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Tudo na mesma

 

Tirei duas semanas de férias para ir espairecer em Paris e na Cote D’Azur, das quais guardo as melhores recordações. Paris estava deliciosamente linda, e, como escreveu Hemingway, uma festa para os olhos e para o paladar, para os sentimentos estéticos e sobretudo para o bom gosto. De Paris fui à Cote D’Azur, que freqüentei com minha mulher durante trinta anos, e senti a beleza do Mediterrâneo, o glorioso mar de Ulysses e de São Paulo.


Ao voltar e encontrar o Brasil político ainda mergulhado na vasta e volumosa crise que quase engolfou todo o governo nas suas dimensões, vejo que houve relativo progresso nas CPIs e o que eu já sabia antes é o que sei depois de viajar.


É penoso convencer-se de que o nosso país não dispõe de uma estrutura política que tenha a dignidade nos fundamentos morais da democracia. Uma política medíocre, uma política sem princípios, uma política fisiológica, uma política de mentiras, uma política de negações a compromissos éticos, em suma, uma política que não corresponde ao que dela aspiram as novas gerações e que dela esperaram tantos anos as gerações que vão passando o bastão aos seus sucessores. Confesso que sou um desanimado, embora reaja em nome dos interesses superiores de minha pátria.


Tomo conhecimento de um assunto que já vinha de longe, a reforma política, da qual tanto se fala sem que se queira executá-la, sobretudo por não terem uma direção certa a seguir os homens públicos que se dizem responsáveis por esta obra necessária. Enfim, o que eu encontro depois de poucos dias de ausência é o mesmo Brasil dos últimos meses, que freqüenta os meios de comunicação do mundo, tal a importância de nosso país entre os países de nações emergentes.


É com este espírito que retorno as minhas funções nesta tribuna valente e, como sabem todos aqueles que lêem este órgão, já muito influente.




Diário do Comércio (São Paulo) 12/10/2005

Diário do Comércio (São Paulo), 12/10/2005