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Artigos

 
  • Eles me pegaram novamente

    Estado de São Paulo (São Paulo - SP) em, em 16/06/2002

    Não se pode facilitar. Atualmente, vinha adotando, com notável êxito, a técnica já divulgada aqui mesmo e fornecida por um deles num momento de fraqueza, seguindo a qual, quando um médico dizia "quero ver você", eu lhe mandava uma foto minha recente, com uma gentil dedicatória e anunciando que tinha mais à disposição, sempre que se fizesse necessário ver-me. Funcionava às mil maravilhas e já até previa uma velhice feliz, quando a escada interveio. Muito ancho com minhas imunidades, esqueci a escada, essa traiçoeira construção que liga meu escritório à sala de visitas e comecei a não dar bola para ela.

  • O bem amado das pulgas

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro - RJ) em, em 15/06/2002

    Até que era asseado, tomava banho todos os dias, mas tinha o sangue que ele considerava "doce", daí que era perseguido desde a remota infância por pulgas - das quais se julgava alvo preferencial e inimigo irreconciliável.

  • Nossos livros lá fora

    Tribuna da Imprensa (Rio de Janeiro - RJ) em, em 04/06/2002

    A carreira de "Macunaíma" na Europa mostra tanto o lado positivo quanto o negativo de uma literatura como a nossa, transportada para o exterior. Claro que, para todos os efeitos, somos "exóticos". Para os franceses, viemos de "là-bas". O exotismo se acentua quando o comentarista é anglo-saxônico. "The Times", comentando "Macunaíma", elogia o livro , chamando-o de "brilliant, genuine, exotic".

  • O ano Drummond

    Tribuna da Imprensa (Rio de Janeiro - RJ) em, em 29/05/2002

    Pouco sabemos da influência de Carlos Drummond de Andrade sobre a poesia latino-americana como um todo. Essa influência tornou-se mais visível a partir de 1956, quando a poesia de Drummond começou a estar presente em quase todos os jovens poetas da Argentina, do Chile, do Peru, do México, revertendo-se a situação anterior em que os brasileiros imitavam Neruda, Borges e outros poetas do continente.

  • Entre abogados nos vemos

    O Globo (Rio de Janeiro - RJ) em, em 26/05/2002

    Não sei se já contei aqui que sou advogado. Advogado, não, formado em direito, porque nunca exerci a profissão, não compareci à formatura e demorei muito em ir buscar o diploma, que por sinal desapareceu num dos muitos triângulos das Bermudas que toda casa tem e onde, ao se guardar um objeto, ele esvanece para sempre. Achar esse diploma, por sinal, é invariavelmente a tarefa urgente da próxima segunda-feira, porque pretendo inscrever-me na OAB uma hora dessas. Não precisa ninguém ficar alarmado, pois meu fito não é exercer a profissão, mas simplesmente pegar uma celazinha especial, no dia em que algum juiz crítico literário achar que fui longe demais, cometi um solecismo hediondo e mereço cana sem fiança. Nunca se sabe quando se vai precisar de uma boa carteirinha da OAB.

  • A importância da primeira infância

    O Fluminense (Niterói - RJ) em, em 19/05/2002

    Como educador, não posso deixar de valorizar a conceituação cientificamente consagrada. Os primeiros seis anos de vida são decisivos na formação da personalidade do ser humano. Somos o que virá depois. Partindo desse princípio freudiano, não muito conhecido das nossas autoridades, devemos dar uma atenção toda especial à educação infantil. O cérebro de uma criança ganha o seu peso normal exatamente nessa fase, quando bilhões de neurônios disputam espaços em nossas cabeças.

  • A palavra de Rui

    Diário do Comércio (São Paulo - SP) em, em 16/05/2002

    No prefácio da Queda do Império, escrito em 1921, disse Rui Barbosa, com o peso de sua experiência e sua formidável erudição: "O mal grandíssimo e irremediável das instituições republicanas consiste em deixar exposto à ilimitada concorrência das ambições menos dignas, o primeiro lugar do Estado e, desta sorte, o condenar a ser ocupado em regra, pela mediocridade". Palavras sábias, contra as quais não há o que opor, pois são a expressão da realidade, sobretudo neste país.

  • Educação na Nova Inglaterra

    O Globo (Rio de Janeiro - RJ) em, em 30/04/2002

    As economias são distintas. As populações também. Uma é rica e poderosa. A outra está à procura do seu melhor caminho, sem deixar de ser emergente. É claro que, em tais circunstâncias, qualquer comparação peca pela base. Referimo-nos à educação comparada de nível médio dos Estados Unidos e do Brasil.

  • O vento da história

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro - RJ) em, em 27/04/2002

    A vitória de um extremista da direita nas eleições francesas está assustando quem já devia estar assustado. Embora não seja um quadro definitivo, uma vez que no segundo turno Chirac deverá herdar os votos de Jospin, o fato é que estamos diante de um ressurgimento do conservadorismo, e, em alguns casos, do reacionarismo.

  • Nação goitacá

    Tribuna da Imprensa (Rio de Janeiro - RJ) em, em 10/04/2002

    A reedição do primeiro romance de José Candido de Carvalho, feita agora, joga-nos de volta ao fim dos anos 30, quando a ficção brasileira dava inesperadas reviravoltas, no encerramento de uma das décadas mais novidadeiras da nossa literatura. Aquele "Olha para o céu Frederico!" vinha marcar uma verdadeira mudança de rumo.

  • A realidade do show

    Jornal do Comércio (Rio de Janeiro - RJ) em, em 06/04/2002

    Não me dei ao respeito de assistir a nenhum desses shows da realidade que entraram em moda na TV de alguns países, Brasil inclusive. Nada tenho contra eles, apenas as realidades que eles mostram não me interessam. Não me comovo com elas, nem me revolto pelo fato de um cara dormir de boca aberta ou fechada, de determinada mulher ser assim ou assado. A realidade deses programas é óbvia, e a interação que provocam, excitando o público a torcer por um ou por outro, é primária. Ou como se dizia antigamente, "de quem não tem nada que fazer".

  • Israel e Palestina

    Diário do Comércio (São Paulo - SP) em, em 06/04/2002

    Agrava-se, cada vez mais, a guerra entre israelenses e palestinos, sem que se visualize no horizonte das duas nações um acordo que tenha efetiva duração e permita que as duas partes em conflito possam viver e trabalhar em paz. Israel, é, evidentemente, mais forte do que os árabes palestinos. Com suas dimensões do nosso Estado de Sergipe, Israel é uma potência mundial, não só pelos judeus espalhados pelo mundo, prolongando a diáspora, como pela alta qualidade de sua educação e meios científicos.

  • Mártires e heróis

    Folha de São Paulo em, em 03/04/2002

    Guerra, qualquer guerra, é acima de tudo uma estupidez. Mas ela faz parte da civilização e, mais do que isso, faz parte da dinâmica histórica.

  • A organização da inconsciência

    O GLOBO em, em 01/04/2002

    Foi por volta de 1940 que li sobre opinião "inconsciente", expressão lançada pela psicologia renovada. Mas o que eu não poderia nem de leve prever é que aquela denominação, aparentemente extravagante, fosse cientificamente abonada e viesse ajustar-se ao quadro eleitoral brasileiro de um passado recente.