Tempo dos assassinos". Nele, ao estudar Rimbaud, o que Miller faz é um levantamento completo dos insubmissos dos últimos dois séculos. De Shelley, Blake, Stendhal e Hegel até Baudelaire, Poe, Conrad, Claudel, Dostoevski, entre outros, mas o insubmisso mais desabrido é Rimbaud.
Não engrosso a turma dos que acreditam próximo o fim de mundo institucional em nossas bandas. Que as coisas estão complicadas, estão. Muito vexame e até mesmo uma espécie de baile fiscal caipira, com a festa junina (em julho) promovida por Lula na Granja do Torto. (Por falar em Torto, lembro que Guimarães Rosa, entendido no assunto, em lugar de Diabo, Satanás ou Demônio, preferia chamar o Pai das Trevas de "O Torto").
A conceituada revista Digesto Econômico , número em circulação, referente a maio e junho, traz um artigo de Sérgio Cabral sobre o custo do envelhecimento. É impressionante como envelhecer, isto é, a vida depois dos 60 anos, torna-se de padrão mais baixo do que antes dessa idade-limite, para serem as pessoas consideradas idosas, e em seguida, acrescento aos argumentos do articulista, a morte.
Uma mulher pode até conseguir enganar seu parceiro fingindo um orgasmo, mas pesquisadores holandeses afirmam ter conseguido flagrar o falso clímax com a ajuda da tomografia computadorizada. Áreas ligadas a emoções ficam "desligadas" no orgasmo verdadeiro, mas ativas no falso. Folha Ciência, 21.06.2005
Depois da roda e da pólvora, a maior descoberta do gênio humano deve ser creditada à mídia do nosso tempo. Não chega a ser um supositório como queria o romancista Campos de Carvalho, mas coisa parecida: o adjetivo "suposto". Serve para livrar a cara de qualquer comunicador de rádio, TV ou jornal. Ele se obriga a comunicar o que julga ser necessário, mas tira o corpo fora, apelando não para o supositório, mas para o suposto, tornando a comunicação uma suposição.
Os chineses, que são descendentes de uma cultura milenar, são hábeis em criar provérbios. Têm um de que gosto muito, este: "Não devemos fazer previsões, principalmente sobre o futuro".
O meu convívio com Mário Mendonça nasceu nas sessões do Conselho Cultural da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro. Presença sempre constante, nas reuniões presididas por Sérgio Pereira da Silva, Mário defendeu durante muito tempo a necessidade de se construir, no Rio, um Museu de Arte Sacra. Se não pudesse ser semelhante ao da Bahia, que pelo menos tivesse o espaço e a visibilidade necessários para abrigar milhares de preciosidades, algumas das quais colocadas em risco por motivo de segurança precária.