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Artigos

 
  • Cadernos de Literatura Brasileira

    Folha de São Paulo - Revista Mais! (São Paulo), em 23/01/2005

    Com sábia percepção e delicadeza, Fernando de Franceschi e Rinaldo Gama lançam o anzol nas águas mais profundas e vem à tona, como num deslumbramento, a escritora com os seus mistérios e perplexidades. A graça meio irônica das pequenas confissões sobre a criação literária. Os depoimentos de amigos, de críticos. E a riqueza das fotos testemunhando a vida e a obra. Revelações. Uma delas me fez rir, ah, e eu que sempre pensei que aquela pesada pronúncia de "rrrs" viesse da sua origem russa. Eu me lembro, estávamos na Universidade de Cali, na Colômbia, convidadas do Congresso Sul-Americano de Escritores. Certa manhã resolvemos fugir das conferências (tão chatas!) e gazetear pela cidade ensolarada. Aqui as "esmerraldas" são lindas, ela disse. Vamos em busca das "esmerraldas"! Lembrei que o bandeirante Fernão Dias Paes era o caçador das próprias, a inspiração devia vir dele. Pois estou "inspirrada", sorriu Clarice e lá por dentro fiquei sorrindo também, tinha nascido na Ucrânia. Essa pronúncia anasalada seria ainda a antiga marca da Rússia?...Pois só agora, lendo o livro é que fiquei sabendo, em meio às pequenas confissões: ela contou que essa fala assim pesada era devido ao fato de ter a língua presa, podia ter feito a operação, mas ficou com medo da dor, o médico avisou que a operação era dolorida. Ora, essas minúcias!, dirá o impaciente leitor lúcido entortando a boca. Mas são esses detalhes que fazem o difícil tecido do ser humano e ainda é nos detalhes que encontramos Deus.

  • Perda de tempo

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 23/01/2005

    Em crônica da semana passada, na Ilustrada, comentei a onda que a mídia e os interbobos estão fazendo contra o avião comprado pelo governo para a Presidência da República. Uns e outros repetem o mesmo argumento pedestre e demagógico: "Enquanto houver uma criancinha passando fome no Brasil, o governo não pode gastar milhões para comprar um avião luxuoso para Lula". Nem vale a pena salientar a bobagem do argumento. O avião não chega a ser tão luxuoso assim nem é um brinquedinho para o deleite pessoal de Lula. O tempo, o espaço e a energia que perdem para condenar o avião, que não merece condenação, a menos que caia e mate alguém, deveria ser gasto na condenação que o atual governo realmente merece. E merece cada vez mais ao priorizar a contabilidade pública (para agradar o FMI e os especuladores estrangeiros) em detrimento da agenda social, que, sobretudo no caso de um país como o Brasil, onde tantas criancinhas morrem de fome, deveria ser a prioridade máxima. As duas tentativas para engabelar o eleitorado que votou nele (Fome Zero e Bolsa-Família) marcarão o seu governo como de um ridículo atroz. Lula poderá fazer chover no plano econômico, se é que realmente a economia nacional transformou-se na maravilha purgativa que estão dizendo por aí. Mas será um presidente mais do que medíocre, embora tenha o direito de voar num avião melhor e mais seguro.

  • O surpreendente Padre Vieira

    O Globo - Caderno Prosa e Verso - (Rio de Janeiro), em 22/01/2005

    Apior tsunami da História européia ocorreu a 1 de novembro de 1755, quando, depois de um terremoto, ondas gigantescas invadiram Lisboa, uma catástrofe que matou 60 mil pessoas. Sebastião José de Carvalho e Melo, marquês de Pombal, homem forte do governo português, mostrou então seu gênio organizador e administrativo. A frase famosa - “Vamos enterrar os mortos e cuidar dos vivos” - foi o mote para iniciar, de imediato, o auxílio às vítimas e a reconstrução da cidade.

  • Reconhecimento tardio

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 22/01/2005

    Parece que Deus existe mesmo. Ao tomar posse no segundo mandato, George W. Bush reconheceu que a imagem dos Estados Unidos sofreu graves arranhões, está mais suja do que pau de galinheiro no resto do mundo. Pudera.

  • Cultura petista e exclusão universitária

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro), em 21/01/2005

    Fruímos hoje, em termos de governo democrático e de esquerda como o do Brasil, de condições únicas no lidar com as aspirações de mudança normalmente veiculadas pelas "ações afirmativas". Trata-se de saber se, diante desse clima limite de democracia, e de ampla entrosagem entre sindicatos e partidos, à primeira vista logrou-se nova e inédita transparência na acolhida das expectativas do país dos excluídos. É o que se poderia desenhar a partir do extremo da cultura assembleísta do PT, através da discussão infinita e das audiências públicas do Legislativo, a tornar talvez obsoleta a estratégia na pressão social, como sofrida dentro dos governos clássicos do status quo.

  • Boa noite, presidente

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 21/01/2005

    A eleição de Tancredo, em 15 de janeiro de 85, revelou a mais competente e bem-sucedida engenharia política de nossa história. Nenhum retrocesso, sempre avanços.

  • A Praga das enchentes

    Diário do Comércio (São Paulo), em 20/01/2005

    Se estudarmos a geografia na escolha dos jesuítas do planalto para nele instalar uma escolinha e uma capela minúscula, para o ensino uma das instalações e para as obrigações religiosas a outra, vemos que procuraram lugar aqui para a defesa e paralelamente para evitar as enchentes. Lembremo-nos que era janeiro quando São Paulo foi fundada e que o futuro vale do Carmo estava alagado ou deveria estar bem alagado, com o desbordamento do Tamanduateí.

  • Nazismo na América: Duas visões

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro), em 19/01/2005

    Sob o título acima, a Academia Brasileira de Letras e a Editora Record promoveram um debate público no Teatro R. Magalhães Jr., na ABL, entre mim, na condição de autor de Crônica de uma guerra secreta - Nazismo na América: a conexão Argentina, e o pesquisador argentino Uki Goñi, autor de A verdadeira Odessa.

  • Barulho por nada

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 19/01/2005

    Tanto a classe política como a mídia que cobre os movimentos do setor passaram as duas últimas semanas em estado de excitação causada pela expectativa da reforma do ministério, que, na realidade, não chega a ser reforma, mas simples acomodação no enlameado terreno da próxima sucessão presidencial.

  • Esta democracia

    Diário do Comércio (São Paulo), em 19/01/2005

    No mesmo dia que o O Estado publicava o artigo de meu colega de imprensa José Neumanne, a democracia brasileira está podre na raiz, o presidente da Câmara dos Deputados brindava seus colegas da Câmara com milhões de reais, para que eles engordem a conta bancária e passem dias melhores do que já passam, com os salários - antigamente subsídios - sem nenhuma consideração para com o povo que o elegeu, com maioria passando necessidades, como é fartamente sabido.

  • "DOM QUIXOTE": 400 ANOS

    Tribuna da Imprensa (Rio de Janeiro), em 18/01/2005

    No mês de janeiro do ano da graça de Nosso Senhor Jesus Cristo de 1605, saiu em Madri um livro chamado "El Ingenioso Hidalgo Don Quijote de la Mancha", composto por Miguel de Cervantes Saavedra (1547-1616). Ao longo dos 400 anos seguintes descobriu-se que Cervantes havia, com ele, inventado um gênero literário: o do romance, tal qual o entendemos hoje.

  • Formação de quadrilha

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 18/01/2005

    Gilmar Mendes, que apareceu na vida pública trazido por Collor e, como advogado do governo de FHC, foi pedir aos bispos apoio para impedir a CPI que apuraria casos suspeitos na época, teve a paga pelo serviço: foi indicado para o Supremo.

  • Leão faminto

    Diário do Comércio (São Paulo), em 18/01/2005

    Foi o Diário do Comércio o primeiro jornal a denunciar o impostismo como forma de sacar do bolso dos habitantes do país, ricos, remediados e pobres, as receitas com que preenchem os rombos dados pelas más administrações e pela corrupção que campeia desenfreada, no vasto amparo fiscal do Brasil. O arranco do Diário do Comércio repercutiu e hoje estão acorrilhados ao mesmo movimento todos os órgãos de comunicação do país. Uma vitória pela qual rendemos graças aos nossos colegas.

  • Taj Mahal voador

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 17/01/2005

    José Sarney lembrou, em crônica da semana passada, a grita que a oposição da época fez contra JK por ocasião da compra de um avião Viscount para a Presidência da República. Sarney fazia parte do grupo chamado Bossa Nova, que era o mais radical na oposição ao governo. Lembro-me dessa campanha, que achava pueril. O avião não pertenceria a JK, e sim ao governo brasileiro -serviria a outros presidentes, inclusive àqueles que cassaram JK e o prenderam.