Não faz um mês - ou faz um pouco mais - que o presidente da Venezuela, presente há muito nas colunas da mídia nacional, nas ondas de rádio e na tela da tevê, está com nosso Luís Inácio Lula da Silva, que, agora, com o Air Lula, pode percorrer milhares de quilômetros com grande conforto e um aparelho novíssimo. Uma das visitas da semana passada foi ao presidente Chávez, com o qual, segundo a mídia, tratou de negócios.
Negócio de que trataram não foi de paz, mas de guerra. O presidente Lula teria acertado com o presidente Chávez a venda à Venezuela de 100 aparelhos da Embraer para uso em guerra. Como não temos guerra em vista, a menos que se considere guerra a atitude recentemente assumida pelo presidente da Colômbia contra seu vizinho, não sabemos porque a Venezuela compra aviões de guerra da Embraer se nem mesmo o Brasil os prefere aos de outras marcas.
Faz pouco tempo o presidente Chávez comprou cinqüenta MIG-29, o famoso avião da extinta União Soviética, e hoje da Rússia. Foi, sempre, o avião de combate que na guerra fria os americanos teriam de enfrentar, se passassem à guerra quente, o que felizmente não ocorreu. Mas, de qualquer maneira, os arsenais da Venezuela possuem ou vão possuir, quando entregues, os mais modernos aviões de caça do mundo, aviões que competem com os americanos, com o francês Dassault, com os escandinavos e de outras procedências.
Por que isso tudo? Se, como insiste o nissei americano, a história terá fim - ele está sozinho nessa convicção -, os instrumentos de guerra serão em pouco obsoletos, e não adianta comprá-los. Mas, como é mais provável que as guerras continuem com a história viva, é melhor, pensam os presidentes e ditadores, se preparar para uma eventualidade, sobretudo quando uma nação ou meia nação anuncia que, possui a bomba atômica (ou bombas atômicas), sendo, portanto, uma ameaça à paz de que deseja gozar a humanidade. O melhor seria não haver armamentos.
Diário do Comércio (São Paulo) 17/02/2005