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Artigos

 
  • O "Fico" de Lula

    Diário do Comércio (São Paulo), em 29/08/2005

    O primeiro "Fico" da História do Brasil foi pedido pelo povo ao príncipe regente, Dom Pedro, o intrépido filho do prudente Rei Dom João VI. Numa exclamação, deu a conhecer a sua decisão: "Se é para o bem de todos e felicidade da nação, digam ao povo que fico". O príncipe ficaria no Brasil, não voltaria a Portugal, como queriam as cortes, e armaria a independência do Brasil.

  • Eu te pago pra quê?

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro), em 28/08/2005

    Discute-se muito a estrutura do ensino, em nosso País. A escola deve ser assim, são tantos alunos por professor, olhe a biblioteca, não esqueça o laboratório. Cotas pra cá e pra lá, métodos como o montessoriano, teorias como a de Jean Piaget. E o resultado disso tudo?Estamos preocupados com o tipo de aluno que sai desse verdadeiro liquidificador. Sobre isso, pouquíssimas discussões. Seria de bom alvitre comparar o aluno de hoje com o de ontem, muito mais respeitoso, embora dispondo de uma soma bem menor de conhecimentos. Os de 30 ou 40 anos atrás não tiveram acesso às inacreditáveis conquistas dos tempos modernos, todas elas naturalmente discutidas em classe, como acontece com as células-tronco, e outras benfeitorias que nos colocam diante da possibilidade da clonagem humana, apesar das restrições de muitas das religiões com as quais convivemos.

  • As crises e o sonho

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 28/08/2005

    Não é mole ser da esquerda -daí que sempre a evitei, como evitei ser da direita ou do centro. Atualmente, ninguém é mais da direita, ela parece uma ficção que só serve para desculpar os erros da esquerda e o oportunismo tático do centro.

  • Impressões ingênuas

    O Globo (Rio de Janeiro), em 28/08/2005

    Manda a honestidade lhes dizer que esta crônica está sendo escrita com indecorosa antecedência. É porque vou passar uma semana fora e meu computador pequeno, acionado a manivela, deu para sofrer convulsões e acessos de asma, de maneira que não posso mais me fiar nele. Mas a Providência acode os desvalidos e, nos dias que correm, já não é tão temerário antecipar colunas. Não vai haver novidades, exceto algum (alegado) ladrão denunciado e mais negativas da parte dos acusados. De resto, imagino que o panorama continuará mais ou menos o mesmo e, no momento em que escrevo, acredito que o presidente Lula se encontra talvez em Acopiara, no Ceará, usando chapéu e gibão de couro, inaugurando uma cacimba participativa ainda sem água (mas amanhã vai ter), anunciando como o governo dele é o maior de todos, fura-bolos, cata-piolho, como está todo mundo empregado e, finalmente, fazendo com que as mais devotas gastem o dinheiro para a próxima feira em velas aos santos de sua devoção, para ele conseguir vencer a tal Elite, que deve ser um nome difícil para Satanás.

  • A crise e saus armadilhas (final)

    O Globo (Rio de Janeiro), em 28/08/2005

    NA SEMANA PASSADA, ESCREVI AQUI sobre o que acontece quando subestimamos os sinais que os problemas nos dão antes de atingirem, com toda a violência, o nosso quintal. Usei, como fio condutor, o livro “A síndrome de Aquiles”, do jornalista Mário Rosa, mostrando que em uma situação crítica, a luta com o inimigo nem sempre pode se basear nos valores que estamos acostumados a cultivar. Hoje, termino este assunto, com a opinião de outros estudiosos (Helio Fred Garcia, professor de Comunicação da Universidade de New York, e Daí Williams, do Eos Career Service, e um texto da University of South Australia). Procurei usar os textos destes especialistas sob o ponto de vista da crise individual, embora a maior parte se refira a eventos políticos e econômicos.

  • Uma proposta modesta

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 27/08/2005

    Uma das poucas certezas sobre o jornalismo é a de que a ironia não funciona em texto para ser consumido por um público heterogêneo. Pede-se do autor uma definição imediata e concreta contra ou a favor de um assunto ou pessoa. Admira-se o panfletário que dá nome aos bois, nem sempre acertando com os bois e os nomes. Admira-se o humorista, que nem precisa acertar o boi e o nome, entre outras coisas, porque é um humorista.

  • Crise óbvia, desfecho novo?

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro), em 26/08/2005

    O cenário das CPIs montou-se, logo, nos trinques para o espetáculo das oposições, toda mídia escancarada frente ao patíbulo, tangidos os depoentes, seus advogados, seus habeas corpus preventivos. A violência das inquirições punha fim ao jejum de poder, e a forra à chegada do Brasil de fundo ao Planalto. Desataram-se as injúrias, os rangeres de dentes e a irascibilidade solta dos acusadores, sob o álibi da cólera cívica. Um espectador escandinavo, se não um membro do Tribunal de Haia, cobraria esse respeito mínimo a um depoente desprotegido das presunções normais da inocência, de que lhe guarnecem o Judiciário, e seu respeito às provas e à interlocução, deixada ainda no umbral da suspeita.

  • Bordolesa e a delação premiada

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 26/08/2005

    Nos meus tempos de mocidade, a figura do delator era infame. Joaquim Silvério dos Reis, que denunciou Tiradentes, era um maldito. Judas, que vendeu Cristo nas famosas trinta moedas, era um judas. Calabar, o que delatou os brasileiros, entregando-os aos holandeses, ou Lázaro de Melo, que fez a mesma coisa com Bequimão, eram insultos irreparáveis se aplicados a alguém.A coisa está mudando. Não é bem assim. Pode até ser um ato heróico e louvável. Os delatores, pelo bem público, redimem a lista dos anti-heróis e se incorporam a uma tábua de aliviados benfeitores.

  • Palocci, o ministro

    Diário do Comércio (São Paulo), em 26/08/2005

    Quem viveu no interior como eu vivi, até os vinte anos, sabe avaliar a personalidade do ministro Palocci. O ministro da Fazenda, médico de formação, é tipicamente o homem simples do interior, que conheci num passado remoto, de um cenário que em geral mudou pouco.

  • Vargas: perfil de um gaúcho

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 26/08/2005

    Ao se retirar da vida pública, deposto em 29 de outubro de 1949, Getúlio Vargas tornou-se um senador relapso, permanentemente licenciado. Usou da tribuna poucas vezes e, a rigor, só gostaria de tê-la usado uma vez: aquela em que prestou contas de seu governo, transcorrido em sua maior parte sob regime ditatorial. Cometeu uma violência contra a história: um ex-ditador que vai ao Congresso, um Congresso eleito democraticamente, e assume perante a história a responsabilidade de todos os seus atos.

  • Terrorismo e direitos humanos

    Diário do Comércio (São Paulo), em 25/08/2005

    A onda terrorista não chegou ao Brasil, mas pode chegar quando menos esperarmos. Nas grandes aglomerações, nos estádios, ruas do centro de São Paulo e outros locais onde há inocentes para morrer pelas explosões dos loucos do Islã.

  • Fora todos!

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 25/08/2005

    Já lembrei aqui neste espaço, há tempos, a cena deliciosa de um dos melhores romances que li em toda a minha vida, "Fontamara", de Ignazio Silone, autor italiano patrulhado pelos comunistas, embora tenha sido, ele próprio, um comunista sincero, mas independente da linha ditada pelo "pápucha" Stalin e seus prepostos espalhados pelo mundo, inclusive no Brasil.

  • A câmara mágica de Jean Manzon

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro), em 24/08/2005

    Quando, em 1945, terminou a Segunda Grande Guerra, milhares de europeus, saturados das crises que viveram, deixaram seus países em busca de vida nova na América Latina. A Argentina recebeu muitos alemães, dentre eles antigos membros das SS e da Gestapo. Dentre os que escolheram o Brasil estava o francês Jean Manzon, um dos maiores fotógrafos do seu tempo, com enorme competência jornalística, adquirida, entre outros veículos, na revista Paris Match, de seu amigo Jean Prevost.

  • Palocci e a verdade premiada

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro), em 24/08/2005

    A crise tem a sua retórica. Normalização, a sua linguagem. Na sucessão de choques e espetáculos cívicos das últimas semanas, a surpresa do pronunciamento do ministro Palocci, em pleno meio-dia de domingo, deu-nos o direito à credibilidade política. Suas frases descansadas contrastam com os excessos do denuncismo ou as manipulações do acordão, no empenho do Congresso de voltar ao controle do script, saído dos trilhos das CPIs, e suas apostas na desmemoria do país.

  • A lei de Murphy

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 24/08/2005

    No ano passado, comemorou-se o cinqüentenário do suicídio de Getúlio Vargas, o ainda maior drama da nossa vida pública.