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Artigos

 
  • Disse me disse

    O Globo, em 19/09/2021

    Psiquiatras, que vivem de escarafunchar a mente humana, e jornalistas, que vivemos de escarafunchar a realidade, têm tido material de sobra nesses tempos estranhos que vivemos, onde a realidade quase nunca corresponde ao que os protagonistas dos acontecimentos falam ou prometem. O exemplo mais imediato é o do ex-presidente Michel Temer, que foi da glória ao fracasso em questão de dias, tudo por conta do que os gregos chamavam de húbris, conceito que define atitudes excessivas de confiança, que são punidas pelos deuses.

  • Um Bom Debate

    O Estado Maranhão, em 19/09/2021

    A Fundação Ulysses Guimarães, do MDB, promoveu um Seminário, não fulanizado, como dizia Marco Maciel, da maior importância para discutir a crise brasileira, suas raízes históricas e soluções futuras. Foi muito útil, e a presidência do Nelson Jobim, um dos mais preparados homens públicos do Brasil, deu o tom ao debate. Duas constatações foram unânimes: que vivemos sempre em crise e que estas sempre encontraram uma solução pacífica, característica do país.

  • O Mal, Schmitt e a nossa circunstância

    O Estado de S. Paulo, em 19/09/2021

    Pe. Antônio Vieira, refletindo sobre o bem e o mal, diz que da sua interação todos padecem: 'Os males porque se temem, os bens porque se esperam; para afligir, o mal basta ser possível e para molestar-se, o bem basta ser duvidoso'. Também pontua: 'O bem conhece-se na privação; o mal, na experiência'. A intensidade da privação do bem e a ampliação da experiência do mal são uma das notas sombrias do mundo contemporâneo. Auschwitz é um paradigma da presença do mal na história humana. O mal é um grande e inquietante tema da teologia e da filosofia que Denis Rosenfield enfrentou com coragem e envergadura no seu recém-publicado Jerusalém, Atenas e Auschwitz, pensar a existência do mal.

  • Direita selvagem

    O Globo, em 19/09/2021

    O bolsonarismo existe independente do presidente Bolsonaro. Um dia, como todo ser humano, o presidente se acaba; mas a tropa que ele formar, não

    Agora, as vítimas da hora são os adolescentes. Em alguns países, já estão imunizando crianças de 2, 3 anos. Mas, no Brasil, o presidente telefonou para o ministro da Saúde e perguntou que negócio é esse de vacinar menores de idade. O ministro comunicou imediatamente à nação a decisão do chefe. O povo, sobretudo quem tem filhos, ficou perplexo, sem saber o que fazer. Estava indo tão bem!

  • Os Vivos

    Tribuna Online, em 19/09/2021

    “O homem deve ser destruído de novo” – a frase do grande Goethe nos deixa perplexos. Ou “a funda dos homens”- para o Poeta francês Michaux.

    Nem uma coisa, nem outra. Porque já não bastam as coisas que oprimem o homem, sejam as forças econômicas na recessão ou sob o império do capital, sejam as forças da natureza na peste, nos terremotos, tempestades, ou desastres.

  • Com a Pandemia, um enorme aprendizado

    Especial, Rotativas, em 18/09/2021

    Em todo o mundo, 2020 já se configurou como um ano de desafios sem precedentes. Não queremos mais crianças tristes ou agressivas, tampouco essa injusta desigualdade digital. Cabe aos gestores públicos, junto da sociedade, construir medidas adequadas para enfrentar esses problemas. É hora da mudança.

  • Mercosut: um projeto conjunto que permanece valioso

    O Estado de S. Paulo / Internacional, em 18/09/2021

    A localização geográfica é faceta importante da política externa. O mundo é composto de regiões, e o sistema internacional global as impacta de distintas maneiras. O entorno geográfico é sempre relevante. É a primeira circunstância da ação diplomática.

     

  • A Era do Desmonte

    O Globo, em 16/09/2021

    Vai de vento em popa a Era do Desmonte, como pode ser conhecida esta etapa da vida nacional em que se materializou a tese do ex-senador Romero Jucá de que era preciso “estancar a sangria” num grande acordo “com o Supremo, com tudo” para deter a atuação da Operação Lava-Jato, que levou à cadeia pela primeira vez na nossa História figurões da política e do mundo empresarial.

    Desde que o Supremo Tribunal Federal (STF) anulou os julgamentos do ex-presidente Lula, sob a alegação de que o então ministro Sergio Moro foi parcial contra ele, vão caindo por terra todas as condenações contra os envolvidos no escândalo de corrupção conhecido por “petrolão”, especialmente as de Lula.

  • Brasil de volta ao passado

    O Globo, em 16/09/2021

    Não é que o desmonte da política anticorrupção seja um negócio combinado, o problema é o espírito da coisa: espírito de defesa própria, para se proteger de investigações, a tentativa de desmoralizar Sergio Moro e os procuradores da Lava-Jato, para não deixar pedra sobre pedra, e  nenhuma dúvida na cabeça dos cidadãos. Estamos repetindo tudo o que aconteceu antigamente. A operação Satiagraha, por exemplo, foi assim: pegaram todos, a investigação foi anulada por causa de erros técnicos, interpretações equivocadas e agora vemos Naji Nahas jantando com amigos, com Michel Temer e outros. No Brasil é assim, daqui a alguns anos vamos ver Leo Pinheiro, Marcelo Odebrecht, e todos os empreiteiros comemorando por aí, e quem sabe até com dinheiro de volta. Porque se não houve nada, o que se faz com os cinco bilhões de reais devolvidos¿ É como as fotografias da era stalinista. Vão apagar tudo o que aconteceu. Não houve petrolão, não houve dinheiro, não houve desvio, não houve nada e pronto. Políticos envolvidos com corrupção, que são réus em diversas ações, apresentam projetos para amenizar punições e tentam criar barreiras para impedir Sergio Moro de se candidatar. É o medo de que ele ganhe a presidência e volte tudo como estava antes.

  • Juristas dão peso às acusações da CPI

    O Globo, em 15/09/2021

    O parecer da comissão de juristas, coordenada por Miguel Reale Jr, que aponta delitos cometidos pelo presidente Bolsonaro nas questões levantadas pela CPI da COVID dá um peso muito grande às acusações. Soa como política um senador afirmar que Bolsonaro cometeu genocídio ou fez charlatanismo, mas a comissão de juristas dá base legal a essas acusações e torna importante o documento de 200 páginas. Acredito que o relatório final da CPI , que aparentemente será pesado contra o presidente da República, não terá a consequência devida porque o presidente da Câmara, Arthur Lira, controla diretamente os pedidos de impeachment, como também controlou Rodrigo Maia.

  • Nem golpe, nem impeachment

    O Globo, em 14/09/2021

    Não vai ter golpe, nem impeachment. E talvez nem candidato único como terceira via. Assim como as multidões que estiveram nas ruas no 7 de Setembro apoiando Bolsonaro não impediram que ele fosse derrotado — tanto que teve de recuar —, a falta de pessoas em número expressivo nas manifestações do fim de semana não quer dizer que ele tenha maioria, como insinuou.

    Bolsonaro teve uma máquina de organização muito afiada — parecia o PT nos áureos tempos, com o sindicalismo mobilizando as massas. Mas as próximas pesquisas de opinião provavelmente mostrarão Bolsonaro caindo para o que pode ser seu chão, cerca de 20% de apoiadores.

     

  • União das oposições seria bom para candidatura única

    O Globo, em 14/09/2021

    Partidos de oposição, desde o Partido Novo até o PT, anunciam encontro para organizar manifestações a favor do impeachment de Bolsonaro, mas acredito  que o resultado prático não deve ser uma manifestação conjunta. O impeachment não interessa muito ao PT; e nesses grupos, como o MBL, há muita gente contra Lula e Bolsonaro. É difícil evitar que surjam grupos falando mal do PT ou de outro partido ou movimento. Acho também que o ambiente político para o impeachment ficou fragilizado com o fracasso das manifestações do fim de semana, e, junto com a carta feita pelo ex-presidente Michel Temer melhorou a situação do Bolsonaro com relação ao impeachment, apesar de sua força eleitoral estar decadente. A manifestação, se for grande, terá a vantagem de unir a oposição contra Bolsonaro, embora ache que não haverá possibilidade de um impeachment transitar com rapidez suficiente para sair antes da campanha de 2022. A união das oposições seria ótimo prenúncio de candidatura única, mas não acredito que aconteça.

  • A Transição e a Constituição

    Os Divergentes, em 14/09/2021

    Na noite da agonia de Tancredo colocaram o dilema político de quem devia assumir a Presidência da República. A minha decisão de só assumir com Tancredo Neves é de todos conhecida. Alguns segmentos políticos pensavam que deveria ser o Ulysses Guimarães. Mas este, como grande homem público, encerrou a discussão tendo comigo o seguinte diálogo, tantas vezes repetido: 'Não assumo porque a Constituição determina que é o Vice-Presidente', e incisivamente me disse: 'Sarney, não queira criar caso, lutamos para chegar até aqui, você não tem o direito de nos criar agora qualquer dificuldade. A Constituição determina que é você que deve assumir a Presidência.'

  • Bolsonaro ainda tem algum fôlego

    O Globo, em 13/09/2021

    Assim como as multidões que estiveram nas ruas no sete de setembro apoiando Bolsonaro não impediram que ele fosse derrotado -  tanto que teve que recuar - a falta de pessoas em número expressivo nas manifestações de ontem não quer dizer que ele tenha maioria. Essas coisas vão evoluindo e Bolsonaro teve uma máquina de organização muito afiada – parecia o PT nos áureos tempos, com o sindicalismo mobilizando as massas. Quem está no governo tem capacidade de mobilização muito grande. As manifestações não foram um fracasso, mas também foram um sinal de que ainda não há condições políticas para o impeachment. A carta que o ex-presidente Michel Temer negociou e essa demonstração fraca de apoio ao impeachment mostram que Bolsonaro ainda tem fôlego para seguir adiante. À medida que vai chegando perto o ano eleitoral, perde força a possibilidade de haver impeachment. 

  • O filósofo da esperança

    Correio da Manhã, em 12/09/2021

    Tarcísio Padilha, filósofo e professor vitimado pela covid-19, aos 93 anos de idade, foi, indiscutivelmente, um homem culto. Demostrou isso no convívio desde 1991, na Academia Brasileira de Letras. Tive o privilégio de recepcioná-lo na Casa de Machado de Assis.

    A lembrança do pensador francês Louis Lavelle marcou o nosso primeiro encontro. Estávamos no ano de 1955 e ele defendia, no auditório do Instituto Lafayette, a cátedra de História da Filosofia da faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da então Universidade do Distrito Federal, hoje Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Foi um encontro memorável, em que o jovem candidato, então aos 27 anos de idade, ganhou a cátedra de forma brilhante. Tirou dez em todas as provas.