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Contra a reeleição
O Senado agiu em boa hora para racionalizar o sistema eleitoral em vigor. Combati, sempre, a eleição proporcional, pelos grandes logros que gera - viu-se ainda no último pleito, como em todos os pleitos anteriores.
O Senado agiu em boa hora para racionalizar o sistema eleitoral em vigor. Combati, sempre, a eleição proporcional, pelos grandes logros que gera - viu-se ainda no último pleito, como em todos os pleitos anteriores.
Há cidades que também são personagens. E há escritores que as pegam de jeito para transformá-las em presenças quase humanas e colocá-las como partícipes de uma história erguida com palavras. Outra coisa não fez Jorge Amado ao afeitar sua Ilhéus para que nela Gabriela e seus companheiros de tempo vivessem suas aventuras. Antes dele, Manuel Antônio de Almeida criara seu Leonardo num Rio de Janeiro que nunca mais deixaria de existir exatamente como o romancista o havia concebido.
Citar o poeta Murilo Mendes pode até parecer provocação. Num tempo em que os 15 minutos de fama estão sendo vividos por Delúbios, Valérios, Jeffersons, Dirceus et caterva, lembrar o poeta de Juiz de Fora é estar tão por fora como o juiz que deu nome àquela cidade.
No Senado americano a senadora Hillary Clinton fez, em discurso, a análise da influência na formação da juventude da videomania no mundo inteiro, inclusive no Brasil. Competente advogada, Ms. Clinton dissecou perante seus pares e, pela repercussão, de toda a opinião pública dos Estados Unidos, a nova moda dos jovens de seu país, e, por extensão do mundo inteiro, onde os moços de ambos os sexos se entregaram e se entregam a essa nova moda eletrônica.
Num dos numerosos giros que o presidente costuma dar pelo mundo, praticando um turismo político e protocolar que eu pessoalmente aprecio e louvo, acreditando que em linhas gerais ele se sai bem, contando pontos para o Brasil e para si próprio, fiquei admirado - e muita gente ficou pasma - quando soube de sua visita ao ditador Kadhafi, da Líbia.
Mais uma vez, com o cuidado de sempre, a Fundação Bünge realizou o encontro dos jurados para a escolha dos vencedores dos seus prêmios, que já se chamaram Moinho Santista. Completando 50 anos de atividades, no Brasil, desta feita decidiram premiar os destaques nacionais nas áreas de Agronegócio, Educação Fundamental, Física e Romance.
Terceirizar a vida privada. A lógica do mercado atinge a vida íntima: há um "personal" para praticamente qualquer atividade cotidiana. Folha Equilíbrio, 18.08. 2005
Impossível a um cronista diário não comentar as acusações feitas, na sexta-feira passada, contra o ministro da Fazenda. Pensei em fazê-lo ontem, domingo, obedecendo ao jornalismo politicamente correto, que exige a informação e o comentário instantâneos para abastecer a sociedade de elementos que possam saciar sua sede de verdade e de justiça.
Disse-me em conversa o ex-prefeito Paulo Maluf, o autor dos elevados, mais conhecidos como minhocões , obras que foram, segundo a imprensa da época, faraônicas, tornanado possível o trânsito de veículos na capital. Acentuou-me, convictamente, não houvesse ele construído os elevados, São Paulo pararia. Paulo Maluf é engenheiro.
Vejam vocês, o sujeito pensa que já viu tudo, tendo nascido na primeira metade do século passado, e se tornado foca (involuntário - meu pai não era moleza e me meteu numa redação de jornal sem me consultar e eu que voltasse para casa rejeitado, porque destino mais ameno teria quem embarcasse para a Coréia por volta daquela época) aos 17 anos e militado em tudo que é tipo de coisa em redação de jornal, no tempo em que se berrava e fumava nas redações, só tinha uma mulher ou outra, assim mesmo considerada meio anormal, ou de comportamento sexual aberrante ou vítima de distúrbios mentais, e bastava aprender a pilotar uma Remington para tentar se dar bem.
Não parece, mas ser cronista diário está ficando difícil, sobretudo quando um assunto único empolga o país em que ele vive, sofre e, eventualmente, se diverte. Pode parecer um paradoxo, mas justamente quando fica fácil falar de uma coisa, a luzinha vermelha se acende, alertando para a chatice de saber quantas cabeças de gado tem o caixa do PT e o que a secretária do assessor de um deputado estava fazendo no dia 2 de maio de 1999.
Muito se tem falado em política e em valores morais nestes últimos meses. Esse é um tema permanente na atividade pública. Alceu Amoroso Lima, no prefácio que escreveu para "O Homem e o Estado", estudos coordenados por Alejandro Bugallo, disse que a política não é uma solução total do destino humano, mas "uma condição para essa solução", acrescentando na citação de Walter Lippman que "o homem é um animal ingovernável".
Não vi os letreiros iniciais do filme nem foi preciso. Passava da meia-noite. Sem sono e sem vontade de ler, liguei a TV e dei com o canal da RAI, onde uma antiga chanchada italiana já havia começado. Apesar da intimidade com os atores daquela época, não identificava nenhum dos personagens, até que, no momento em que ia mudar de canal, apareceu o Nemmo Carotunuto, que sempre fazia papéis secundários, mas brilhantes, nos filmes de Monicelli, Lattuada e outros. Sua grande hora chegou naquela deliciosa paródia "I Soliti Ignoti" ("Os Eternos Desconhecidos"), de Monicelli, quando aponta uma arma para o caixa da loja de penhores e pergunta, com voz de criminoso: "Sabe o que é isso?".
Suponho que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nunca tenha ouvido a palavra plutocracia, mas ela existe: é o governo da riqueza, dos ricos, do pleno domínio do dinheiro nas atividades políticas. Para tornar clara a definição direi que é o regime no qual manda o dinheiro.
''A gente não é bobo''(Duda Mendonça)