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Artigos

 
  • Como a história se repete

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 13/10/2006

    Pensaram que Cristo fosse um terrorista argelino ou um travesti do Bois de BoulogneRecebi, por via postal, duas mensagens do próprio Cristo. Na verdade, trata-se do sr. Inri Cristo. O nome é estranho, mas é esse mesmo. Anos atrás, o sr. Inri Cristo chamava-se Antuérpio Gonçalves Mendes e nada de admirar que tivesse a necessidade de mudar de nome. Morava em Curitiba e exercia o nobre ofício de bancário.Deu-se que o sr. Antuérpio ouviu vozes, convocando-o a assumir a sua verdadeira identidade, que outra não era senão a de Filho Primogênito do Deus Único e Verdadeiro. Abandonou a família, que o tomava como vulgar maconheiro, abandonou as vestes profanas e o ofício, passando a se dedicar, em regime "full time", à sua inarredável missão.

  • A vida é frágil

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro), em 13/10/2006

    A humanidade deve a Kennedy e a Kruchev a sua sobrevivência, pois se fosse Stalin e Bush que tivessem, naqueles dias da crise dos mísseis, os botões por apertar, talvez não estivéssemos aqui. O risco de uma catástrofe definitiva, enquanto houver uma ogiva nuclear, é inaceitável.

  • Razão & emoção

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 12/10/2006

    Foi generalizada a impressão de que Alckmin se saiu melhor no primeiro debate com Lula, na Bandeirantes. Nem por isso aumentou sua aceitação no eleitorado, pelo contrário, perdeu três pontos, com Lula abrindo uma diferença de 11 pontos. Duas considerações sobre esse fato. Primeira: num debate, o que vale não é o apelo à razão, mas o tom de indignação com que se ataca ou se defende. Alckmin mostrou-se indignado, acuando Lula diversas vezes. E isso contou pontos para a sua performance no debate. Segunda: por maior que seja a audiência dos debates na TV, o grosso do eleitorado não toma conhecimento deles. Mais da metade da população não lê jornais e revistas, votando por empatia pessoal com os candidatos. Isso explica desde o meio milhão de votos que o estilista Clodovil conquistou em São Paulo até a liderança de Lula nas pesquisas, sempre em primeiro lugar, apesar de todos os escândalos que marcaram os últimos meses de seu governo. O eleitor médio vota em Lula porque ele é pobre, faz o gênero gente como a gente. Depois de anos em que os dirigentes do país foram da classe rica e instruída, a opção preferencial é por um pobre que se orgulha de ter a mãe analfabeta. A menos que ocorra um fato realmente novo, apesar dos debates que ainda virão, o eleitorado poderá mudar de opinião sobre Lula, mas não de dar seu voto àquele que o representa política e socialmente.Fernando Gasparian foi uma das principais referências culturais do Brasil contemporâneo. Comovente a sua luta contra o regime militar. Tenho orgulho de ter sido um de seus admiradores incondicionais. A última vez que o vi, era o mesmo Gasparian dos tempos de luta por um Brasil mais justo e civilizado.

  • O dossiê misterioso

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 11/10/2006

    Os jornais da cidade de São Tomé das Três Lagoas receberam denúncia, de pessoa que pediu para não ser identificada, de que o prefeito comprara um elefante por um milhão de reais e pretendia aumentar a renda do município com a exposição do elefante, uma vez que, num raio de 300 km, ninguém sabia como era ou podia ser um elefante.

  • Olhar itinerante

    Jornal do Brasil (RJ), em 11/10/2006

    Quando escrevi, já faz tanto tempo, o meu livro Em torno da sociologia do caminhão, tinha exata noção de que haveria de ainda ler muito pelo tema sobre o qual me apaixonei. Há um provérbio hindu que recomenda somente falar quando isso vier a ser melhor do que o silêncio. Depois da provocação da leitura do livro Olhar itinerante, resolvi quebrar o silêncio recomendável e tentar dar um depoimento mais do que entusiasmado.

  • Quem ganhou o debate

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 10/10/2006

    O debate de domingo na Rede Bandeirantes, em que pese a eficiência técnica de sua produção, foi de pasmosa inutilidade política e eleitoral. Se a parte técnica merece elogios, o conteúdo a cargo dos dois presidenciáveis foi de uma mediocridade desoladora.

  • Os donos da terra

    Tribuna da Imprensa (Rio de Janeiro), em 10/10/2006

    Andamos sempre em busca da verdade. Ou de uma verdade. Queremos saber quem somos, por que somos, de onde viemos, para onde vamos. Fazemos questão de atingir um conhecimento, que seja o mais completo possível, de nós mesmos. Num País formado, como o Brasil, de várias correntes populacionais, de cores diferentes, de religiões e costumes, acostumados a alimentos definidos, típicos das regiões de onde vieram, a urgência de sabermos tudo é maior e mais urgente.

  • Ai de ti, Copacabana!

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 09/10/2006

    Uns dias de molho e fiquei sem passar pela praia de Copacabana, que desde a minha infância faz parte do meu itinerário urbano. Ontem, aproveitando a tarde bonita, peguei a avenida Atlântica na direção Leme-Posto Seis.

  • Anjos e demônios

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 08/10/2006

    A busca de apoios para o segundo turno vem demonstrando que a ética (uma expressão-bonde que comporta diversas variantes) está sendo a tônica dos candidatos que fizeram da moralidade o diferencial de suas campanhas. Temos o caso da Denise Frossard, que desaprova seu candidato inicial (Alckmin) por causa do apoio de Garotinho, um apoio que não pode ser recusado.

  • Um livro diferente

    O Diário de Pernambuco (PE) , em 08/10/2006

    O livro de Célia Labanca é, até certo aspecto, raro. Na verdade, é um livro binário. Há um texto de ensaio e, depois, a parte romanceada. Não é livro feito às pressas. Vê-se a reflexão e a pesquisa, na parte inicial, e percebe-se o esforço da trama, na outra vertente. Tanto na reflexão, quanto no esforço, é patente que a autora insiste em cultivar a palavra.

  • Eis a questão

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 07/10/2006

    No primeiro turno, alianças foram feitas em busca de mais espaço na TV. Parece absurdo, mas foi uma realidade. Agora, no segundo turno, esperava-se que as alianças fossem motivadas por idéias e programas comuns. Não é o que está acontecendo.

  • Canto de chegada, choro de adeus

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro), em 06/10/2006

    Em 1998, na minha penúltima eleição para senador, conheci no Amapá uma repórter e apresentadora de televisão simpática, talentosa e inteligente. Era do Maranhão e fora contratada por uma equipe de TV para a campanha eleitoral do Amapá. Sorriso aberto, alegria sempre nos lábios. Era uma moça negra que transmitia aos telespectadores segurança e uma presença carinhosa. De grande coração, alegre, solidária.

  • O percento que falta

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro), em 06/10/2006

    Não podemos ter leituras equivocadas no percento que faltou a Lula no primeiro turno. Ganhará, agora, e de vez, pelo voto - opção de Lula - sobre o voto protesto, ou da indignação do instante. O confronto aí está, puro, muito mais do que entre regiões, na escolha básica entre o país instalado e a nação de fora. A queda do presidente no extremo Sul ou a surpresa de seu declínio no Centro-Oeste já podem refletir os hematomas localizados do país rico, que castiga nas urnas o situacionismo da hora pelos seus desconfortos.

  • Filosofia e sociologia no ensino médio

    A Gazeta (Vitória - ES), em 06/10/2006

    E assim vamos vivendo. De olho no futuro, mas sem deixar de prestigiar aquilo que, no passado, deu resultados concretos em termos de aprendizagem. Nada mais novo do que o velho que deu certo. Sociologia e Filosofia pertenciam à grade curricular do ensino médio. Foram retiradas não se sabe por quê. Agora voltam com força, para dar mais consistência ao aprendizado.Quando fizemos voltar a Filosofia, em 1980, parecia que o mundo viria abaixo. “Querem comunizar nossas crianças”, “Vão ensinar marxismo na escola”, “Não temos professores preparados” ou “Se vão ensinar história, pra que Filosofia?”. Respondemos, na Secretaria de Estado de Educação e Cultura, que nada daquilo ocorreria – e tínhamos professores habilitados, faltando treinamento adequado. Assim, a disciplina voltou para 120 escolas, no ano seguinte foram 250, até se generalizar a sua reintrodução em todo o sistema.A dra. Esther Figueiredo Ferraz, na época Secretária de Estado de Educação de São Paulo, pediu-nos uma visita ao seu gabinete, o que foi feito prontamente, pois queria conhecer melhor a experiência. Logo aderiu à idéia, como acabou acontecendo em praticamente todos os Estados brasileiros. Não houve nenhuma comunização, nem o simples ensino da história, e os resultados foram excelentes. Os alunos aprenderam a lidar com maior propriedade nos domínios da verdade.A decisão do MEC de aprovar parecer do Conselho Nacional de Educação, promovendo a inclusão obrigatória das disciplinas de Filosofia e de Sociologia, no currículo do ensino médio, a partir do próximo ano, tem o mérito de ir ao encontro da modernidade. São conteúdos indispensáveis ao exercício de cidadania: “As propostas pedagógicas das escolas deverão assegurar tratamento de componente disciplinar obrigatório à Filosofia e à Sociologia”.Assim pode ser alcançado um processo educacional consistente e de qualidade, na formação humanística de jovens, que se deseja sejam cidadãos éticos, críticos, sujeitos e protagonistas. Respeita-se a LDB, quando preconiza “o aprimoramento como pessoa humana, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico.” Chega-se assim aos direitos e deveres dos cidadãos, ao bem comum e à ordem democrática.Como não existem mais currículos mínimos com disciplinas estanques, o Ministério da Educação, acertadamente, adotou o termo “componente curricular”, com o qual se espera que o educando, ao final do ensino médio, tenha o domínio dos conhecimentos de Filosofia e Sociologia necessários ao exercício da cidadania, como já foi referido. No parecer do CNE fica claro que os conhecimentos relativos à Filosofia e à Sociologia devem estar presentes nos currículos do ensino médio, inclusive na forma de disciplinas específicas. Vamos nos preparar para essa volta necessária. O ensino sairá enriquecido.

  • A grande virada

    O Estado do Maranhão (São Luís), em 05/10/2006

    Numa palestra no Conselho de Comunicação Social do Congresso Nacional, o professor Frederic Litto, diretor da Escola do Futuro, fez uma série de considerações de grande relevo para os que se debruçam sobre as nossas perspectivas no mundo globalizado. Há, hoje, dezenas de pedagogias variadas (não uma só), dada a organização diferente de cada cérebro, pela disposição nunca repetida de neurônios. Se é possível concordar com o dito “em cada cabeça, uma sentença”, como aceitar a apreensão de conhecimentos diferenciados, pelo mesmo e falsamente homogêneo grupo de pessoas?