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Artigos

 
  • Vou votar contra

    O Globo (Rio de Janeiro), em 02/10/2005

    Faz quase dois anos escrevi aqui contra a lei que deverá proibir o comércio de armas no Brasil. Fico meio (serei moderno e vou usar essa palavra; todo mundo usa e preciso ser moderno ou perecer) sacaneado, quando me põem no bolo dos “babacas da mídia”, que só defendem direitos humanos para criminosos e trabalham pela aprovação de leis como essa do desarmamento. Nem sei que babacas são esses, eis que babacas há em toda profissão ou condição social, mas escrevi aqui contra o tal desarmamento. Precisava até de mais espaço do que o muito que já me dão, de forma que não é para poupar trabalho que reproduzo três parágrafos daquele texto. É porque iria os repetir, com outras palavras. Escrevi o que vai grifado abaixo:

  • "Verbalão" e "Mensalão"

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 02/10/2005

    Não sei quem descobriu que a crise provocada pelos escândalos "estava do outro lado da praça". A praça em questão não é a mesma na qual brilhava o finado Ronald Golias, morto na semana que passou. É a praça dos Três Poderes, mesmo. E "o outro lado" é aquele que, coincidentemente, fica ao lado do Congresso, onde está o Palácio do Planalto.

  • Tempos lamentáveis

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 01/10/2005

    Numa época em que todos lamentam alguma coisa, a polícia inglesa lamenta a morte equivocada de um brasileiro, o presidente Bush lamenta as enchentes de Nova Orleans, o PT lamenta as tramóias de seus dirigentes, nada demais que se lamente o suborno dos árbitros de futebol.

  • Da corrupção ao caos sistêmicos

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro), em 30/09/2005

    O que começou com as acusações do "mensalão", de réplica em réplica transformou-se no processo sem volta do Brasil de sempre e sua injustiça estrutural, acelerado pelo advento do partido diferente e pelas contradições que são ainda a sua paga, no processo de tomada de consciência nacional. Demo-nos conta, em rapidez sem paralelo, dos impasses profundos que acometeriam qualquer chegada ao Planalto de uma proposta de mudança em que fale o "outro país" chegado ao poder. Atingiu-o pelo arranco de um verdadeiro inconsciente coletivo, quando a Nação da marginalidade foi à fundo, como marca única de nossa cultura política, no exercício do voto para a quebra de inércia do sistema e rasgo de outro futuro possível. Poderá o PT soçobrar neste quadro, ou se exasperarem os confrontos entre a esperança em Lula e o que seja, fiel à originalidade matriz. à legenda da disciplina e da caminhada decisiva desta última trintena.

  • Perdendo a alma do Brasil

    Diário do Comércio (São Paulo), em 30/09/2005

    A proteção de bens imateriais, ou seja, aqueles que não são físicos, como prédios e esculturas, tem sido defendida há muitos anos no Brasil e atende à preocupação de entidades internacionais que têm se dedicado com afinco ao tema. A Unesco, por exemplo, através de sua " Convenção para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial ", de 17 de outubro de 2003, considera incluídas nesta categoria as "práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas que as comunidades, os grupos e, em alguns casos, os indivíduos reconhecem como parte integrante do seu patrimônio cultural".

  • Da utopia

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 30/09/2005

    É uma constante nos momentos pragmáticos que vivemos dizer que chegamos a uma época na qual todas as utopias desapareceram. Procuram vincular esse pensamento à morte das ideologias: o mundo em que vivemos não aceita mais dogmas, chegamos ao fim da história que é o desembarque no liberalismo econômico e na democracia política; os países que ainda não estão nesse caminho são desvios da marcha inexorável do progresso da humanidade.

  • As burrices do pensamento único

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 30/09/2005

    Já comentei diversas vezes as fases da sociedade em que predomina o pensamento único. Não vem ao caso repetir as distorções causadas por momentos em que todos se transformavam em Juquinhas de anedota -aquele guri safado que só pensava em sacanagem. Exemplo: o professor mostra ao Juquinha uma caixa de fósforos e pergunta: "Juquinha, isto é uma caixa de fósforos. No que você pensa quando vê uma caixa de fósforos?".

  • Inculta, bela e muito difícil

    O Globo (Rio de Janeiro), em 29/09/2005

    A culpa não pode ser atribuída somente a D. João VI. Ele foi transformado por historiadores e cineastas em figura caricata, amante de frangos gordurosos, e sobrou pouco espaço para elogiar o seu empenho cultural, a partir da chegada ao Brasil, em 1808. Biblioteca Nacional, Observatório Nacional, Museu Nacional de Belas Artes, os primeiros cursos superiores isolados - são alguns dos feitos do Príncipe Regente, além da permissão para que aqui se instalasse “A Gazeta do Rio de Janeiro”, primeiro jornal periódico do Império.

  • A saída do transe político

    O Globo (Rio de Janeiro), em 29/09/2005

    Se é verdade que a democracia, como observara atiladamente o senador Milton Campos, “começa no reino da consciência”, seu fortalecimento, contudo, pressupõe uma conduta cotidiana da qual deve brotar a seiva que a robustece e propicia o seu ininterrupto aperfeiçoamento. Isso exige tanto do conjunto dos cidadãos quanto dos que transitoriamente estão investidos da titularidade do poder o imprescindível concurso para que o nosso país venha consolidar a República, enquanto res publica , convertendo-a em sinônimo de cidadania.

  • O verbalão

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 29/09/2005

    Quando afirmo e reafirmo que nada entendo de política - nem pretendo entender -, alguns leitores pensam que é uma tentativa de charme do cronista, ou deslavada insinceridade. Nem tanto, nem tanto.

  • A lucidez inconformada de Otto Lara Resende

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro), em 28/09/2005

    Nascido a 1º de maio de 1922, em São João del Rey, em Minas Gerais, e falecido a 28 de dezembro de 1992, no Rio, Otto Lara Resende foi um dos Quatro Mineiros do Apocalipse, na companhia de Hélio Pellegrino, Paulo Mendes Campos e Fernando Sabino. Formou-se em direito, foi adido cultural das embaixadas do Brasil em Bruxelas e em Lisboa, elegeu-se para a cadeira 39 da Academia Brasileira de Letras, na qual sucedeu a Elmano Cardim, sendo sucedido por Roberto Marinho e pelo atual ocupante, o senador Marco Maciel.

  • Erro judiciário

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 28/09/2005

    Volta e meia, um parlamentar ou membro do Judiciário lembra que o Estado é separado da igreja e pede que nos hospitais e escolas públicas sejam retirados os crucifixos, símbolo de uma religião, a cristã, e seus desdobramentos confessionais, a católica sobretudo, que é tida como a da maioria dos brasileiros.

  • A palavra poética

    Tribuna da Imprensa (Rio de Janeiro), em 27/09/2005

    A poesia é, neste País, das realidades mais vivas e revolucionárias que temos. Volta e meia, poeta novo começa a fazer versos e a sacudir a mesmice do momento. Ou grandes poetas de ontem - então de sempre - rompem sua própria rotina e renovam sua linguagem. Às vezes poetas de uma geração passam desapercebidos até que, de repente, ressurgem para atingir uma nova etapa da palavra posta em verso. É o que vejo na poesia de Jurandir Bezerra, cujo livro chamado "Os limites do pássaro" é o melhor exemplo dessa permanência.

  • O cuspe e o tiro

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 27/09/2005

    Uma pergunta baila no ar, como aquele vaga-lume do soneto machadiano: diante de tanto descalabro na política nacional, não haverá clima para um golpe de Estado, promovido pelos militares ou mesmo pela sociedade civil indignada com tanta e tamanha corrupção?