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Artigos

 
  • Personagem midiática

    Diário do Comércio (São Paulo), em 17/10/2005

    Os franceses já estão se preparando para a sucessão presidencial de Jacques Chirac. Dois candidatos disputam a corrida eleitoral, o próprio Chirac, que acaba de sofrer um infarto, e Nicolás Sarkozy. Chirac é conhecido, é um velho palmilhador de caminhos políticos, uns ásperos e outros suaves. Nicolás Sarkozy é descendente de húngaros, pelo que li em sua breve biografia. Tornou-se, de repente, o querido dos meios de comunicação e em todas as sondagens de opinião ele vem em primeiro lugar. Está agora num ministério que tem sob sua responsabilidade a polícia e onde pode sobressair ainda mais. Não será exagero de minha parte prever o seu sucesso eleitoral.

  • Somos todos uns trouxas

    O Globo (Rio de Janeiro), em 16/10/2005

    Poucas vezes testemunhei tamanha confusão em relação a um problema de interesse geral como nessa história do Sim ou do Não para um artigo do chamado Estatuto do Desarmamento. Concluí, em visão talvez simplória, que não iam desarmar os bandidos, que iam fomentar toda uma economia delinqüente em torno do tráfico ilegal de armas e munições e que tais circunstâncias me justificariam dizer “não” à diabólica pergunta a que vamos ter de responder. Assisti a discussões de pessoas esclarecidas, que não conseguiam avaliar o significado de um “sim” ou “não” na hora do voto. O que o “sim” significava para uns queria dizer o contrário para outros. Vi gente quase sair no tapa por causa disso e eu mesmo me peguei cheio de incertezas bem na hora em que começava a achar que tinha certeza.

  • Os monges de Alexandria

    O Globo (Rio de Janeiro), em 16/10/2005

    MAIS ALGUMAS HISTÓRIAS DOS padres que viviam nos arredores do monastério de Sceta, em Alexandria, no Egito, logo no início da era cristã. Estas histórias foram coletadas no “Verba seniorum” (A palavra dos mais velhos) e sobreviveram ao tempo e às perseguições, mostrando que os valores humanos sempre terminam prevalecendo.

  • A orfandade do ensino médio

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro), em 16/10/2005

    Seria arriscar-se a uma injustiça nomear os padrinhos dos nossos diversos graus de ensino. Mas uma coisa é certa: sobrava razão a Anísio Teixeira quando afirmava que o "nosso ensino médio é inteiramente órfão". De lá para cá, ou seja, da década de 50 até os nossos dias não há como escolher este ou aquele educador que se tenha debruçado com ênfase sobre o nível intermediário. Ao contrário, seria mais fácil dar o título de "inimigo" a uma ou outra autoridade que só fez complicar o andamento dessa etapa de ensino. Enquanto tivemos a divisão entre clássico e científico, até que havia uma certa unidade no ensino médio. Os alunos, de acordo com a sua escolha, ligada à vocação, preferiam os cursos que conduziam às ciências humanas (Direito, Pedagogia, Letras) ou ao desenvolvimento científico e tecnológico (Engenharia, Medicina, Ciências Biológicas). Com o nascimento em parto artificial do 2º grau, a pretexto de se valorizar a educação profissionalizante (Lei nO 5.692/71), implantou-se uma "bagunça homérica" no sistema escolar, sob a batuta de um MEC totalmente atordoado. Alguns têm dificuldade de explicar a diferença entre os técnicos e os tecnólogos. Outros sabem que estes últimos são formados em nível superior, em cursos de curta duração (hoje, uma grande atração para os jovens sem paciência de freqüentar cursos mais longos). Mas, robusteceu-se a dúvida: os técnicos são formados em três anos, junto com o ensino médio, ou dependem de um ano adicional? O que verdadeiramente se passa com os egressos dos Cefets? Eles viraram um misto de ensino médio e superior? A sociedade brasileira ainda tem o ranço da Constituinte de 37 (Estado Novo). Getúlio Vargas assinou um artigo afirmando que "o ensino técnico-profissional seria destinado às classes menos favorecidas". Nada melhor para justificar a discriminação, de que não nos livramos até hoje. Cresce a nossa industrialização e o setor de serviços tem o reforço da computação quase desenfreada. Como criar os recursos humanos adequados para enfrentar esses novos tempos? É claro que ninguém é contra o progresso, mas há uma imensa falha quando a escola deve responder às necessidades de oferecer pessoas de competência no nível intermediário. No mundo desenvolvido, esse tipo de problema não existe. Há uma boa oferta de empregos no nível pré-universitário, como vimos na Coréia do Sul e no Estado de Israel. De todos os que freqüentam o ensino médio apenas 1/3 sobe ao nível superior, ficando os demais 2/3 amparados por boas e bem pagas oportunidades. Aqui é que se inventou a teoria de que sem o diploma de nível superior o indivíduo não é ninguém. Prefere-se o formado, mesmo que sem emprego. É preciso promover uma profunda reforma no ensino médio, colocar ordem na sua seriação e na formação dos seus especialistas. Estes conectados ao processo de desenvolvimento econômico e social do País, para que haja maior proveito desse grande investimento que, bem ou mal, está sendo pago pela sociedade brasileira.

  • Direita e esquerda

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 16/10/2005

    A muito custo, convenci um amigo a assistir a um filme de Jacques Tati, "Meu tio", que volta e meia passa em cineclubes espalhados por aí (tenho um vídeo dele, mas em mau estado). O sujeito foi, chegou a dar algumas risadas, no final achou o filme chato. E disse por que: "Não tem bandido".

  • O pior Congresso dos últimos tempos

    O Globo (Rio de Janeiro), em 15/10/2005

    O país acompanhou, voto a voto, até, praticamente, os últimos segundos, a opção entre Aldo e Nonô para a presidência da Câmara. Viveu-se um miniplebiscito, a conservar ainda o governo Lula a plena iniciativa no tempo minguante, para manter a confiança do outro Brasil, que o elegeu em 2002. Ganhou o Planalto as maiorias possíveis, a custo, sem retoques, nem maquiagens, empalmando a contagem que lhe permitisse vencer a oposição e a onda temporã do velhíssimo mar de lama, reacordado pelo fantasma lacerdista. O governo foi ao rolo compressor, contou com os votos do baixo clero e reafirmou as políticas da coalizão e das reformas - nariz apertado ou não - do primeiro biênio petista.

  • Já no tempo dos barões

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 15/10/2005

    Miguel Gustavo foi o mestre dos mestres em matéria de jingles comerciais. Para um tipo de café em pó (não sei se ainda existe), ele fez uma obra-prima: "Já no tempo dos barões, era servido nos salões". Era marca citada em crônicas e romances do século 19, atravessou todo o Império, passou para a República e, nos anos 60 do século 20, mereceu o jingle antológico.São numerosas as práticas (consideradas novas, provocadas pelo nosso tempo e pelos nossos costumes) que já eram servidas nos salões no tempo dos barões. E bota barões nisso. Lembrei, em crônica recente, o suborno pago por Jacó a Esaú. Não eram barões nem tinham intimidade com parlamentares, banqueiros e doleiros, que não deviam existir naquela época. (É uma opinião pessoal, sujeita às chuvas e trovoadas dos desmentidos).

  • A implacável elegância de Sérgio da Costa

    Jornal do Comércio (Rio de Janeiro), em 14/10/2005

    O retrato de Sérgio Corrêa da Costa que fica, logo, na memória é o de capa chibante, de espião em Buenos Aires, na elegância que só tem o diplomata, portando sua inquirição e seu mistério. Deixou o passaporte, e a identidade, para perscrutar do começo da intentona peronista, tão antes da nossa entrada na guerra de 45, e dos cálculos geopolíticos que amarrariam, à época, a Argentina à opção hitlerista. Da aventura nasceu, para publicação meio século após, a Crônica de uma Guerra Secreta.

  • A reação da natureza

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 14/10/2005

    Não sou dado a ver sinais misteriosos nos céus nem avisos cabalísticos. Mas é instigante a sucessão de desastres naturais que têm ocorrido nos últimos meses.

  • Memórias póstumas de um carioca assassinado

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 14/10/2005

    Evidente : é quase um plágio de título conhecido. Brás Cubas não morreu assassinado, viveu em outra época, embora no mesmo Rio. Teve delírios, pensou em inventar um emplastro que lhe desse fama e em ser ministro, o que lhe daria honras. Não deixou para ninguém o legado da miséria humana. O carioca que será personagem desta crônica era, em si mesmo, um exemplar da nossa miséria: acreditou nos outros, principalmente no governo e na opinião pública, que é mais ou menos a mesmíssima coisa.

  • A aftosa amplia nosso passivo

    Diário do Comércio (São Paulo), em 14/10/2005

    Direto ao alvo, como lhe convinha, foi o ministro Roberto Rodrigues. Taxativamente afirmou, coberto de razão: " Ou o Brasil mata a aftosa ou a aftosa mata o Brasil ".

  • Bonzos e bonzerias

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 13/10/2005

    Gosto de recorrer à ficção para comentar a realidade, sem explicá-la, é certo, mas para lembrar aquele trecho do Eclesiastes bastante citado, de que nada de novo existe sob o sol e que tudo é vaidade e aflição de espírito.

  • Cidade Chic

    Diário do Comércio (São Paulo), em 13/10/2005

    Paris, 25 de Setembro. Viajei à Paris, ou me decidi por uma viagem e escolhi Paris a conselho dos médicos, que me trataram a depressão resultante do dramático mês de dezembro do ano passado, quando minha esposa entrou em fase agônica e veio a falecer.

  • Bandeira, o rei de Pasárgada

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro), em 12/10/2005

    Faz quase 120 anos que, no dia 19 de abril de 1886, nasceu Manuel de Souza Carneiro Bandeira Filho, ou simplesmente Manuel Bandeira, aquele ''menino doente'', que se tornaria depois o ''amigo do rei'' ou, como certa vez dele disse Ribeiro Couto, o próprio ''rei de Pasárgada''. Nasceu em Recife, na Rua da Ventura, que hoje se chama Joaquim Nabuco.

  • Feijoada, vatapá é pizza

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 12/10/2005

    O temor de que a sucessão de escândalos no governo e no PT, na vida pública em geral, resulte numa pizza monumental tem precedentes ilustres e se explica pela própria natureza dos fatos -que deixam de ser instantâneos e se prolongam em desdobramentos, porões e grotões, ramificando-se de tal maneira e com tal intensidade que o núcleo perde importância e oportunidade.