Faz poucos dias, comentei nesta coluna as crises que nos atazanam, destacando a mais grave, a da família, que se desfaz. Citei, como exemplo, a morte de algumas famílias, com o crime de eliminação da mãe e do pai, pelos filhos ou filho e comparsas. Tem também, o caso de Campinas, em que uma família morreu, com exceção de uma filha, a mais nova, depois de ter comido um bolo, que continha arsênico em dose mortal. Para todos os efeitos, a filha mais nova, que só provou do bolo, seria a criminosa.
Passados alguns dias, recebo notícias de Campinas, com informação de que a polícia, tinha outras pistas, que inocentariam a jovem, supostamente a criminosa, capturando um assassino que preparou o bolo para extinguir de uma vez com a família do médico homeopata, muito conhecido em Campinas, mas, também, muito conhecido como verdugo dos filhos. Seria, portanto, ou um assassinato premeditado por um estranho ou um crime de família, como vingança do pai autoritário.
Isto vem a calhar, para confirmar a crise da família. Na realidade, os filhos já não obedecem os pais. Saem a qualquer hora de casa, sobretudo à noite, para os encontros com os namorados, antigamente amantes, e com outras companhias, nos bares noturnos dos bairros chics. É a crise da família da qual escrevi o editorial, pois vejo nessa célula principal da paz social a ameaça maior das crises que nos perseguem nos últimos anos, agravando-se a cada dia que passa, como estamos presenciando .
É esse um fato que deve preocupar todos os chefes de família e suas esposas, com as quais partilham a chefia do casal. Mas é, também, um problema das autoridades religiosas e dos clérigos que exercem seu ministério com fins de paz no meio social em que vivem. Se os clérigos não dispõem de meios para exercer sua missão, e o Brasil é a terra de missão, como afirmou o cardeal Hummes, a crise familiar e outras crises aumentam. E esse o problema importante de ser tomado a sério, em nossos dias.
Diário do Comércio (São Paulo) 16/02/2005