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Artigos

 
  • O Haiti que nos espere

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro), em 18/02/2005

    O coloquial, tão próprio da identidade latina, encontra na matriz haitiana um adensamento inesperado. Nasceu o país de um levante escravo, num quadro de ruptura sem memória ou invocação do passado. E todo prospectivo, por aí mesmo, num grau de simultaneidade agressivíssima com o padrão da época, tanto a guerra de independência de Toussaint L"Ouverture ou de Christophe os projetou no maior fastígio da era napoleônica.As identidades se fazem de logo a partir dessa quase intoxicação com a conquista do poder e o direito a ombrear-se com o imperador, em Paris, de irmão a irmão, nas cartas, cujo intimismo leva ao espanto e à rejeição do corso. É toda a toalete, o garbo, as insígnias e cocardas e, sobretudo, o chapéu da grand armée que imanta de logo o imaginário dos homens de Cap Haitien, de Gonaives e de Port au Prince. Muito, subseqüentemente, da irritação de Napoleão com Toussaint nasceria da insolência dessa primeira assimilação.

  • Líbano, jacaré e zebu

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro), em 18/02/2005

    A solução do assassinato e do terror está se impondo como caminho para resolver problemas políticos. É um atraso na história da humanidade. O homem primitivo não conhecia outra fórmula senão a violência: o uso do tacape. Hobbes, aquele que refletiu sobre a lei natural, diz que o Estado existe por causa do medo da morte violenta.

  • Mudança de cenário

    Diário do Comércio (São Paulo), em 18/02/2005

    Nem é uma derrota como outras, em diversas circunstâncias, já esquecidas. A derrota do PT, para a qual o presidente do partido, José Genoino, procura um bode expiatório, tem o significado de que a estrela de Lula começa a empalidecer.

  • Obras-primas

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 17/02/2005

    A editora Record e a escritora Heloísa Seixas realizaram um dos meus sonhos: ver em livro alguns dos trabalhos publicados na revista "Manchete", durante cinco anos, de 1972 a 1977, sob o título, instigante é certo, mas errado, "As obras-primas que poucos leram".

  • Presidente que se arma

    Diário do Comércio (São Paulo), em 17/02/2005

    Não faz um mês - ou faz um pouco mais - que o presidente da Venezuela, presente há muito nas colunas da mídia nacional, nas ondas de rádio e na tela da tevê, está com nosso Luís Inácio Lula da Silva, que, agora, com o Air Lula, pode percorrer milhares de quilômetros com grande conforto e um aparelho novíssimo. Uma das visitas da semana passada foi ao presidente Chávez, com o qual, segundo a mídia, tratou de negócios.

  • Educação linguística às avessas

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro), em 16/02/2005

    Não sei se o prezado leitor acompanhou recente noticiário televisivo pelo qual se anunciava que autoridades de ensino de determinada região dos Estados Unidos, tendo chegado à conclusão de que a deficiência escolar patente nos alunos negros se devia à sua insuficiência de conhecimento do inglês standard - tanto na gramática quanto no léxico -, resolveram ensinar e admitir nas escolas a modalidade de inglês que acredito seja o que lá se conhece, entre especialistas, por black english vernacular. Digo acredito, porque essas notícias culturais passam diante do telespectador como gato por brasas; dá-se preferência a assuntos gerais da política, dos esportes e da vida em sociedade, principalmente fofocas e escândalos do grand monde. Mas o noticiário registrou também o repúdio das pessoas entrevistadas sobre o que pensavam da medida; e a reação maior, com muita justiça, partiu dos pretos, alegando que eram pessoas normais, que queriam aprender o inglês padrão e que tinham os dotes intelectuais e culturais para consegui-lo, do que, aliás, dão prova vários segmentos da sociedade norte-americana, em todos os ramos das artes, das ciências e dos esportes.

  • Lula, o sucesso em anticlímax

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 16/02/2005

    Chegamos a meio caminho do mandato de Lula com o sucesso que quase troca os sinais de apoio ante a expectativa original do governo: as classes mais ricas aplaudem, mais até do que o eleitorado fidelíssimo que o levou ao Planalto. O resultado da dupla Palocci-Meirelles conquistou os novos apoios, que passam a ver no petismo em palácio a continuidade do tucanato. Mas os fiéis de todo o sempre confiam na guinada, acreditando que o segundo tempo será o do despontar de uma social-democracia, para além das restritas receitas cobradas pela dinâmica da globalização. Foram-se os primeiros radicais sem em nada despovoar o pombal petista, mas nas antecâmaras imediatas começaram os distanciamentos. Sinalizaram, mais que a ruptura, o aguardar do começo da diferença, a sair das areias movediças do que está aí.

  • Vamos e venhamos

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 16/02/2005

    Nunca houve eleição para a presidência da Câmara dos Deputados igual a essa. Nunca se viu tanta convulsão, tantas reuniões, cafés da manhã, pressões e fusões, alianças e traições. Guardadas as proporções, nem mesmo uma emocionante sucessão presidencial provoca tamanho vendaval (recuso-me a falar em tsunami, que está em moda). O que tudo isso significa? Para onde leva?

  • Ainda as crises

    Diário do Comércio (São Paulo), em 16/02/2005

    Faz poucos dias, comentei nesta coluna as crises que nos atazanam, destacando a mais grave, a da família, que se desfaz. Citei, como exemplo, a morte de algumas famílias, com o crime de eliminação da mãe e do pai, pelos filhos ou filho e comparsas. Tem também, o caso de Campinas, em que uma família morreu, com exceção de uma filha, a mais nova, depois de ter comido um bolo, que continha arsênico em dose mortal. Para todos os efeitos, a filha mais nova, que só provou do bolo, seria a criminosa.

  • Uma tragédia brasileira

    Tribuna da Imprensa (Rio de Janeiro), em 15/02/2005

    Reportagem, romance, poema, com páginas que misturam homens, objetos, animais, impulsos, máquinas, crueldades, loucuras, sexo desabrido, num completo rompimento de qualquer normalidade que possa dar segurança ao simples existir no dia-a-dia. - esta é talvez a única maneira de se resumir este livro de Márcio Souza sobre a construção da estrada de ferro Madeira-Mamoré.

  • Bombas & Bombas

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 15/02/2005

    Só ficou espantado quem quis. A Coréia do Norte comunicou ao mundo, na semana passada, que já tem a sua bomba nuclear, fato mais ou menos previsto inclusive, e principalmente, pelos Estados Unidos. Mesmo assim, malharam o seu presidente, que fez o anúncio "em hora inoportuna" -segundo os especialistas em política internacional. E, por extensão, malharam o regime daquele país e o próprio país.

  • A Coréia do Norte tem a bomba

    Diário do Comércio (São Paulo), em 15/02/2005

    Quando Einstein anunciou ao presidente dos Estados Unidos, Franklin Roosevelt, que poderia ser fabricada a bomba atômica, já tinha conhecimento o sábio que outras bombas atômicas poderiam ser fabricadas no futuro. Previamente, outros países anunciaram em pouco tempo que possuíam ou possuiriam a bomba atômica. Foram empreendidos esforços para impedir a proliferação, mas a assinatura de tratados não vale nada, e a bomba ficou armazenada em arsenais, para uso eventual.

  • O respeito à Constituição

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro), em 14/02/2005

    Estamos em plena discussão a respeito da reforma universitária, o que é democraticamente saudável. Há quem manifeste estranheza diante da proposta do MEC, apresentada pelo ministro Tarso Genro, no dia 6 de dezembro de 2004. Talvez ela não fosse necessária, bastando os instrumentos legais hoje existentes, especialmente a Constituição e a LDB/96.A simples verificação de que houve quatro decretos e 15 portarias, no ano de 2004, oriundos do MEC, praticamente responde à dúvida: com esse rondó pedagógico o melhor talvez seja consolidar tudo numa nova lei, mas elaborada com os cuidados devidos. Por exemplo: respeitar a Constituição é a primeira e mais louvável das preocupações.

  • Alguma coisa no ar

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 14/02/2005

    A nova Lei de Falências, sancionada na semana passada, me parece tão incompreensível quanto a Pedra da Roseta antes de Champollion - e, mesmo depois dele, continua sendo um mistério para mim. Apesar disso, louvo a atuação do vice José Alencar, favorável a uma saída para a crise que sufoca as companhias aéreas.

  • Sobre a mudança de valores

    O Globo (Rio de Janeiro), em 13/02/2005

    LAO TZU DIZ QUE, NO DECORRER DE nossas vidas, devemos nos desligar da idéia de dias e horas para prestar cada vez mais atenção ao minuto. Assim fazendo, conseguimos evitar a maior parte dos problemas que estão em nosso caminho.