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Artigos

 
  • A reação da natureza

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 14/10/2005

    Não sou dado a ver sinais misteriosos nos céus nem avisos cabalísticos. Mas é instigante a sucessão de desastres naturais que têm ocorrido nos últimos meses.

  • Memórias póstumas de um carioca assassinado

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 14/10/2005

    Evidente : é quase um plágio de título conhecido. Brás Cubas não morreu assassinado, viveu em outra época, embora no mesmo Rio. Teve delírios, pensou em inventar um emplastro que lhe desse fama e em ser ministro, o que lhe daria honras. Não deixou para ninguém o legado da miséria humana. O carioca que será personagem desta crônica era, em si mesmo, um exemplar da nossa miséria: acreditou nos outros, principalmente no governo e na opinião pública, que é mais ou menos a mesmíssima coisa.

  • A aftosa amplia nosso passivo

    Diário do Comércio (São Paulo), em 14/10/2005

    Direto ao alvo, como lhe convinha, foi o ministro Roberto Rodrigues. Taxativamente afirmou, coberto de razão: " Ou o Brasil mata a aftosa ou a aftosa mata o Brasil ".

  • Bonzos e bonzerias

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 13/10/2005

    Gosto de recorrer à ficção para comentar a realidade, sem explicá-la, é certo, mas para lembrar aquele trecho do Eclesiastes bastante citado, de que nada de novo existe sob o sol e que tudo é vaidade e aflição de espírito.

  • Cidade Chic

    Diário do Comércio (São Paulo), em 13/10/2005

    Paris, 25 de Setembro. Viajei à Paris, ou me decidi por uma viagem e escolhi Paris a conselho dos médicos, que me trataram a depressão resultante do dramático mês de dezembro do ano passado, quando minha esposa entrou em fase agônica e veio a falecer.

  • Bandeira, o rei de Pasárgada

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro), em 12/10/2005

    Faz quase 120 anos que, no dia 19 de abril de 1886, nasceu Manuel de Souza Carneiro Bandeira Filho, ou simplesmente Manuel Bandeira, aquele ''menino doente'', que se tornaria depois o ''amigo do rei'' ou, como certa vez dele disse Ribeiro Couto, o próprio ''rei de Pasárgada''. Nasceu em Recife, na Rua da Ventura, que hoje se chama Joaquim Nabuco.

  • Feijoada, vatapá é pizza

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 12/10/2005

    O temor de que a sucessão de escândalos no governo e no PT, na vida pública em geral, resulte numa pizza monumental tem precedentes ilustres e se explica pela própria natureza dos fatos -que deixam de ser instantâneos e se prolongam em desdobramentos, porões e grotões, ramificando-se de tal maneira e com tal intensidade que o núcleo perde importância e oportunidade.

  • Tudo na mesma

    Diário do Comércio (São Paulo), em 12/10/2005

    Tirei duas semanas de férias para ir espairecer em Paris e na Cote D’Azur, das quais guardo as melhores recordações. Paris estava deliciosamente linda, e, como escreveu Hemingway, uma festa para os olhos e para o paladar, para os sentimentos estéticos e sobretudo para o bom gosto. De Paris fui à Cote D’Azur, que freqüentei com minha mulher durante trinta anos, e senti a beleza do Mediterrâneo, o glorioso mar de Ulysses e de São Paulo.

  • A verdade no palco

    Tribuna da Imprensa (Rio de Janeiro), em 11/10/2005

    Vem o centenário de nascimento de Jean-Paul Sartre provocando um movimento, não só de homenagens, mas também de reavaliação de sua obra, tanto a do filósofo e ficcionista como a do teatrólogo. Da série de reedições que a editora Nova Fronteira vem apresentando, consta a de "As moscas", talvez o texto de teatro mais forte do autor.

  • Posses impossuídas

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 11/10/2005

    Tem agora uma idade respeitável, embora não se considere respeitável. Em seus tempos de glória, foi um galinha assumido. Não dava em cima de todas, pelo contrário, era tímido, mas dava outra coisa mais importante e eficaz: ficava adrede a que dessem em cima dele, o que nem sempre era freqüente, mas acontecia de vez em quando.

  • Em defesa da barba

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 10/10/2005

    Alemanha realiza encontro internacional de barbudos. Barbudos com visual exótico se reuniram em Berlim, na Alemanha, para participar do Campeonato Mundial de Barbas e Bigodes. Os pêlos faciais são bastante apreciados por alemães, tanto que o país tem a Federação Nacional dos Clubes de Barba, que reúne diversos grupos deste tipo. Em 1996, por exemplo, foi criado o Clube da Barba de Berlim, que tem como lema a frase "deixe a barba crescer". Este grupo tem 22 membros que se encontram uma vez por mês para discutir as melhores formas de cuidar de suas barbas e de organizar eventos. Folha Online, 1º de outubro de 2005. 

  • Perder para todos

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 10/10/2005

    A crise política que abalou governo e PT passou para segundo plano, e daí passará para plano algum, afogada por novas crises. Comentei ontem, por alto, a greve de fome de um bispo que é contrário à transposição das águas do São Francisco. Deveria comentar agora o plebiscito sobre a venda de armas, mas deixo o assunto para crônica mais extensa, que publicarei na Ilustrada, na próxima sexta-feira. Não percam. Do contrário, o perdido será o cronista, que poderá perder o emprego.

  • O Direito está torto

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro), em 09/10/2005

    O Brasil nasceu com uma forte atração bacharelesca. Enquanto colônia, mandava seus filhos bem dotados para a Universidade de Coimbra, onde se formavam em Direito, para depois exercer o seu mister entre nós. É o caso de José Bonifácio, figura estelar da nossa História. Vieram os cursos superiores em Olinda e no Rio de Janeiro, por inspiração de D. João VI, para depois se transformar em mania nacional.

  • O desarmamento num boteco do Leblon

    O Globo (Rio de Janeiro), em 09/10/2005

    Como é, já resolveu seu voto no plebiscito?- Já, já. Demorou, cara, foi uma discussão braba lá em casa. Muita opinião divergente, sobre se o SIM queria dizer que a gente não queria a proibição ou o contrário, você não imagina a discussão. Acabamos chegando à conclusão de que é o NÃO mesmo. Todo mundo lá vai de NÃO.

  • No caminho de Santiago

    O Globo (Rio de Janeiro), em 09/10/2005

    ESTA NUVEM TEM QUE ACABAR”. pensava eu enquanto lutava para descobrir as marcas amarelas nas pedras e nas árvores do Caminho. Fazia quase uma hora que a visibilidade era muito pequena, e eu continuava cantando, para afastar o medo, enquanto esperava que algo de extraordinário acontecesse. Cercado pela neblina, sozinho naquele ambiente irreal, comecei mais uma vez a ver o Caminho de Santiago como se fosse um filme, no momento em que a gente vê o herói fazer o que ninguém faria, enquanto na platéia a gente pensa que essas coisas só acontecem no cinema. Mas ali estava eu, vivendo esta situação na vida real. A floresta ficava cada vez mais silenciosa e o nevoeiro começou a clarear muito. Podia ser que estivesse chegando ao final, mas aquela luz confundia meus olhos e pintava tudo à minha volta com cores misteriosas e aterradoras.