Nem é uma derrota como outras, em diversas circunstâncias, já esquecidas. A derrota do PT, para a qual o presidente do partido, José Genoino, procura um bode expiatório, tem o significado de que a estrela de Lula começa a empalidecer.
Essa mudança da cor do astro obrigará reflexão, e ao hábito de Lula de viajar como líder mundial, não é simplesmente uma derrota que será esquecida em pouco tempo, a do PT na Câmara dos Deputados.
A política, dizem os mineiros, que a conhecem bem e sabem como manobrá-la, muda como as nuvens. Está aí, na derrota do candidato do PT por um desconhecido da maioria da opinião publica, a Câmara dos Deputados, onde se faz a política das combinações e das traições - e da solidariedade em número muito menor. O presidente Lula estava nas alturas, rigorosamente falando, no seu brinde do ano novo, o AirLula da Airbus, e não deu à eleição na Câmara a atenção necessária. O resultado é que perdeu.
Quem conhece política, como os mineiros, sabe que um presidente não pode perder posições como a de chefe do presidente da Câmara dos Deputados, a que reúne figuras diversas que influem na condução dos acontecimentos políticos e podem decidir de uma candidatura e, mesmo, do destino de um político, como Lula, por exemplo, cuja estrela, repetimos, está empalidecendo, antes da reeleição desejada do próximo ano. O presidente Lula não cogitou desse e de outros aspectos da eleição da Câmara.
O presidente vai cuidar de reunir os pedaços da derrota e tentar reconstruí-los, a fim de garantir a sua reeleição com a facilidade com que Fernando Henrique conseguiu, com grande habilidade, ou sem andar nas nuvens no momento preciso, ao qual Lula não deu importância, nem satisfação que ela reclamava, até com insistência. Lula preferiu encontrar-se com Chávez e cometer outro erro, este gravíssimo, também, o que pretende aumentar os impostos e fazer tombar sobre os ombros do povo a sobrecarga dos mais altos impostos do mundo, contra o viso e a advertência dos economistas. Está aí o resultado. Vamos ver como Lula se sai dessa derrota.
Diário do Comércio (São Paulo) 18/02/2005