Estômago de Aço e o mensalão
Folha de São Paulo (São Paulo), em 05/08/2005
Quando viajei ao Amapá, na última semana, deu-me uma inesperada, inóspita e insidiosa dor de estômago. Doía danadamente. Na minha idade, convivemos com muitos achaques que nos são, quase sempre, conhecidos e freqüentes. É dor aqui, mal-estar acolá e a todos conhecemos e já sabemos como proceder: chá de laranja, tintura de arnica, pomada de cânfora e por aí vamos. Mas dor de estômago do jeito que veio não estava entre minhas baldas. Daí, com o meu declarado e sempre não proclamado ser hipocondríaco, fiquei logo calado e pensando o que poderia ser. Há muito nada sentia nesse órgão. Quando era moço, em São Luís, tinha um restaurante "Estômago de Aço", que era a prova de fogo para males da gula. Mas o estômago mais forte que existiu no Maranhão foi de um deputado acusado de ter feito uma negociata com arame farpado vindo da antiga Cortina de Ferro. Os jornais diziam: "Fulano está comendo arame farpado como quem come macarrão".