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Artigos

 
  • Ainda é cedo

    Folha de São Paulo, em 25/10/2011

    Aconteceu com Saddam Hussein, Bin Laden e, agora, com Kadafi. Líderes importantes, como Obama, declararam que o mundo ficou melhor sem eles. É possível. Numa das perseguições aos cristãos durante o Império Romano, um dos Césares mandou erguer uma coluna que até hoje existe, declarando que não havia mais cristão na face da Terra e que o mundo seria melhor.

  • O crime compensa

    O Globo, em 23/10/2011

    Distinto leitor, encantadora leitora, ponham-se na pele de quem tem de escrever toda semana. Não me refiro à obrigação de produzir um texto periodicamente, sem falhar. Às vezes, como tudo na vida, é um pouquinho chato, mas quem tem experiência tira isso de letra, há truques e macetes aprendidos informalmente ao longo dos anos e o macaco velho não se aperta. O chato mesmo, na minha opinião, é o "gancho", o pé que o texto tem de manter na realidade que o circunda. Claro, nada impede que se escreva algo inteiramente fantasioso ou delirante, mas o habitual é que o artigo ou crônica seja suscitado pelo cotidiano, alguma coisa que esteja acontecendo ou despertando interesse.

  • "O Lago do Como"

    Folha de São Paulo, em 23/10/2011

    Éramos primos e da mesma idade, tinha pavor dela. Sua mania era me morder no rosto, eu era bochechudo e acho que isso a atraía. Quando vinha passar dias em nossa casa, eu vivia escondido nos fundos do imenso quintal onde o pai criava galinhas. Era um horror quando nos encontrávamos. Ela vinha diretamente em cima de mim, os dentes cerrados, como uma bruxa mirim.

  • Moscou ou Moscovo?(II)

    O Dia (RJ), em 23/10/2011

    Da leitura atenta do texto de Gonçalves Viana citado na coluna anterior extraem-se quatro princípios que, segundo ele, norteiam ou devem nortear a adoção dos termos geográficos no português: a) a equivalência das unidades léxicas, isto é, tais termos estão no mesmo nível de importância daqueles que se denominam palavras essenciais; b) a necessidade de buscar a adoção de termos que se identifiquem fonética e morfologicamente com as características linguísticas do português; c) a conveniência de restaurar aquelas formas empregadas "pelos escritores do período áureo da nossa literatura"; d) a oportunidade de modificar "as feições ortográficas que sejam evidentemente reconhecidas como arcaicas ou errôneas".

  • Tardes de Alba Iulia

    Congresso da Universidade de Alba Iulia na Romênia, em 22/10/2011

    Sou um vassalo da língua portuguesa. Pago tributo em peças de ouro ao erário da etimologia latina de meu sublime e incerto suserano.  O português e o romeno ocupam os extremos de um mesmo horizonte linguístico. Eis a razão pela qual  Mircea Eliade traçou um paralelo entre Camões e Eminescu. Somos herdeiros de um latim vetusto.

  • As aflições do magistério

    Jornal do Commercio (RJ), em 21/10/2011

    O que se tem para comemorar no "Dia do Professor"? A conquista de melhores salários? A reforma dos cursos de Pedagogia? A volta do respeito aos professores?

  • Quando vai parar a faxina?

    Jornal do Commercio (RJ), em 21/10/2011

    Quando vai parar a faxina? É a pergunta mais funda em que a consciência política do país se interpela sobre a sucessão de escândalos de corrupção, que vem de par com a consolidação do governo Dilma. Importante, de saída, é o quanto, de parte do Planalto, não existem travas para o pleno exercício da denúncia e da chamada às contas do aparelho público brasileiro. Nem em qualquer momento encontrou guarida a cobertura de primeiros escalões, frente a suspeitas e aos probatórios que prosperaram nos pavimentos ministeriais.

  • O primeiro livro

    Folha de São Paulo, em 21/10/2011

    Dezembro de 1997 - Estou reescrevendo "O Ventre", meu primeiro livro. Não esperei que a Companhia das Letras me mandasse o disquete, pedi que Flavinha digitasse o texto da sexta edição (Civilização Brasileira) e comecei a mexer fundo. No início, timidamente, depois fundamente. Sem alterar a história e o clima, estou fazendo, em termos de linguagem, um novo livro.

  • Corpo e alma

    Folha de São Paulo, em 18/10/2011

    Quase dez meses de novo governo e a impressão que nos dá é a de um corpo gigantesco (o Estado em si), mas sem alma. Não chega a ser culpa exclusiva de dona Dilma, que faz o que pode, repetindo nos muitos pronunciamentos de agora os mesmos temas de sua campanha eleitoral.

  • Comércio e finanças na economia internacional

    Jornal do Commercio (RJ), em 16/10/2011

    O comércio e as finanças são os dois pilares da economia globalizada, dentro da qual estamos todos inseridos. Têm regimes internacionais distintos (OMC e FMI), que são, no entanto, interdependentes, como indica a discussão sobre os desalinhamentos cambiais e seu impacto no comércio exterior. Por causa da amplitude da crise financeira e das dificuldades da negociação da Rodada Doha, inseriu-se também na pauta internacional, com renovada intensidade, o tema do déficit da governança prevalecente na economia mundial. Disso se vem ocupando o G-20.

  • Um campo e um tiro

    Folha de São Paulo, em 16/10/2011

    A campanha contra a corrupção, tão necessária e urgente, tem um defeito: falta-lhe um rosto. Ou melhor: a corrupção tem tantos rostos que dificulta a identificação do tumor. Com frequência quase diária, surgem novos e ressurgem velhos nomes, de tal maneira amontoados que o protesto ou a indignação do cidadão se dispersa numa compreensível e impotente generalidade.

  • Moscou ou Moscovo?(I)

    O Dia (RJ), em 16/10/2011

    Desde logo informo aos meus leitores que o propósito destas linhas não é dar uma resposta à questão proposta acima, porém , tão somente discutir alguns pontos em torno da necessária unidade numa seção do léxico português compreendida pelos nomes próprios geográficos e por nomenclaturas científicas e técnicas, preocupação agora retomada pelo  novo Acordo.  Informo também sobre uma distinção àqueles leitores que sempre veem com má vontade esses esforços de unificação  de certos aspectos possíveis da língua que falamos e  escrevemos, indivíduos que fecham os olhos à consciência da maioria dos falantes de que usamos, na essência, de um só idioma.Discutir se vale a pena unificar o nome da cidade russa—se Moscou, como ocorre no Brasil, ou se Moscovo, como se dizem Portugal—não é o mesmo que discutir se devemos eleger um dos dois: ou o  ‘trem’ brasileiro ou o‘comboio’ português ou, ainda, na mesma linha dos veículos, se o ‘ônibus’ ou o ‘autocarro’.  

  • Novos horizontes ideológicos

    O Globo, em 16/10/2011

    Fez-se atento silêncio no bar de Espanha, quando Zecamunista, que havia levado algum tempo sem aparecer, chegou e anunciou que estava criando o IPCA. Passara muito tempo lendo e meditando sobre a realidade nacional e chegara à conclusão de que era necessário encará-la sob nova perspectiva, despir-se dos vícios intelectuais antigos e abrir novos horizontes ideológicos. Nossos problemas precisavam de soluções originais e ele agora tinha a convicção de que o IPCA seria um dos pontos principais dessa nova abordagem. Se o exemplo da ilha fosse seguido em todo o Brasil, o IPCA poderia ser a chave para uma nova era de paz e prosperidade. Abrir-se-iam oportunidades para todos e se formulariam claramente as bases ideológicas que hoje já mais ou menos norteiam as ações dos nossos governantes. E ele não só tinha redigido o ato de constituição do IPCA como havia marcado uma assembleia fundadora, a realizar-se com a presença de representantes de todos os municípios do Recôncavo.

  • A travessia

    O Globo, em 16/10/2011

    O documentário "Tancredo, a travessia", de Silvio Tendler, que será lançado oficialmente no final do mês, complementa a trilogia que teve início com "Jango" e "Anos JK" no relato da história recente do país, mas se supera na captura da alma conciliadora de Tancredo Neves e na revelação da sua matreirice política que estava sempre a serviço da democracia, como salienta o ex-presidente Fernando Henrique em seu depoimento.