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Artigos

 
  • Viver corretamente

    O Globo, em 26/12/2010

    Não sei bem a que se pode atribuir a crescente moda de intervir na vida pessoal do cidadão brasileiro. Inclino-me a acreditar que isso se deve à falta do que fazer de um número cada vez maior de burocratas e tecnocratas. Todos eles detêm certezas sobre tudo o que julgam ser de sua alçada. Em matérias “técnicas”, não há espaço para posições divergentes. Afinal, a técnica provém da ciência e a ciência fornece certezas. E essas certezas são tão poderosas que devem sobrepor-se até mesmo aos valores de indivíduos ou coletividades. O conceito de normalidade, tão enganoso não só científica como filosoficamente, parece para elas assente e inequívoco.

  • Reinventar-se

    Zero Hora (RS), em 26/12/2010

    Falando do arquiteto Oscar Niemeyer, que quase aos 103 anos resolveu tornar-se compositor e escreveu um samba (verdade que não muito bom), disse um jornal que o grande brasileiro acabava de se reinventar. Reinventar-se: esta é uma palavra que, em 2010, ganhou em destaque em nosso vocabulário.

  • Notas das noites-boas

    O Estado do Maranhão, em 26/12/2010

    O Natal é, das festas populares, aquela que tem um significado sem apoio na razão. É um mistério jamais desvendado, que somente se apoia na fé e no dogma. Só ela nos faz recolher deste dia tudo de transcendente que é a aliança de Deus com os homens. Deus, senhor de todas as coisas e do mundo, manda a este planeta azul um menino, seu filho, para que não estejamos sós na face da Terra. Ele nos dará confiança e apoio nas nossas desilusões e nos ajudará a cantarmos as aleluias de ação de graças nas nossas alegrias.

  • Herança judaica em Portugal

    Jornal do Commercio (RJ), em 24/12/2010

     Muito já se escreveu sobre a herança de judeus na Península Ibérica. Depois de uma visita a 15 cidades portuguesas, incluindo as sinagogas e museus de Lisboa, Belmonte, Castelo de Vide e Tomar, pode-se concluir que a herança judaica foi muito forte e altamente representativa.

  • Oman, nosso parceiro no Oriente Médio

    Jornal do Commercio (RJ), em 24/12/2010

    Depara-se o novo governo com uma presença internacional cada vez mais rica, e focada no Oriente Médio. Ganhamos esta dimensão, tanto quanto hoje parceiros dos Brics, e a dividir, sobretudo com a China e a índia, um novo protagonismo, por inteiro largado da velha geopolítica de centros e periferias. Voltamo-nos para o nosso mercado interno - em contraste com os parceiros asiáticos - e juntamos à expansão econômica a mobilidade social, a consciência popular e, sobretudo, o crescente respeito à democracia no nosso desenvolvimento político. Somos atores excrescentes ao que o Ocidente subordinou ao meridiano fatal dos colonialismos, e de um sul cativo das metrópoles européias e dos Estados Unidos. A insistência do governo Lula em somarmo-nos ao dinamismo do Oriente Médio pode, hoje, ganhar todo o seu impacto, na convergência com as nações da península arábica e, em especial, e ao lado dos Emirados, no que representa o Sultanato de Omã.

  • Instante de Natal

    Folha de São Paulo, em 24/12/2010

    Engrena a ré e ajeita o carro dentro da garagem. Tudo sairá bem. A mulher distrairá as crianças enquanto ele abrirá a mala do automóvel e apanhará os presentes miúdos, aqueles que ficaram para a última hora.

  • Saco cheio de Papai Noel

    Jornal do Commercio (RJ), em 23/12/2010

    Tempos natalinos provocam mão de obra suplementar em nosso cotidiano. Somos obrigados às confraternizações, aos votos de boas-festas, a dar e a receber presentes, um saco.

  • Poesia nas ruas

    Jornal do Brasil, em 21/12/2010

    Por uma natural associação de ideias, lembrei-me dos anúncios que enfeitavam os bondes do Rio de Janeiro. Quem tinha o privilégio de sentar nos seus bancos de madeira, poderia distrair a vista em reclames (como eram chamados, na época) de bom-gosto, alguns dos quais tornaram-se célebres, como o do Rhum Creosotado: "Veja o ilustre passageiro/ O belo tipo faceiro/ Que o senhor tem ao seu lado/ Mas no entretanto acredite/ Quase morreu de bronquite/ Salvou-o o Rhum Creosotado." Mesmo que a bronquite pudesse piorar com o emprego equivocado do "no entretanto", era um versinho de fácil apreensão e cumpria o seu papel de fazer propaganda do produto da moda.

  • Papai Noel, barba e barriga

    Zero Hora (RS), em 21/12/2010

    O mercado natalino é uma fonte de empregos transitórios. Deles, o mais transitório é representado pelas pessoas que se fantasiam de Papai Noel. Um desempenho que não exige muito talento teatral; tudo o que o Papai Noel tem a fazer é sentar-se na frente de um estabelecimento comercial, receber as crianças, fazer gestos amistosos, sorrir.

  • Diplomacia, sigilo, vazamentos

    O Estado de São Paulo, em 19/12/2010

    Suscita múltiplas indagações a divulgação de mais de 250 mil telegramas diplomáticos dos EUA pelo WikiLeaks. Capitaneada pelo australiano Julian Assange, a organização objetiva combater, pela publicidade, más condutas governamentais de variável gravidade - da hipocrisia a crimes de guerra. Entre as muitas perguntas que cabe fazer a propósito desse caudaloso vazamento, menciono: é possível preservar o sigilo na era da revolução digital? Numa democracia existem limites aceitáveis à instantaneidade da transparência da conduta governamental? Qual é hoje o papel do sigilo na vida diplomática?

  • A ilha na vanguarda genética

    O Globo, em 19/12/2010

    Não lembro se já tive a oportunidade de mencionar aqui determinados fenômenos, no campo da sexualidade e da reprodução, restritos, pelo que se sabe, à ilha de Itaparica. Devo ter dito alguma coisa, mas é tema sempre merecedor de atenção. Por exemplo, uma visita ao Mercado Municipal Santa Luzia, movimentado centro do comércio local, poderá, se bem conduzida, render preciosas informações sobre como certos criadores de galos de briga do Alto das Pombas e da Misericórdia, depois de afincadas tentativas, cruzaram galinhas de briga com urubus, obtendo linhagens excepcionais. Nunca consegui ver um desses híbridos, mas não vou duvidar da palavra de meus conterrâneos.

  • O bairro como cadinho de culturas

    Zero Hora (RS), em 19/12/2010

    Esta semana, o museu da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (que por simbólica coincidência funciona na Avenida Osvaldo Aranha 277) inaugurou uma exposição sobre o bairro do Bom Fim com o sugestivo título de Um Bairro, Muitas Histórias. Para quem, como eu, nasceu e se criou no Bom Fim, para quem passou a infância e a juventude ouvindo, e vivendo essas histórias, este é um evento tão nostálgico quanto emocionante.

  • O lulismo: futuro do petismo?

    Jornal do Commercio (RJ), em 17/12/2010

    As análises profundas de Maria Sylvia Carvalho Franco e Sérgio Fausto sobre a dinâmica do lulismo fascinam por uma nova inquietação: como vai a nossa inteligência de fato reagir ao novo governo, na esteira do atual Planalto? O que inquieta, nestes primeiros rasgos, é a sedução dos intérpretes por um contraditório fácil, em que as visões sumárias de uma ideologia e contraideologia não abram espaço para uma aposta no ineditismo da presente experiência brasileira da mudança. 

  • Morte no avião

    Folha de São Paulo, em 17/12/2010

    Você pode estar apreciando um pôr do sol a 12 mil metros de altitude, nuvens lá embaixo, o brilho metálico da asa do seu avião, a eficiência calma e monótona dos reatores.

  • Salão dos românticos

    Jornal do Commercio (RJ), em 16/12/2010

    Na Academia Brasileira de Letras, há um salão bonito, mas um pouco sinistro. É o Salão dos Poetas Românticos, com bustos dos nossos principais românticos na poesia: