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Artigos

 
  • Tudo na mesma

    Diário do Comércio (São Paulo), em 12/10/2005

    Tirei duas semanas de férias para ir espairecer em Paris e na Cote D’Azur, das quais guardo as melhores recordações. Paris estava deliciosamente linda, e, como escreveu Hemingway, uma festa para os olhos e para o paladar, para os sentimentos estéticos e sobretudo para o bom gosto. De Paris fui à Cote D’Azur, que freqüentei com minha mulher durante trinta anos, e senti a beleza do Mediterrâneo, o glorioso mar de Ulysses e de São Paulo.

  • A verdade no palco

    Tribuna da Imprensa (Rio de Janeiro), em 11/10/2005

    Vem o centenário de nascimento de Jean-Paul Sartre provocando um movimento, não só de homenagens, mas também de reavaliação de sua obra, tanto a do filósofo e ficcionista como a do teatrólogo. Da série de reedições que a editora Nova Fronteira vem apresentando, consta a de "As moscas", talvez o texto de teatro mais forte do autor.

  • Posses impossuídas

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 11/10/2005

    Tem agora uma idade respeitável, embora não se considere respeitável. Em seus tempos de glória, foi um galinha assumido. Não dava em cima de todas, pelo contrário, era tímido, mas dava outra coisa mais importante e eficaz: ficava adrede a que dessem em cima dele, o que nem sempre era freqüente, mas acontecia de vez em quando.

  • Em defesa da barba

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 10/10/2005

    Alemanha realiza encontro internacional de barbudos. Barbudos com visual exótico se reuniram em Berlim, na Alemanha, para participar do Campeonato Mundial de Barbas e Bigodes. Os pêlos faciais são bastante apreciados por alemães, tanto que o país tem a Federação Nacional dos Clubes de Barba, que reúne diversos grupos deste tipo. Em 1996, por exemplo, foi criado o Clube da Barba de Berlim, que tem como lema a frase "deixe a barba crescer". Este grupo tem 22 membros que se encontram uma vez por mês para discutir as melhores formas de cuidar de suas barbas e de organizar eventos. Folha Online, 1º de outubro de 2005. 

  • Perder para todos

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 10/10/2005

    A crise política que abalou governo e PT passou para segundo plano, e daí passará para plano algum, afogada por novas crises. Comentei ontem, por alto, a greve de fome de um bispo que é contrário à transposição das águas do São Francisco. Deveria comentar agora o plebiscito sobre a venda de armas, mas deixo o assunto para crônica mais extensa, que publicarei na Ilustrada, na próxima sexta-feira. Não percam. Do contrário, o perdido será o cronista, que poderá perder o emprego.

  • O Direito está torto

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro), em 09/10/2005

    O Brasil nasceu com uma forte atração bacharelesca. Enquanto colônia, mandava seus filhos bem dotados para a Universidade de Coimbra, onde se formavam em Direito, para depois exercer o seu mister entre nós. É o caso de José Bonifácio, figura estelar da nossa História. Vieram os cursos superiores em Olinda e no Rio de Janeiro, por inspiração de D. João VI, para depois se transformar em mania nacional.

  • O desarmamento num boteco do Leblon

    O Globo (Rio de Janeiro), em 09/10/2005

    Como é, já resolveu seu voto no plebiscito?- Já, já. Demorou, cara, foi uma discussão braba lá em casa. Muita opinião divergente, sobre se o SIM queria dizer que a gente não queria a proibição ou o contrário, você não imagina a discussão. Acabamos chegando à conclusão de que é o NÃO mesmo. Todo mundo lá vai de NÃO.

  • No caminho de Santiago

    O Globo (Rio de Janeiro), em 09/10/2005

    ESTA NUVEM TEM QUE ACABAR”. pensava eu enquanto lutava para descobrir as marcas amarelas nas pedras e nas árvores do Caminho. Fazia quase uma hora que a visibilidade era muito pequena, e eu continuava cantando, para afastar o medo, enquanto esperava que algo de extraordinário acontecesse. Cercado pela neblina, sozinho naquele ambiente irreal, comecei mais uma vez a ver o Caminho de Santiago como se fosse um filme, no momento em que a gente vê o herói fazer o que ninguém faria, enquanto na platéia a gente pensa que essas coisas só acontecem no cinema. Mas ali estava eu, vivendo esta situação na vida real. A floresta ficava cada vez mais silenciosa e o nevoeiro começou a clarear muito. Podia ser que estivesse chegando ao final, mas aquela luz confundia meus olhos e pintava tudo à minha volta com cores misteriosas e aterradoras.

  • A dádiva

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 09/10/2005

    Desconfio que, pela primeira vez no ofício de cronista, sou obrigado a dar razão a todos na questão do rio São Francisco. Antes de pensar em transpor um rio, há que haver rio e, do jeito que está, em breve não haverá o que transpor.

  • A mulher do padeiro

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 08/10/2005

    Não costumo adotar decisões radicais para uso próprio, mas as aprecio nos outros. Tive um amigo de juventude que iniciou greve de fome para convencer uma vizinha a dar para ele, quase ia conseguindo, mas desistiu na última hora, não sei até hoje por qual motivo.

  • A caminho do pastelão cívico

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro), em 07/10/2005

    Acontinuarmos a romaria do anticlímax do mensalão, a Polícia Federal pede mais tempo para chegar a conclusões sobre o toma-lá-dá-cá dos parlamentares denunciados. As CPIs, por seu lado, querem prazos indeterminados, também, para completar as suas investigações. E o ex-deputado Roberto Jefferson insiste na retirada da denúncia contra José Dirceu, estopim da crise. Fique o dito pelo não-dito.

  • Vendo pobrezas e saudades

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 07/10/2005

    Nova York . Viajar não é somente conhecer, é também reconhecer. Há 45 anos, visitei os Estados Unidos pela primeira vez, como observador na 16ª Assembléia Geral das Nações Unidas. Era o tempo da descolonização. Caía o velho sistema dos impérios, com países explorados por outros, ricos, quase todos na Europa, os segundos, e os primeiros na África. No Oriente Médio, os ingleses, ganhadores da Segunda Guerra Mundial, viam cair os seus protetorados, encharcados em bacias gigantescas de petróleo.

  • Das pombas fúnebres e da honra dos homens

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 07/10/2005

    Deus é testemunha -gosto de invocar o Todo Poderoso, no qual às vezes creio, às vezes não, de acordo com o tempo, o modo e a circunstância. Sobretudo quando estou mentindo, o que não é o caso, principalmente agora, quando a verdade não vale e, se valesse, dava na mesma. A invocação é para afirmar que não aprecio solenidades, sejam quais forem. Houve época em que havia solenidade em tudo, principalmente nos enterros, quando Estado e Igreja não haviam se separado pelos ideais e costumes republicanos.

  • As armas e os varões

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 06/10/2005

    Não votarei no plebiscito sobre a proibição das armas de fogo. Se fosse obrigado ao voto, o anularia propositadamente, e lucidamente. Trata-se de um escapismo, uma forma que a tal sociedade ética e transparente encontrou para, mais uma vez, empurrar com a barriga um dos problemas mais agudos de nosso tempo: a violência. Com pequenas alterações, pode-se usar a comparação do termômetro. Proíba-se a compra e o uso dos termômetros e não haverá mais febre no país.

  • Saudade de Austregésio de Athayde

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro), em 05/10/2005

    Austregésilo de Athayde, hoje sepultado no glorioso Mausoléu que ele mesmo, com o seu pragmatismo e vocação de grandeza, construiu para a nossa tranqüilidade pessoal, foi um acadêmico perfeito. Para ele, o ato de morrer deve ter sido uma desagradável surpresa, já que só acreditava na morte dos outros, especialmente na dos seus pares.