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Artigos

 
  • Gambiarra jurídica

    O Globo, em 26/06/2022

    O semipresidencialismo voltou à cena de maneira sutil ao ter o ex-presidente Michel Temer o defendido em uma live durante o simpósio da Fundação Calouste Gulbenkian em Lisboa sobre as perspectivas futuras das relações Brasil-Portugal na comemoração do bicentenário da Independência do Brasil. Sempre que pode, Temer faz essa defesa, como solução para as permanentes crises provocadas por nosso regime, que tinha características de hiperpresidencialismo e, no governo Bolsonaro, passou a ser  uma espécie de “parlamentarismo venal”, na definição de um dos participantes do seminário, referindo-se ao fato de que não há projetos nas alianças partidárias, apenas interesses fisiológicos.

  • Pego com a boca na botija

    O Globo, em 24/06/2022

    A interferência do presidente Bolsonaro nos órgãos de fiscalização do governo fica cada vez mais clara à medida que os fatos vão se desenrolando. É provável que esta última, no caso da prisão do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, passe em branco graças à extrema boa vontade com que o procurador-Geral da República Augusto Aras trata as questões ligadas ao presidente. Mas está evidente que Bolsonaro teve informações privilegiadas através do ministro da Justiça Anderson Torres, a quem a Polícia Federal é subordinada funcionalmente mas, vê-se agora, não a controla.

  • Todo chamuscado

    O Globo, em 23/06/2022

    A falação sem controle do presidente Bolsonaro sobre qualquer assunto acaba levando-o a situações delicadas como esta, envolvendo a prisão do ex-ministro da Educação, o pastor Milton Ribeiro, e de vários pastores acusados de golpes no Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). 

  • A sombra do golpe

    O Globo, em 21/06/2022

    A relação tensa entre o Judiciário e o Executivo, este auxiliado pelo Legislativo, e as investidas do governo contra a Petrobras, criando um clima de insegurança jurídica para os investidores e um ambiente de tensão na campanha eleitoral que coloca em risco a economia já abalada, fazem com que a tentativa de um golpe de Estado caso o vencedor da eleição presidencial de outubro não venha a ser o presidente Bolsonaro seja considerada uma possibilidade concreta por nada menos que 23% dos 325 executivos, políticos, gestores, acadêmicos e especialistas dos setores privado, público e do terceiro setor de todo o país ouvidos na primeira quinzena de junho pela Macroplan, consultoria especializada em estratégia e análises prospectivas, sob a coordenação do economista Claudio Porto.

  • Os militares na política

    O Globo, em 19/06/2022

    A crise institucional que se prenuncia com a disputa entre as Forças Armadas e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em torno das urnas eletrônicas, e do Supremo Tribunal Federal (STF) é o tema central de artigos da edição recente da Revista Insight Inteligência. O de Christian Lynch, professor de Pensamento Político Brasileiro do IESP - UERJ analisa o espectro do poder moderador no debate político republicano, disputado hoje pelos militares e judiciário. O outro, de Wallace da Silva Mello, professor da UENF, discute as influências do intervencionismo militar em nossa história: positivismo, autoritarismo e culturalismo conservador.

  • Os refugiados e a Acnur

    O Estado de S. Paulo , em 19/06/2022

    Os refugiados e o drama da precariedade da sua situação são um dos grandes temas da vida mundial. É impactante a escala numérica dos que se encontram nesta condição. Estima-se que neste ano 100 milhões de pessoas precisam de amparo, que não encontram no âmbito interno dos seus Estados.

  • O jogador

    O Estado de S. Paulo, em 19/06/2022

    Sou igual à maioria dos brasileiros. Um tolo que joga na Mega Sena. Sei, sabemos todos, que não vamos ganhar. Mas jogo, acreditando que naquele dia tudo vai virar. Assim como já virou no Brasil e deu o que está dando, um recuo como nunca se viu, logo estaremos na pré-história. Políticos iguais, assembleias legislativas medíocres (para a estadual não voto nunca mais). Penso se vale a pena votar para prefeito. Olho as ruas, sujeira, lama correndo junto ao meio-fio, produzida por construtoras, ônibus nas mãos da bandidagem. Olhem as crateras que os caminhões deixam no asfalto das ruas, o prejuízo que dão à comunidade. Quem é o prefeito atual? Olhando a cidade abandonada, tenho certeza de que não existe. Mas nada de desânimo, assim como sei que um dia ganharei a Mega Sena, teremos políticos íntegros. Devemos sonhar com utopias.

  • Sob árvores frondosas

    O Globo, em 19/06/2022

    Bem que eu queria escrever sobre outro assunto qualquer, preferia que nada disso tivesse acontecido, muito menos na Amazônia. Mas não dá. O assassinato de Bruno Pereira e Dom Phillips chocou o Brasil e o mundo, a morte deles no Vale do Javari é o único assunto que hoje interessa a todos nós. Por motivos distintos, mas sem exceção.

     

  • Os sem-noção

    O Globo, em 16/06/2022

    O sucesso subiu à cabeça dos congressistas, especialmente dos deputados federais. Sucesso do ponto de vista deles, não dos cidadãos, fique bem claro. O ápice dessa “vitória” foram os fundos eleitoral e partidário, que encheram as burras dos partidos, e o orçamento secreto, que privilegiou aliados fiéis do bolsonarismo. Há um ditado latino que diz: “Os deuses primeiro enlouquecem aqueles a quem querem destruir”.

  • Empatia seletiva

    O Globo, em 14/06/2022

    O senso de empatia do presidente Bolsonaro somente se revela quando um dos seus é atingido, como quando tomou um avião para ir ao Rio para o enterro de um paraquedista ou quando, por meio das redes sociais, lamentou a morte de Marília Mendonça, a rainha do feminejo, a música sertaneja por mulheres, ou do MC Reaça, assassinado. As mortes dos ícones da música brasileira João Gilberto ou Elza Soares não mereceram do presidente um tuíte.

  • No avesso do avesso

    O Globo, em 12/06/2022

    A participação de militares no governo Bolsonaro começou com a presunção de muitos de que eles conseguiriam controlar seus ímpetos autoritários, enquanto a escolha de Paulo Guedes para o superministério da Economia indicaria um governo liberal. A escolha de Sergio Moro, também para um Ministério da Justiça fortalecido na sua estrutura com órgãos de fiscalização como o Coaf, indicaria o combate à corrupção de maneira organizada.

  • O que vem por aí

    O Globo, em 12/06/2022

    Foi um amigo, o jornalista Zevi Ghivelder, quem me lembrou do aniversário próximo da estreia de “The jazz singer”, o primeiro filme sonoro na história do cinema, lançado em Nova York, 95 anos atrás. Um musical, como não podia deixar de ser num país que sempre cultivou a música popular como rica manifestação de seu povo, uma marca plural e maior de sua cultura. De cineastas e críticos a jornalistas especializados e espectadores regulares, quase todos os que estiveram presentes à noite de gala condenaram a experiência. Diziam que aquilo não era cinema.

  • Farol baixo

    O Globo, em 09/06/2022

    A lanterna na popa' é o título do excelente livro de memórias escrito pelo ex-ministro e embaixador Roberto Campos, editado pela Topbooks em 1994. Tem a ver justamente com a visão do passado aos olhos do presente. A metáfora, desse modo, é virtuosa. A proposta de programa divulgada nestes dias pelo PT está baseada na versão perniciosa da lanterna na popa. Tenta voltar a um passado de glórias e se esquece do futuro.

  • Como fazer

    O Globo, em 05/06/2022

    O Festival de Cannes desse ano se encerrou essa semana com a vitória de um filme sueco. Em 2019, o cinema brasileiro recebera grande destaque e prêmios com “Bacurau”, de Kleber Mendonça, e “A vida invisível”, de Karim Aïnouz. Mas há 60 anos atrás, ganharíamos a Palma de Ouro, o prêmio máximo do festival, com “O pagador de promessas”, realizado por Anselmo Duarte com produção de Oswaldo Massaini. Entre as duas datas, nossos filmes seguiram sendo exibidos em Cannes e em outros festivais internacionais, ganhando prêmios e virando sucessos pelo mundo afora. Mas nada se compara à Palma de Ouro.

  • O populismo, de novo

    O Globo, em 05/06/2022

    Mais uma vez o país está às voltas com a disputa entre populistas para a escolha do próximo presidente da República, como acontece desde a redemocratização. Antes, já tivéramos populistas históricos como Getulio Vargas, Jânio Quadros, Jango, Juscelino. De 1989 para cá, só os populistas foram eleitos: Collor, populista de direita, que disputou com outros dois populistas de esquerda, Lula e Brizola; o próprio Lula, Dilma, e depois Bolsonaro.