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Artigos

 
  • O dragão, a fera da rua larga

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro), em 28/03/2005

    Há movimentos aparentemente contraditórios, hoje, no trato da língua portuguesa. De um lado, alguns jovens de escolas da Zona Sul divertem-se em seu computadores economizando vogais ou recriando o que se entende por fonética. O não é naum, assim como você se escreve simplesmente vc. Ainda não percebemos aonde querem chegar, mas o movimento está aí.Como uma espécie de reação, embora difusa, cronistas de jornais consagrados promovem um movimento a seu modo. Resolveram atrair de volta à cena vocábulos que dormiam no esquecimento ou frases que pareciam abafadas num confortável arcaísmo. Foi o que ocorreu, por exemplo, com o inspirado Joaquim Ferreira dos Santos (O Globo), na crônica "As doces sirigaitas".

  • O "in" e o "off"

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 28/03/2005

    Caíram em cima do Severino porque deu aquilo que os colunistas políticos e assemelhados classificaram de "ultimato" ao presidente da República, a propósito da reforma ministerial que todos queriam, menos o próprio Lula.

  • Lembranças bem antigas

    Diário do Comércio (São Paulo), em 28/03/2005

    Lembro-me, ó se me lembro, e quanto, da minha adolescência em Rio Claro, particularmente, na Semana Santa. O respeito pelas comemorações da vida, paixão e morte de Jesus Cristo era total.

  • Adeus velho Chico

    O Globo (Rio de Janeiro), em 27/03/2005

    Já li várias vezes que os especialistas do governo têm completa certeza de que a planejada transposição das águas do Rio São Francisco vai funcionar e resolverá praticamente todos os problemas da região. Contudo, oponho modestos argumentos, alguns dos quais já expus em outras ocasiões, mas estou seguro de que muita gente não lembra, até porque nunca os juntei numa peça só, como espero fazer agora, pelo menos aproximadamente. Em primeiro lugar, não apenas eu mas muita gente desconfia um pouco das assertivas e informações do governo. Por exemplo, já de muito se anunciou o espetáculo do crescimento e o único crescimento que a maioria percebe é o dos impostos, juntamente com o das despesas oficiais, com destaque para mordomias e aparentadas. Mas deve ser má vontade nossa. Afinal, crescimento é crescimento e somente o pessoal do contra é que dá importância a pormenor tão irrelevante.

  • Palavras que merecem reflexão

    O Globo (Rio de Janeiro), em 27/03/2005

    GERALMENTE É CONFUNDIDA com a famosa frase de Lampedusa: “Melhor mudar um pouco, de modo que tudo possa continuar a mesma coisa.” E quando pressentimos que chegou a hora de mudar, começamos inconscientemente a repassar um vídeo mostrando todas as nossas derrotas até aquele momento. É claro que, à medida que ficamos mais velhos, nossa cota de momentos difíceis é maior.

  • A guitarra e a fome

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 27/03/2005

    Tirante idéias gerais, que incluem o combate à miséria, a luta pela justiça social, pela melhor saúde e educação, idéias que formam o núcleo de qualquer programa de qualquer político, o que se vê na prática, num governo sem metas precisas, é a perda de tempo e de energia a que o presidente da República se obriga para reformar um ministério que nem ele sabe qual deve ser.

  • Judas e o Sacadura

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 26/03/2005

    Desde que a sociedade passou a defender valores politicamente corretos, não mais se malha o Judas como antigamente. Acredito também, mas sem certeza, que os manuais da Redação de todo o mundo igualmente condenem a velha e gostosa prática da malhação daquele que passou à história (ou à lenda) como o símbolo maior da traição. (Ia dizer "emblemático da traição", mas preferi a fórmula de outros tempos).

  • O PT a a volta por cima

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro), em 25/03/2005

    A eleição do deputado Antonio Carlos Biscaia para a presidência da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara marca a reação nítida do PTB neste segundo tempo do mandato com vista à conservação do recado e do perfil eleitoral do PT, no dizer a que veio para a mudança brasileira. Fora da Mesa da Casa o PT apetrecha naquele órgão básico da tramitação legislativa a marca do comportamento ético e da vigência das prioridades brasileiras frente à vitória inesperada do baixo clero na ameaça de retornarmos ao país da cosanostra. Só se reforçam os piores presságios da anedota chegada ao grotesco, da madrugada da consagração dos Severinos no terceiro poder da República. Não se tratou de quebra-de-braço ideológica, nem de mudança consciente do peso de poder, nem de articulações distintas do a que vem, para valer, como hoje se espera, o exercício da vontade política. Só se somaram, no lusco-fusco ainda do raiar do dia, quando ainda são pardas todas as alianças, o exercício mais escancarado do fisiologismo ocorrido no núcleo mesmo do primeiro poder do povo, no seu fazer de futuro.

  • Jesus e Lampião

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 25/03/2005

    As duas datas do cristianismo que alicerçam nossa fé são o Natal e a Ressurreição, esta intrinsecamente ligada àquele. Dos santos não se comemora o nascimento, e sim a morte. É o momento em que eles encerram a condição humana. Com Cristo, o grande momento e a parte mais difícil e mais importante do crer é a Ressurreição. São Paulo resumiu tudo quando disse que "sem Ressurreição não existe cristianismo". Na Páscoa, renovamos o momento de pôr à prova nossa crença em Deus. A Páscoa vem do Velho Testamento, um anjo destruidor que chegava para libertar os judeus. O Cristo restaura a Páscoa com a mensagem de libertar o homem, preparando-o para a eternidade. E a hora dessa fusão é a Ressurreição.

  • As Sextas-Feiras Santa de um pecador precoce

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 25/03/2005

    A Sexta-Feira Santa me traz algumas recordações, não as de fundo religioso, esmaecidas pela dissipação a que o mundo me levou -eu próprio colaborando para a dissipação, que nada me trouxe de bom. Gostava das cerimônias na antiga catedral do Rio, que fora a capela oficial dos tempos imperiais. Elas quebravam a rotina da vida escolar, tinham muito de teatro, no qual eu participava como figurante mais do que secundário, balançando com a dignidade possível o turíbulo para manter, vermelhas, as brasas que queimariam o incenso que o cardeal nelas derramaria.

  • A glória e a flanela

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 24/03/2005

    Não tenho culpa de considerar Tartarin de Tarascon, de Alphonse Daudet, que transformou um dos livros mais satíricos e até mesmo debochados da novelística universal, numa obra fundamental para conhecer os labirintos do homem, as motivações de dentro que se expressam aqui fora, na comédia ou na tragédia do dia-a-dia. Pensando bem, não é outra a finalidade da literatura.

  • Fratura na melhor lei

    Diário do Comércio (São Paulo), em 24/03/2005

    Escrevi e reitero que a melhor lei posta em vigor pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso foi a Lei de Responsabilidade Fiscal, limitando os gastos de prefeituras de todo o país. É mais do que sabido que as prefeituras são pródigas em gastos, a maioria sem nenhum interesse público. Fartam-se os prefeitos de alimentar as contas bancárias ou o bolso dos membros de suas clientelas eleitorais ou de suas clientelas administrativas, e, exercendo o cargo com grande, com imensa mediocridade, acabam fechando o ano com excesso de despesas sobre as receitas. Pois essa lei, a melhor do ex-presidente, está, simplesmente, ferida, e gravemente.

  • A Amazônia é nossa

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro), em 23/03/2005

    Vi contristado, há pouco, as notícias de estudos que ambientalistas, sobretudo norte-americanos, veicularam, em Conferência sobre a Amazônia, a propósito da situação daquela parte importante do nosso território, e que muitos, muitíssimos, teimam em pretender internacionalizar.

  • Universidade e Constituição

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro), em 23/03/2005

    O ministro Tarso Genro tornou a pauta da educação, sem dúvida, a mais relevante, na fronteira das conquistas sociais a que responde, especificamente, o recado do governo. A implementação do Prouni, com o apoio logrado da área pública e, sobretudo, da privada no terceiro grau, representou um avanço qualitativo nas prioridades nacionais do ensino. Tão percutente quanto a do analfabetismo drasticamente reduzido no país, é hoje a da massa de estudantes, mais de um milhão, capacitados à entrada no campus, e barrados pela falta de vagas da universidade pública, e sem recursos para ingressar na particular.