ABL na mídia - Nova Brasil FM - 5 canções da MPB que fizeram história em 5 filmes de Cacá Diegues
Publicada em 22/05/2023
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Conheci Jean-Luc Godard em Paris, quando o Cinema Novo começou a ser conhecido por lá e eu estava me escondendo da ditadura militar com Nara Leão, então minha esposa. Sem chamar a atenção de ninguém, ele me perguntava sempre que revolução desejávamos fazer com o cinema no Brasil. Bem informado, Godard sabia do que se passava no Brasil, tinha certeza de que o cinema não era a única coisa de que o país estava necessitado. E lembrava a população brasileira morta de fome.
Acho que, ao contrário do que a gente pensa e diz, tudo no Brasil acontece numa velocidade que, para o bem ou para o mal, não tem semelhança no resto do mundo. Ninguém sabia direito quem era Jair Bolsonaro e ele foi eleito presidente do país. O que quase acontecia de novo agora, quando tentou se reeleger e foi derrotado por Lula que, por sua vez, poucos meses antes se encontrava na prisão para onde fora enviado pela Lava-Jato, que havíamos elogiado tanto durante sua curta existência.
Eu devia ter uns 13 para 14 anos de idade e tinha amigos que frequentavam o cinema brasileiro. Alguns, como eu, faziam isso quase que secretamente, para que não soubessem dessa fraqueza. Tinha vergonha do que se contava na tela, considerava tudo aquilo uma falta do que filmar, como havia eventual falta do que dizer ou fazer. Tinha vergonha dos roteiros cheios de furos, dos artistas em busca do que expressar, dos efeitos vagabundos, de tudo. Acho que foi por aí que me tornei cineasta, um cineasta brasileiro.