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Torre de Babel
Dias desses, desci do meu escritório, no largo do Machado, ia direto para a garagem pegar o carro, mas me deu vontade de tomar um sorvete na carrocinha bem em frente ao prédio onde era antigamente o cinema São Luís.
Dias desses, desci do meu escritório, no largo do Machado, ia direto para a garagem pegar o carro, mas me deu vontade de tomar um sorvete na carrocinha bem em frente ao prédio onde era antigamente o cinema São Luís.
No nível filosófico, a Cabala, escrita originalmente em aramaico, procura explicar a relação entre Deus e a criação, a existência do bem e do mal, e mostrar o caminho da perfeição espiritual. Movimento de início aristocrático, tornou-se depois religioso e popular no século 16, passando a atrair multidões, até chegar ao chassidismo.
A Prefeitura do Rio de Janeiro está desenvolvendo um trabalho de complementação do Bolsa Família, sob a coordenação do economista Marcelo Neri, do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas, que mostra como um programa assistencial pode ter, ao mesmo tempo, função educacional relevante, preparando uma futura geração para dias melhores de inclusão social.
Em crônica anterior, comentei o esforço de Dilma em anunciar programas quase todos os dias, embora seu tempo mais precioso esteja comprometido com as faxinas internas, que colocam seu governo numa espécie de marca do pênalti. De uma hora para outra, pode surgir um malfeito que escape da faxina, e aí, sim, teremos uma crise tamanho família.
Mais complexa, porém não menos interessante, é a explicação para entendermos a infundada rejeição que modernamente se tem feito entre brasileiros à tradicional advertência‘ perigo de vida’, que se quer desbancada pela expressão ‘perigo de morte’, também correta, ouvida e lida vitoriosa na mídia.
Como temos visto, parece estar na moda o Estado se meter cada vez mais na vida privada dos cidadãos. Na convicção de que existem, universalmente, comportamentos "certos" ou "corretos", tecnocratas fazem tudo para impingir-nos essa correção. É comum que sejam alegadas bases "científicas" para definições do normal e do desejável, com frequência misturando-se asininamente a neutralidade da ciência com valores que não têm, nem pretendem ter, fundamento científico, mas cultural, filosófico ou religioso. Acaba-se gerando - e suspeito que isso se vem intensificando - a expectativa de que todos assumam diante da vida a mesma atitude "normal" ou "sadia" e ajam sempre de acordo com ela. Se alguém não se encaixa nessa fôrma, não só padecerá de culpa e estresse, convencido de que, de alguma maneira, é um réprobo anormal ou doente, como, em atos cada vez mais numerosos, o Estado força o cidadão a proteger-se do que é oficialmente considerado danoso ou inapropriado, cerceando-lhe, "no seu próprio interesse", a liberdade. O Estado sabe o que é bom para nós e não temos o direito de contestá-lo.
O distanciamento entre o que querem e pensam a sociedade e os políticos é um fenômeno da nossa pós-modernidade que surge a cada momento em diversas partes do mundo. Agora mesmo, temos exemplos desse divórcio tanto no plano nacional, com o caso do (ainda) ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, quanto no internacional, com as dificuldades que estão surgindo na reunião de Durban sobre meio ambiente.
Na semana da incontornável, e de há muito esperada, cerimônia do início da Comissão da Verdade, o silêncio a Vera Paiva, filha do ex-deputado Rubens Paiva, foi a nota dissonante do evento, para que se "evitasse constrangimento" aos comandantes militares ali presentes.
A pergunta é: o que se deve pensar na véspera de nossa morte? Ela foi feita a monsieur Verdoux, um dos personagens da fase madura e final de Charles Chaplin (1889-1977). No filme homônimo, de 1947, o personagem está preso e condenado à guilhotina. Bancário durante 30 anos, ao perder o emprego decidiu casar ou namorar mulheres ricas, matava-as com frieza e sabedoria, e só por acaso foi descoberto pela polícia. Praticamente, ele já estava cansado do ofício.
Pode-se ter uma visão pessimista da Primavera Árabe diante do que está ocorrendo na Síria, onde o ditador Bachar Al-Assad, quanto mais isolado fica, mais aumenta a violência da repressão. Pela primeira vez, a Liga Árabe adota sanções econômicas contra um de seus membros nessa dimensão, depois que a Síria se recusou a colocar em prática o plano para conter a violência no país e não aceitou a presença de observadores internacionais: suspensão dos voos entre os países árabes e a Síria, proibição de viagens aos países árabes para certas autoridades, congelamento de negócios comerciais com o governo sírio e das contas bancárias do governo nos países árabes.
Um dia, estava com Tancredo Neves e descontraidamente conversávamos sobre a política, as suas vicissitudes, suas amarguras e seu potencial gratificante. Perguntei-lhe o que responderia se ele tivesse de arrolar três virtudes que deviam ter os políticos. Ele com certo humor me disse: “Sarney, para mim acho que as sete primeiras são paciência, as outras três você pode escolher como quiser.” Rimos juntos e fiquei logo certo de essas primeiras sete eu possuía demais e muitas vezes fui criticado por essa conduta.
No domingo passado, eu disse que ia tratar de peitos e acabei mal tocando (deixem de ser maliciosos) no assunto. Fui falar no ministro que, pelo visto, ia instituir o tratamento de "meu querido" e "minha querida" em reuniões ministeriais, para não falar na temível mas não improvável hipótese de que se dirigisse a uma colega, ou à própria presidente, como "minha filha", e aí tive nervosismo cívico e abandonei os peitos. Hoje, já um pouco desmotivado, mas sem querer deixar de cumprir a promessa (ou ameaça), vou aos peitos.
Comenta-se, com certo júbilo, as mudanças que estão ocorrendo em parte do mundo árabe, que estão sendo chamadas de Primavera Árabe.
A Academia Brasileira de Letras prestou uma homenagem, na última quinta-feira, ao economista Roberto Campos pela passagem dos dez anos de sua morte, a 9 de outubro de 2001, e eu fui o escolhido para falar sobre ele. Suas ideias continuam provocando polêmicas, embora antes de morrer tenha podido constatar que elas ganharam espaço no mundo globalizado. Uma de suas muitas frases, ele que foi um formidável fazedor de frases, pode definir bem a situação: "Estive certo quando tive todos contra mim."
A indagação de nosso leitor sobre a correção do uso de ‘erário público’ nos abriu a oportunidade de conversarmos um pouco sobre o logicismo em relação a expressões corretas e correntes na variedade formal do idioma e, por isso mesmo, abonadas pelos nossos melhores escritores, antigos e modernos.