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Artigos

 
  • Vinte brasileiros em um tempo diferente

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro), em 26/10/2005

    Ele é o olho do repórter e do jornalista nesta nossa ABL: invariavelmente, aproveita o espaço do expediente das sessões plenárias para dar-nos notícia de um livro publicado, que encaminha à nossa Biblioteca; para comunicar-nos a conferência pronunciada por um confrade, com pedido de inserção nos anais; ou para informar-nos do prêmio concedido a um colega em júri nacional ou estrangeiro.

  • Solução radical

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 26/10/2005

    Vamos e venhamos, foi uma temporada divertida, essa que passou, das opiniões sobre o referendo do último domingo. Besteiras de um lado e de outro foram proclamadas, mas nenhuma delas se equiparou a das feministas que aproveitaram a onda para tirar as casquinhas de sempre.

  • O mercado e o sagrado

    Tribuna da Imprensa (Rio de Janeiro), em 25/10/2005

    No princípio era o mercado. No princípio e também por todo o sempre que veio depois. Base de um avanço e de um encontro, chão do homem já civilizado, nada supera o mercado como elemento aglutinador por excelência das comunidades que, mesmo heteromorfas quando unidas por interesses e idiomas comuns, precisam de outros pontos de união e reunião, e de permutas, de entendimento eventual e de trocas de produtos. No princípio era o verbo, e este se exercitava comunalmente nos lugares de compra e venda, em que a necessidade absoluta de comunicação aguçava o raciocínio, despertava idéias e provocava planos itinerários.

  • A turma do bem e do mal

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 25/10/2005

    Desta vez, a culpa não é nossa, é do próprio Criador, que, não tendo nada o que fazer, nos criou à sua imagem e semelhança e, de quebra, sem necessidade aparente, criou uma tal árvore do bem e do mal para dividir os bons dos maus, os certos dos errados. Resumindo: eu (que pertenço ao mal) e os outros, que formam o bem, no qual não acredito por ignorância ou cálculo.

  • Contra a pirataria

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 24/10/2005

    Dupla assalta joalheria e escolhe marcas de relógio para levar. Um dos ladrões abordou uma vendedora de uma joalheria que inspecionava a vitrine; o assaltante levantou sua blusa, mostrando uma arma à vendedora. Dentro da loja, outras vendedoras foram rendidas e obrigadas a recolher relógios das marcas Breitling, Omega e Mont Blanc da vitrine.Folha Online, 18 de outubro de 2005 

  • O seis e o meia-dúzia

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 24/10/2005

    Pegaram-me desprevenido: li nos jornais, em letras enormes, que o Brasil finalmente chegara ao seu futuro, via referendo de ontem. Textualmente: "Brasil decide o seu futuro". Qualquer que seja o resultado da consulta popular, estamos afinal no futuro que sempre nos prometeram. Pensava que era mais difícil, ou, ao menos, mais problemático.

  • Grande povo

    Diário do Comércio (São Paulo), em 24/10/2005

    O Japão está deixando sepultada no passado a cachação aplicada à sua economia por uma crise inesperada e indesejada. Consideram os comentaristas das suas conjunturas que o pesadelo de alguns anos se dissolveu como fumaça, deixando, embora, lições a serem observadas e eventualmente seguidas.

  • Sérgio e a energia nuclear

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro), em 23/10/2005

    O Brasil perdeu uma grande figura da sua diplomacia. E também da cultura. O embaixador Sérgio Correa da Costa, membro da Academia Brasileira de Letras desde 1983, somava uma série de qualidades raras na mesma personalidade. Elegante, com domínio de vários idiomas, historiador de primeira categoria, legou ao seu País trabalhos que jamais serão esquecidos, dado o seu inquestionável valor. Isso foi dito no velório, realizado na sala dos poetas românticos da ABL, antes do enterro no Mausoléu dos Imortais.

  • Queremos ser modernos

    O Globo (Rio de Janeiro), em 23/10/2005

    Não dei sorte, porque ainda peguei a fase em que não dar cachação em menino era considerado “pedagogia moderna” e coisa de frescos (que tinham que ser muito machos para encarar a barra que era ser fresco naquela época). Então, como o velho sempre pendeu, apesar de uns passageiros surtos de esquerdismo, para um certo conservadorismo, caí muito no cachação. Tenho vasta experiência, pessoal ou indireta, com a pedagogia antiga. Encarei muita surra de cinturão e palmatória, mas nunca me ajoelharam em milho, é uma falha em minha formação. Sempre havia alguém que tinha ajoelhado em milho, alguns enquanto rezavam um rosário, outros entoavam frases sonoras sobre suas culpas, muitas das quais tão floridas e elaboradas que o castigado nem as entendia, como por exemplo “estulto estou por falta de estudo e estulto não estarei se isto tudo estudar”. Lido assim, pode até parecer moleza, mas imagine isso encostado num canto de parede, uma mão levantada acima de sua cabeça e você tendo de dizer tudo com clareza dezenas de vezes encarreiradas. Essa não era, graças a Deus, do repertório lá de casa, era de um colega meu. Havia narrativas mitológicas sobre o que faziam às crianças que agiam mal. Fiquei, creio eu, mais ou menos na média para minha turma da época, se bem que meu pai era hors-concours , justiça seja feita.

  • Os segredos do porão

    O Globo (Rio de Janeiro), em 23/10/2005

    UMA VEZ POR ANO VOU ATÉ A ABADIA beneditina de Melk, na Áustria, para participar dos Encontros Waldzell - uma iniciativa de Gundula Schatz e Andreas Salcher. Ali, durante todo um fim de semana, ficamos em uma espécie de retiro junto com prêmios Nobel, cientistas, jornalistas, duas dezenas de jovens, e alguns convidados. Cozinhamos, passeamos pelos jardins do conjunto monumental (que inspirou “O nome da rosa”, de Umberto Eco), e conversamos informalmente sobre o presente e o futuro de nossa civilização. Os homens dormem na clausura do mosteiro, e as mulheres são hospedadas em hotéis próximos.

  • Referendo inútil

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 23/10/2005

    Na crônica de ontem, declarei que não votaria no plebiscito de hoje. É uma consulta escapista bolada pelo governo, além de hipócrita e sobretudo inútil. As alternativas, proibir ou não o comércio de armas, não resolverão o problema da violência que se alçou à "pole position" de nossas misérias: concentração de renda, juros escorchantes, corrupção em vários níveis da vida pública, desemprego etc.

  • A voz dos intelectuais

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro), em 22/10/2005

    Todo o Brasil está sendo testemunha de um clamor generalizado contra o ''silêncio dos intelectuais'', título de um ciclo de conferências realizadas em várias cidades do Brasil. Evidentemente há uma boa dose de oportunismo em algumas dessas cobranças, feitas por pessoas mais interessadas em atacar um governo de esquerda que em implantar o reino da moralidade pública, mas as críticas contêm no avesso algo de positivo: um reconhecimento da importância do intelectual e mesmo uma indicação implícita dos rumos que deveriam ser seguidos para que sua função se tornasse mais eficaz.

  • Bobo sabe, o intelectual cala

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro), em 22/10/2005

    Há mais de ano, Adauto Novaes programou, no debate que ora explodiu, a temática sobre o silêncio do intelectual. A perspectiva era ainda, no momento de primeira estabilidade petista, perguntar se, diante de uma possível mudança de estrutura da vida nacional, do papel do pensador no seu seio, estaríamos saindo, de vez, e do papel do acadêmico como ''sorriso da sociedade'', ou de seu demolidor ferrenho, na proto utopia de esquerdas ainda jejunas do poder?

  • Greve de voto

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 22/10/2005

    Se amanhã não for atingido por bala perdida nem sofrer um seqüestro-relâmpago, terei uma ditosa manhã, passeando pela Lagoa e vendo a plebe rude se esbofar nas zonas eleitorais para decidir se devemos abolir os termômetros para acabar com as febres -não, não é bem isso, o referendo é sobre outra coisa, se devemos aprovar ou condenar o comércio de armas.Já faz tempo que decidi não votar em nada e em ninguém. Não precisam de minha opinião, nem mesmo eu preciso dela. Deixei de votar até mesmo na Academia, as coisas miúdas de lá, prêmios, moções disso ou aquilo etc. Não me sinto em cima de um muro. Simplesmente não vejo nenhum muro a separar a miséria humana.