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Artigos

 
  • Anedota incorreta

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 12/03/2005

    Politicamente incorreto, farei três coisas condenáveis pelos manuais de redações vigentes no país. Primeiro, contarei uma anedota que não é original e, mesmo que estivesse em primeira audição, neste nobre espaço não devia ser contada. Além disso, ridicularizarei um cidadão de outra nacionalidade, ainda por cima um cidadão lusitano, nosso irmão de sangue e língua.

  • O grande sinal dos tempos

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 11/03/2005

    Está previsto nos livros e proclamado pelos profetas de todos os tempos e feitios: o mar subirá e tragará, com suas ondas, as cidades dos homens. A terra se transformará numa bola de fogo, arderá em 50 C e derreterá os gelos polares que engrossarão os oceanos e inundarão as casas, os jardins, as garagens e o metrô. Quem o diz não é o nordestino barbado e magro, saído de um filme de Glauber Rocha, gritando aos ventos que o sertão virará mar e o mar virará sertão. Tampouco os santos que de norte a sul percorrem o chão da pátria, bordão colorido à mão, sino preso nas canelas magras, anunciando a todos, irmãos e irmãs, que os tempos são chegados, as profecias, cumpridas e que o fim do mundo está próximo.

  • Velho sindicalismo

    Diário do Comércio (São Paulo), em 11/03/2005

    Na Constituição de 1946 foi incluído um dispositivo deixando para a legislação ordinária a elaboração de uma lei orgânica do sindicalismo. Os sindicatos estavam sob o domínio permanente do governo, isto é, de Vargas.

  • Condoleeza e a democracia hegemônica

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro), em 11/03/2005

    O sucesso da primeira ida de Condoleeza Rice à Europa representa a perspectiva de a atual Secretária de Estado utilizar em profundidade todos os protocolos de uma nova abordagem ao impasse europeu frente à esmagadora reeleição do presidente americano. Não se discutirá o peso de 59 milhões de votos que credenciaram de vez o segundo termo republicano, com a marca próxima de um plebiscito na reiteração da política internacional da cruzada antiterrorista e da guerra preemptiva. Por certo que o governo Bush procurou na chegada à eleição definir uma frente interna de mudança, e o fez na forma mais candente de permitir a privatização dos seguros previdenciários, inclusive com a viabilidade de trazer esta poupança vital aos jogos da bolsa. Reage o país agora num primeiro impacto a esta dimensão múltipla e onívora do mercado, que fica como o esteio do republicanismo na vida econômica do país.

  • As espatódeas em flor

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 11/03/2005

    15 de março de 1985 foi uma sexta-feira. Hoje, essa sexta-feira cai em 11 de março. Naquele ano, nesta data, ninguém ainda sabia nem poderia prever o que iria acontecer nos dias seguintes, talvez os mais tensos e mais dramáticos da história do Brasil.

  • É hora das reformas políticas

    O Globo (Rio de Janeiro), em 10/03/2005

    No momento em que o Congresso Nacional retoma os trabalhos legislativos, considero ser necessário estabelecer como prioridade o debate da questão institucional brasileira, que passa necessariamente por vertebrar uma autêntica federação. Malgrado o Estado brasileiro ser, como é notório, uma República Federativa, ainda sofre de grande centralismo em torno da União e elevado grau de competitividade entre estados, Distrito Federal e municípios.

  • Anúncios e reclames

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 10/03/2005

    No tempo dos bondes, além da paisagem, que corria lenta e paralela pelo lado de fora, havia os anúncios, que eram chamados de reclames, espalhados pelas cantoneiras laterais do veículo. Pelo menos um deles tornou-se famoso, com a quadrinha atribuída por uns a Olavo Bilac, por outros a Bastos Tigre: "Veja, ilustre passageiro, o belo tipo faceiro etc. etc.".

  • A dívida da Varig

    Diário do Comércio (São Paulo), em 10/03/2005

    Faz poucos dias, o presidente Lula teve a oportunidade de exclamar "salvem a Varig". Também deveríamos exclamar "salvem a Vasp", e, em futuro próximo, salvem outras empresas, devendo à tangente da falência.

  • O paraíso perdido de Euclides

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro), em 09/03/2005

    Diga-se logo: o paraíso perdido é a Amazônia. Apesar de Alberto Rangel haver chamado a região de Inferno Verde, bastou que lá fosse Euclides da Cunha para descobrirmos que se tratava de um paraíso, embora perdido. Já há dúvidas hoje sobre qual haja sido maior: o Euclides da Cunha do Nordeste ou o Euclides da Amazônia. Não que seja necessária uma opção no caso. Mas é que a evidente importância do lado nordestino da obra euclidiana ofuscou por algum tempo as novidades de seus estudos amazônicos.

  • Mártires da consciência ecológica

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro), em 09/03/2005

    Dorothy Stang e o Cabo Dionísio Julio Silveira morreram na mira não de quem apertou o gatilho mas de um medo novo do país arcaico, frente à nossa nova, desarmada, inevitável consciência comunitária. O que desaparece cada vez mais é a velha noção da impunidade que derruba o Brasil arcaico. Leonardo, de 21 anos, paramentou-se para a execução do Cabo Júlio, roupa de camuflagem, a espingarda de seis tiros, em dois disparos a três metros da vítima. Requinte da exatidão, como do ato seguinte, de tirar o uniforme assassino e ir para a praça, no horror assumido, de livrar-se de um estorvo ao seu direito de caçar, e fazendo jus à liderança que buscava no seio do grupo. Rayban, na Amazônia, esparrama-se na assentada monstruosa, cinco balas após o estraçalhamento da cabeça de Dorothy, com a sua 38. Mortes avisadas, na proposição de um novo rito macabro, para valer. Difícil de se acreditar na ameaça, de saída, como se estivéssemos no campo das vendetas, ou do abate de desafetos, no crime de interesse pessoal que pára no algoz, e não pergunta do mando. Ou da motivação maior, ou da percepção difusa do que seja a ameaça que ferreteia o futuro assassino. Dorothy e o Cabo Julio abriram mão da segurança oferecida, por não acreditarem que o tiro se seguisse ao telefonema, a desoras.

  • Leituras e improvisos

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 09/03/2005

    Se não bastassem as dúvidas que temos, sobretudo em tempos incertos como os de agora, dias desses encarei uma questão que nem sabia que era questão, nunca pensara nela e não podia acreditar que houvesse alguém neste mundo de Deus que se preocupasse com isso.

  • A derrota de São Paulo

    Diário do Comércio (São Paulo), em 09/03/2005

    Se Ibrahim Nobre fosse vivo, provavelmente escreveria outra página, como " Minha terra, minha pobre terra ", mas por outro motivo que o de 1932; pelo colapso da Vasp.

  • A volta de Cavalcanti

    Tribuna da Imprensa (Rio de Janeiro), em 08/03/2005

    Até que enfim aparece entre nós um livro que faz justiça ao brasileiro Alberto Cavalcanti. Tendo sido, como foi, um dos responsáveis pela criação da linguagem cinematográfica no mundo, raras vezes citamos, no Brasil, seu nome como tendo influído poderosamente naquela que antigamente chamávamos de "sétima arte".

  • Citymanager

    Diário do Comércio (São Paulo), em 08/03/2005

    Espírito prático dos americanos levou-os a tomar, na fase ascensional de sua atividade urbana e a rural na proporção de suas possibilidades, uma medida da maior importância para o seu desenvolvimento: os americanos simplesmente erigiram cidades pequenas como capitais e criaram na administração pública, para que ela fosse eficiente, o city manager , ou, em português, o gerente da cidade.

  • Velhas e queridas

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 08/03/2005

    Outro dia, em Belo Horizonte, quiseram tirar uma foto minha no escritório de famoso escritor das Gerais. Sentaram-me na poltrona em frente à sua mesa de trabalho, num escritório bacana, com paredes revestidas de nobre madeira, tapetes orientais, lustres murano e uma velha máquina de escrever que servira para desovar pelo menos duas obras-primas de nossa literatura.