Lembramo-nos, ainda, da crise do petróleo decretada pela Opep há mais ou menos trinta anos. Os potentados árabes, os iranianos, que haviam deposto o Xá, os iraquianos que haviam deposto um rei, pela mão assassina de Saddam Hussein e outros militares renegados e conspiradores, subiram o preço do barril do bruto de 2,5 dólares para l2 dólares.
As colunas do templo capitalista estremeceram e não poucas tombaram; foi violento o golpe sofrido pela economia no mundo inteiro. Só o tempo, esse grande estrategista, trouxe solidariedade aos preços, nivelando todos os produtos. O mundo aprendeu, no entanto, com os potentados do petróleo.
Está agora o mundo na perspectiva de outro aumento do bruto, que deve subir para oitenta dólares o barril. Será um novo e violento abalo na economia deste incerto mundo, onde campeiam as conquistas da ciência e da tecnologia e a agonia da civilização, não se sabendo quem vai triunfar.
Os potentados do petróleo não se dão conta que o mundo precisa do bruto, pois milhares de mercadorias são manufaturas de derivados do petróleo e a maioria dos transportes, principalmente no Brasil, onde a opção pelo veículo de carga pesada suplantou a ferrovia, mais barata e sonegada à ameaça pavorosa do petróleo em alta.
Não há governo, não há empresário que não sinta o frio do medo na espinha quando lê na imprensa e ouve na televisão que o petróleo vai subir. Esta será não direi a luta entre o anjo e a besta, mas uma luta de foice no escuro, entre os dois lados da necessidade do petróleo e de sua produção.
É essa a tremenda expectativa em que se encontra o mundo, cujas notícias do Oriente Próximo são de arrepiar, sobretudo as indústrias, as grandes empregadoras em países que já lutam contra o desemprego em massa.
Infelizmente, não há socorro para essa alta anunciada, senão esperar que ela demore mais do que se supõe.
Diário do Comércio (São Paulo) 08/07/2005