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Artigos

 
  • PF no rastro de Zé Trovão

    O Globo, em 12/09/2021

    Zé Trovão, quem diria, tornou-se o símbolo da rendição de Bolsonaro, o que dá bem a dimensão de chanchada da crise política que desencadeou sem ter a menor condição de vencer.  Seguindo os passos de seu chefe, pediu perdão pelo Telegram, disse que nunca desejou o que ameaçou fazer, e espera em vão no México o habeas-corpus que lhe prometeram. Fachin já derrubou o primeiro, e o segundo terá o mesmo destino. Zé Trovão vai ser preso a qualquer momento, está sendo rastreado pela Polícia Federal, que o localizou agora na Cidade do México, já tendo passado pelo Panamá, Cancún e Guadalajara.

  • Horta feliz dos versos

    Tribuna Online, em 12/09/2021

    Escreveu o grande Poeta Paul Valéry, que “o melhor do novo é que responde um desejo antigo”. Todos criamos numa tradição.

    Assim, toda ruptura se estabelece sobre as ruínas do velho, é uma horta nova com o esterco antigo. E dele, hão de nascer flores e hortaliças. Com a chuva a visitar a horta, ou com seu regar diário, laborioso. E é como brota o poema.

  • Bolsonaro entrou num beco sem saída

    O Globo, em 10/09/2021

    A carta de recuo dos ataques feitos ao STF, nas manifestações do fim de semana, divulgada pelo presidente Bolsonaro e escrita pelo ex-presidente Michel Temer é apenas uma estratégia, que acredito vá dar errado; ele não mudou da água para o vinho de uma hora para outra. Não acho que tenha capacidade de continuar nessa senda de acordos, mediação e distensão entre os poderes. A vida toda ele viveu de embates e de tensão, não vai mudar agora. Mas essa carta foi seu último passo. Se retratou por escrito, e se tiver uma recaída, não tem mais para onde ir. Entrou num beco sem saída, porque, se voltar a atacar o STF, ou ameaçar golpe, chegará ao fim do caminho, que é o impeachment ou o TSE barrar sua reeleição. Ao mesmo tempo, se continuar moderado, como diz na carta, perde grande parte de seu eleitorado, pelo menos o que estava nas ruas no sete de setembro. Por isso, ontem mesmo voltou a criticar a urna eletrônica, e fez uma piadinha grossa com o ministro Luis Roberto Barroso, coisa de cafajeste. Não há como manter acordo com uma pessoa assim. Bolsonaro está numa situação difícil. O país não vai mudar, o mercado voltou apenas para recuperar perdas. Nenhum investidor vai acreditar que valha a pena investir aqui. A rendição dele foi tão vergonhosa, tão humilhante, que não conseguirá ser um interlocutor válido. Deveria se retirar completamente, ficar quieto no governo, deixar o Congresso trabalhar até acabar o mandato. Ou, para recuperar o prestígio, terá que radicalizar ainda mais.

  • Ceder a uma tentação?

    O Estado de S. Paulo, em 10/09/2021

    Devo reler ‘A Cidadela’, de A. J. Cronin? Devemos reler os livros que nos encantaram?

    Passei por uma livraria, começo da noite, final de semana, e vi na vitrine um romance que me deixou arrepiado. Há quantos anos, e ponham quantos nisso, eu não via uma nova edição de A Cidadela, de A. J. Cronin? Naquele instante, me veio um turbilhão de imagens. Dei tanta entrevista falando de livros que me foram fundamentais e jamais citei A Cidadela. Injustiça de uma memória falha. E um de meus orgulhos é justamente esta memória acionada por cheiros, imagens, brisas, perfumes, sons. 

  • Remédio amargo

    O Globo, em 09/09/2021

    Nem todos foram tão contundentes e certeiros com as palavras como o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luiz Fux. Mas todos os que se pronunciaram com críticas à retórica belicista do presidente Bolsonaro na terça-feira o fizeram como se avisassem ao presidente que está chegando o momento da verdade.

  • Bolsonaro piora sua situação

    O Globo, em 08/09/2021

    Depois do discurso de Bolsonaro na manifestação da avenida Paulista, o presidente da Câmara dos Deputados, Artur Lira, que até então estava tranquilo, pegou o avião de Maceió de volta para Brasília para se reunir com líderes partidários. Recebeu muitos telefonemas cobrando a prometida contenção do presidente. O chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, que junto com Lira fazia o trabalho de controlar Bolsonaro, também passou a se preocupar depois da manifestação de São Paulo. Os dois estavam seguros de que o presidente não faria maluquices em seus discursos; Artur Lira garantira na véspera que Bolsonaro havia concordado em não fazer qualquer coisa que agravasse a situação. Mas agora, a ideia do impeachment aumentou sua força dentro do Congresso, pois muitos partidos já começam a pensar nisso. Não é que Lira vá abrir imediatamente um processo de impeachment, mas ele já começa a colocar no seu radar a necessidade de tomar uma providência se as coisas continuarem como estão. O centrão também começa a botar na balança se vale a pena ficar ao lado do governo. O clima político piorou muito para Bolsonaro porque ele é incontrolável, não vai voltar atrás e ninguém confia mais nos acordos que ele propõe.

  • Bolsonaro faz exatamente o que acusa o STF de fazer

    O Globo, em 08/09/2021

    O cineasta Woody Allen reproduziu em seu filme “Bananas” um episódio inusitado que aconteceu durante o congresso estudantil clandestino realizado em Ibiúna, no interior de São Paulo, em outubro de 1968, em plena ditadura militar. Eram mais de mil estudantes, que precisavam comer. A compra de centenas de pães na cidadezinha mais próxima acabou revelando o local da reunião da UNE, e todos foram presos.

  • Que a paz seja conosco

    O Globo, em 07/09/2021

    Não faltam motivos para a preocupação com o dia de hoje. Ele foi tão politizado que o '7 de Setembro' deixou de ser o festivo ato cívico de comemoração de um de nossos maiores feitos históricos para se transformar em apoio às belicosas intenções do presidente.

  • Com a pandemia, um enorme aprendizado

    O Estado do Maranhão, em 07/09/2021

    A crise da pandemia colocou os jovens com os nervos à flor da pele. Em consequência, apesar da sua forte resiliência, surgiram problemas emocionais de toda sorte, como angústia, ansiedade, agressividade e até mesmo falta de ar e crises de choro em horas inesperadas. Isso tudo foi abordado no programa “Identidade Brasil”, no Canal Futura, com a participação da psicanalista Fernanda Costa-Moura, sob a nossa direção.

  • Estamos numa situação limite

    O Globo, em 06/09/2021

    Pela movimentação que está sendo feita há tanto tempo e pelo engajamento do presidente, os atos de amanhã serão grandiosos. Embora esteja caindo em popularidade, Bolsonaro mantém ainda um núcleo de apoiadores muito importante, cerca de 20%, 25%, e com esse tamanho tem lugar garantido no segundo turno da eleição presidencial. Importante é saber se esses números se manterão. Durante a campanha, ele pode desidratar mais ainda, mas, no momento, tem muita gente que segue seus pensamentos e acredita nele. Minha dúvida e meu temor são quanto à violência e às arruaças e isso tem sobretudo um ponto principal, que é a retórica do presidente Bolsonaro. Receio que, diante de uma multidão, ele não se controle e incite o povo contra o Estado de Direito e as instituições democráticas, o que poderá ter consequências. Estamos numa situação limite Depois das manifestações, teremos uma visão clara do que pode acontecer no país. O governo jogou tanta força da sua capacidade de mobilização nelas, que pode haver uma realidade contrária. Estão esperando muita gente - Bolsonaro chegou a falar em dois milhões de pessoas nas ruas – e pode ser que seja decepcionante. Então, a situação de Bolsonaro começará a ficar insustentável.

  • Mourão, terceira via?

    O Globo, em 05/09/2021

    O presidente Bolsonaro acrescentou nos últimos dias mais uma preocupação às suas desditas. Além do receio de que um dos seus filhos, ou alguns deles, sejam presos em decorrência dos inquéritos abertos no Supremo Tribunal Federal (STF) devido aos desvios de dinheiro público (peculato) com as “rachadinhas” dos salários de servidores nos seus gabinetes parlamentares, ele teme que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) o torne inelegível para a eleição do ano que vem.

  • Quem quer feijão

    O Globo, em 05/09/2021

    Se discursos de Goebbels e Mussolini são o que serve, o presidente deve estar se armando para combater a democracia

    No primeiro ano do atual governo, Roberto Alvim era secretário de Cultura num ministério estranho, não me recordo se o de Cidadania, Turismo ou o Não-tem-outro-fica-aí-mesmo. Homem de teatro, Alvim teve então que fazer um discurso solitário e bem ensaiado, não sei mais para que evento. Resumindo, Roberto Alvim teve a infeliz ideia de repetir um discurso do nazista Joseph Goebbels, compadre e amigo pessoal de Adolf Hitler, além de responsável pela Propaganda no governo deste. Alvim também mandou passar, no fundo do que dizia, um trecho de Wagner, acordes que Hitler (e o próprio Goebbels) mandava tocar nos encontros políticos do Partido Nazista.

  • É preciso um basta em Bolsonaro

    O Globo, em 03/09/2021

    As afirmações do presidente da República hoje mostram que, mais uma vez, ele está querendo confusão, o que é um perigo. É preciso dar um basta nisso, ou pelo TSE, STF ou Congresso. Não se pode ter um presidente que ataca os outros poderes o tempo todo. Fico imaginando o que ele não falará nas manifestações em Brasília e São Paulo, dia sete de setembro, diante de uma multidão pedindo cassação de ministros do STF e até o fechamento do próprio STF. Ele não pode manipular o povo contra as instituições democráticas. 

  • A política na economia

    O Globo, em 02/09/2021

    O pagamento de precatórios por parte do governo federal está virando uma questão política que só poderá ser resolvida pelo Congresso. A intenção de encontrar uma solução que fosse avalizada pelo Judiciário, por meio do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), para evitar que a confusão avançasse no sentido de tirar os precatórios do limite do teto de gastos, parecia boa, mas não é constitucional.

  • Vetos de Bolsonaro foram em benefício próprio

    O Globo, em 02/09/2021

    Bolsonaro vetou, em benefício próprio, alguns trechos do projeto que trata de crimes contra o Estado Democrático de Direito e que revoga a Lei de Segurança, como o impulsionamento de fake news e o aumento da pena quando o crime for cometido por militares. Bom lembrar que ele sofre um processo no STF e outro no TSE sobre fake news - este pode até cassar o seu mandato. Se tiver uma lei fixando o assunto como crime, piora a situação para ele.  O argumento para o veto à pena dobrada dos militares envolvidos em manifestações contra a democracia foi de que a medida seria contra manifestações de conservadores. Ora, militar tem que ter punição em dobro, porque é armado pelo Estado e não pode usar essa arma para atacar o sistema que a sociedade escolheu, a democracia. Só tem sentido barrar porque Bolsonaro alimenta esses grupos, principalmente militares, para apoiá-lo nas manifestações, como a de sete de setembro.