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Artigos

 
  • O rosto de Clarice

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro), em 13/07/2005

    Cada dia para Clarice era um fardo cheio de esperança. Bastava tomar café, comer, saber de alguma boa intriga ou peripécia, para lhe nascer uma réstia de ilusão. Logo, porém, os olhos verdes, aflitos e intensos, pareciam transmitir a mensagem: tudo que vejo nesta sala me é familiar e monótono. Será que a vida não pode se renovar ao menos para surpreender-me?

  • Molho nas barbas

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 13/07/2005

    Em século passado, quando eu era menino, ficava espantado nas aulas de catecismo. Não me interessava a leitura, mas as gravuras. E todos os homens ali eram barbudos. Nem Deus-Padre escapava. Era um barbudo como os outros, no centro de um triângulo luminoso, que, mais tarde, virou caixinha de fósforo da marca "Fiat lux!"

  • Ministros monitorados

    Diário do Comércio (São Paulo), em 13/07/2005

    Essa invenção do PT merece ir para a História. Que me conste, todos os ministros, os secretários, segundo o país, nunca foram monitorados.

  • A dimensão de Proust

    Tribuna da Imprensa (Rio de Janeiro), em 12/07/2005

    Há 91 anos eram postos nas livrarias de Paris os primeiros exemplares de "Du côte de Chez Swann", primeira parte de "A la recherche du temps perdu". Exatamente em 14 de novembro de 1913, Proust via realizado seu sonho, embora houvesse tido de financiar a edição do livro que fora recusado pelo "Figaro" em 1910 e por Fasquelle, pela "Nouvelle revue française" e pelo editor Ollendoff em 1912 e começos de 13. Afinal, Bernard Grasmet aceitou publicá-lo, o autor pagando.

  • Cenas da 3° Guerra

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 12/07/2005

    Devemos lamentar o recente atentado terrorista em Londres, mas, no ponto a que chegamos, não deveria haver surpresa. Foi um crime mais do que anunciado, na seqüência de outros já cometidos pelo terror e de outros que ainda serão cometidos. Desde o 11 de Setembro, vivemos uma guerra -não fria, como a outra, que terminou com a queda do Muro de Berlim.

  • Punição de corruptos

    Diário do Comércio (São Paulo), em 12/07/2005

    Na sua fala à nação, o presidente da República fez essa afirmação. Temos, portanto, o direito de perguntar: porque não os puniu, ou estava tão desligado da realidade brasiliense que não sabia?

  • Emoções na balança

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 11/07/2005

    Acampamentos para jovens obesos se propagam nos EUA: por US$ 7.500, instituições prometem amparo emocional e reeducação alimentar. Folha Mundo, 3.07.2005 

  • A grande mosca

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 11/07/2005

    Minha opinião pessoal não conta, nem por isso dispenso-me de expressá-la. Não aprecio o jornalismo dito investigativo, que está em moda e provoca desenfreada concorrência entre jornais, revistas, rádios e TVs.

  • Sombras malditas

    Diário do Comércio (São Paulo), em 11/07/2005

    Quinta-feira foi o dia escolhido pelo terror para matar inocentes e espalhar o medo em toda a população de Londres. O balanço desse banditismo infame foram trinta e sete mortos e mais de setecentos feridos, muitos deles em estado grave e os autores são todos réprobos, sobretudo por não reclamarem o que pretendem com seu ato hediondo.

  • Um santuário florido

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro), em 10/07/2005

    A pouco menos de uma hora de Paris, numa região paradisíaca, é possível encontrar um dos maiores santuários floridos do mundo. Em Giverny viveu o pintor Claude Monet (1840-1926), o maior representante do que se convencionou chamar de escola impressionista. Atacado pela catarata e sem coragem para se operar, utilizou os jardins da sua casa como inspiração para quadros que ganharam admiração internacional.

  • Assim não dá

    O Globo (Rio de Janeiro), em 10/07/2005

    É por essas e outras que este país não vai para a frente. Como vocês viram, se me leram na semana passada, fiz um valente esforço de reportagem para desistir de minha participação no complô da direita e das elites para alijar o presidente Lula do poder. Bem verdade que tenho reiterado minha oposição decidida a essa conversa de “fora, Lula”, mas vivem repetindo que, nas entrelinhas, eu quero dizer o contrário e aí resisto aos entrelinhistas com a bravura possível e sempre confirmo minha postura de que ele é o presidente legitimamente eleito e, portanto, a não ser dentro dos limites estritos da ordem jurídi-ca, não pode ser objeto de campanhas desse tipo. Isso, contudo, não impede, por se tratar de atitude completamente diversa, que eu fale mal do governo, também dentro dos limites da ordem jurídica, que consagra um direito com o qual todos nascemos e não é dádiva de ninguém, ou seja, a liberdade de pensar e expressar. Ou então de manifestar a opinião pela qual nos pagam, prática pelo visto consagrada, ao menos consuetudinariamente, na vida pública pátria.

  • Joseph Campbell e a arte de viver

    O Globo (Rio de Janeiro), em 10/07/2005

    DESDE QUE LI “O PODER DO MITO”, NA verdade uma longa entrevista com o jornalista Bill Moyers, passei a comprar e devorar todos os livros escritos por Joseph Campbell (1904-1987). Lembro-me de ficar muito impressionado com uma de suas respostas:

  • Homens lama

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 10/07/2005

    Nos tempos que correm, todos se dizem democratas, da boca para fora todos clamam pela ética. Nunca uma sociedade foi tão ética e perfeita como a nossa. Tão perfeita que fica indignada quando estoura um escândalo envolvendo o Congresso e um dos partidos políticos, justamente o que mais encheu a boca com a ética.

  • O que diria Maquiavel?

    O Globo (Rio de Janeiro), em 09/07/2005

    Após a catástrofe dos plebiscitos de França e Holanda, os estrategistas da União Européia poderiam perguntar-se da indagação que, retrospectivamente, Maquiavel lhes faria. Por que a insistência na consulta popular, para levar adiante a Carta, e não a simples ratificação pelos Parlamentos nacionais? Não foi outra a solução que já deu pelo “sim” em todos os países que a acolheram, como Alemanha, Itália e Bélgica. Não estava na perspectiva do grande avanço da conquista da Carta o desacerto de agora entre a sensibilidade dos governos e a retranca de uma opinião pública ainda mal preparada para a modernidade democrática que representa o apelo crescente aos plebiscitos.

  • Nossa cabeça francesa

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro), em 08/07/2005

    Os mais recentes encontros do ano França-Brasil concentraram-se na troca da experiência das nossas cabeças: tanto a da universidade, como a literária. É o que proporcionou, de início, a presença na Academia Francesa, de dezesseis membros da ABL, respondendo a um intercâmbio começado pela vinda ao Rio de Janeiro, no Centenário da Casa de Machado de Assis, dos Secretários Perpétuos, Maurice Druon e Hél×ne Carr×re d"Encausse, bem como de Marc Fumaroli e Hector Bianchotti. "Sous la coupole" agora os donos da casa foram saudados por Ivan Junqueira e José Sarney. Relembraram-se as vinhetas dos primórdios da nossa colonização, pelos sucessivos empenhos, finalmente abortados, da França Antártica, na Baía de Guanabara, e da Equinoxial, quando Lavardi×re imprimiu à capital do Maranhão o nome de São Luís, o Rei nos altares.