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Artigos

 
  • Não às armas

    Brasil Econômico, em 15/12/2010

    A América Latina é o continente mais pacífico do mundo. Não faz parte de nossa história atacar uns aos outros. As guerras datam de mais de 70 anos. Depois não houve nada com a violência da Guerra do Paraguai ou da Guerra do Chaco; os conflitos, como entre Peru e Equador ou o caso das Malvinas, foram limitados em perdas humanas.

  • A favorita do sultão

    Jornal do Commercio (RJ), em 14/12/2010

    Neste início de século e milênio, a mulher pode fazer um balanço de suas conquistas. Escrava submissa do lar, objeto indefeso diante dos apetites machistas, cidadã de segunda classe e serviçal de primeira necessidade, tudo isso ainda não acabou, mas está acabando cada vez mais depressa. A mulher lutou e conseguiu o direito ao voto, ao mercado de trabalho, ao divórcio, à pílula. Ganhou todas. Não funciona mais como a favorita do sultão -o homem.

  • Cura-te a ti mesmo

    Zero Hora (RS), em 14/12/2010

    Fui professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Ciências Médicas. Uma experiência extremamente gratificante; a escola é um centro de excelência, tanto no que se refere a professores quanto a alunos, cujo nível é excepcional. Vocês podem, portanto, imaginar minha surpresa, desagradável surpresa, diante do episódio que, na última semana, foi notícia no RS e no Brasil. Resumindo: nas eleições para o Centro Acadêmico, venceu uma chapa da qual faziam parte dois homossexuais. E-mails foram enviados aos alunos fazendo alusões ao fato, usando a expressão “escória” e fazendo uma inacreditável recomendação: “No momento da consulta de uma bicha ou recuse-se (pelos meios cabíveis em lei) ou trate-o erroneamente!!!”. Frase que, a propósito, associa-se às manifestações homofóbicas ocorridas no país, inclusive com violentas agressões físicas. A reitora Miriam da Costa Oliveira manifestou de imediato sua repulsa e informou que a universidade instituiu uma comissão de sindicância para investigar o caso, o que também será feito pelo Ministério Público.

  • Estava escrito

    Correio Braziliense, em 14/12/2010

    Duas notícias foram destaque na semana passada. A primeira: o Pisa (Programme for International Students Assesment, Programa Internacional de Avaliação de Alunos), instituído pela OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico), fez uma pesquisa analisando o desempenho escolar em vários países. Os resultados mostraram que, no Brasil, quase a metade (49,6%) dos 20 mil jovens avaliados tem dificuldades em ler e compreender um texto.

  • Ainda a guerra sem fim

    O Estado de São Paulo, em 12/12/2010

    Na semana passada, quando falei nos participantes do mercado de drogas, houve quem observasse que quase deixei de lado o consumidor, tido corretamente como o principal elemento, pois sem ele não haveria nem produção nem comércio. É ele a razão de ser do mercado. Ou seja, acabar com a demanda acabaria com a oferta. Certo, certíssimo, mas quem acaba com a demanda? Esse tipo de conversa termina parecendo, para algumas pessoas, que é uma defesa do consumo, mas não é. É uma constatação, tão despida de valores quanto possível. Não digo nem, o que é verdade sob outros ângulos, que sou contra o consumo. Aqui, agora, pretendo somente vê-lo.

  • A grande dama do Sertão

    Jornal do Commercio (PE), em 12/12/2010

    Há 100 anos, no dia 17 de novembro de 1910, no antigo nº 86 da Rua Senador Pompeu, em Fortaleza, nascia Rachel de Queiroz. Descendia, pelo lado materno, da estirpe dos Alencar, parente, portanto, do ilustre autor de O Guarani, pelo lado paterno, dos Queiroz, família de raízes profundamente lançadas no Quixadá e Beberibe. Essa ancestralidade e o decisivo apoio de seus pais indiscutivelmente seriam, sem dúvida, os responsáveis pelo desabrochar de seu talento literário, ainda em tenra idade, e pelo imenso amor que nutria pelo Sertão nordestino ao longo de sua vida de escritora.

  • A cultura da fila

    Zero Hora (RS), em 12/12/2010

    É uma cena comum em aeroporto; já antes da chamada para o embarque, às vezes muito antes, passageiros começam a formar uma fila. O que não deixa de ser estranho; afinal, os lugares já estão previamente marcados, não há necessidade de pressa. Nem mesmo a disputa pelo lugar no compartimento de bagagens serve como explicação, pois muitos dos que estão na fila não têm qualquer bagagem de mão. Uma razão para esse comportamento poderia ser a natural ansiedade desencadeada pela viagem em si. Mas, ao menos no caso do Brasil, há um outro, e curioso motivo. É que gostamos de fazer fila. Algo surpreendente, num país sempre caracterizado pelo pouco apreço à ordem e à disciplina; a regra parece ser chegar primeiro a qualquer custo, combinando esperteza e o poder dos cotovelos. Contudo, a fila não é só uma maneira de organizar uma determinada demanda, seja por ingressos, seja pelo acesso a um determinado lugar. A fila é um estilo de vida, e isso fica muito visível nos fins de semana, nas casas de diversão. Passem pela Goethe num sábado à noite e vocês constatarão isso.

  • Nome aos bois

    Diário da Manhã (GO), em 11/12/2010

    Leitora de distantes terras, acho que de Garanhuns ou mais longe ainda, manda-me e-mail reclamando de algumas coisas e elogiando outras. Diz ela que não se espantou quando soube que o noivo, vindo ao Rio a trabalho, foi atropelado na N. Sra. de Copacabana e removido, com risco de vida, para um hospital na zona sul.

  • O sino do sino

    Diário da Manhã (GO), em 11/12/2010

    Mestre Rubem Braga, habitante do mesmo lugar de infância de Roberto Carlos, Cachoeiro de Itapemirim, conta que, no fundo do sertão, uma pequena igreja tinha um sino de ouro. A cidade também era pequena e o povo se acostumou com o som de ouro do sino, sem saber se o som também era de ouro e era um toque de alegria e felicidade. Como se todos viessem daquele som. Pois o sino em cidade do interior é o aviso das coisas cotidianas, o relógio do trabalho ou descanso ou convite ao culto, com o alvoroço nas vitórias e dorido anúncio nos enterros.

  • Encontro do belo na Lello

    Jornal do Commercio (RJ), em 10/12/2010

    A sugestão foi do inspirado escritor e acadêmico Moacyr Scliar: “Se tu vais a Portugal, não deixes de visitar a Livraria Lello, no Porto. Na minha opinião, é a mais bonita do mundo.”

  • Ler e viajar nas palavras

    Jornal do Brasil, em 10/12/2010

    O notável discurso que Mario Vargas Llosa pronunciou ao aceitar e receber o Prêmio Nobel é uma peça literária, destas que recentemente não é fácil encontrar. Profissional da escrita, fez o que um escritor do seu porte não dissimula na controvérsia de gerar dúvidas existenciais: o elogio da leitura e da ficção, descritos na magia do que constrói tudo isso, a palavra.

  • Lições do Rio

    Zero Hora (RS), em 30/11/2010

    Olhando as imagens dos carros e ônibus incendiados no Rio de Janeiro, lembrei-me de uma cena similar que presenciei há anos em Montevidéu. Caminhávamos pelo centro da capital uruguaia quando encontramos uma pequena e barulhenta manifestação dos tupamaros, à época um dos movimentos mais radicais da esquerda latino-americana.

  • Medicina dá samba?

    Correio Braziliense, em 30/11/2010

    O próximo 11 de dezembro assinala o centenário de nascimento de uma das figuras mais importantes da música brasileira, Noel de Medeiros Rosa, o autor de composições inesquecíveis como Com que roupa?, Palpite infeliz, Último desejo, Fita amarela, O orvalho vem caindo, Até amanhã, Quando o samba acabou, Conversa de botequim, Feitio de oração, Feitiço da Vila, Três apitos, Pra que mentir?, Meu barracão e tantas outras. Foi uma curta existência, a sua, marcada tanto pela boemia como pelo sofrimento. Morreu em 1937, com apenas 26 anos de idade, deixando contudo uma obra que até hoje nos assombra e nos comove.

  • A culpa é do governo

    O Estado de São Paulo, em 29/11/2010

    A gente se acostuma a tudo. Os biólogos dizem que a repetição do estímulo inibe a resposta. Provocar continuadamente uma reação no organismo ou na mente acaba não surtindo mais efeito. Pode-se fazer uma analogia com a nossa desaparecida indignação, que, de tão cutucada, já não se manifesta e, em alguns de nós, parece ter-se convertido em resignação e cinismo amargo. É isso mesmo, os políticos são ladrões, os administradores são incompetentes, os serviços públicos são abomináveis, a educação é um desastre, a saúde é uma calamidade e a insegurança é geral - acabou-se, nada a fazer, o Brasil é assim mesmo. É triste ver a amada cidade do Rio de Janeiro, orgulho de todos nós, transfigurada numa Bagdá à beira-mar, carros blindados conduzindo tropas de assalto e armamento pesado, soldados de fuzil em punho se esgueirando em ruelas, como víamos somente em filmes de guerra. Entre metralhadoras, granadas, carros e ônibus em chamas, repórteres usando coletes à prova de balas e gente espavorida, é como assistir à cobertura da Guerra do Golfo. Isto é, enquanto uma bala não estilhaçar o televisor, caso em que teremos também recebido, como tantos outros concidadãos, nosso batismo de fogo.

  • Acordo ortográfico e volp (2)

    O Dia ( RJ), em 28/11/2010

    A pergunta de que trataremos é sobre a Base V, item 25, "e", quando o novo Acordo Ortográfico registra a possibilidade de alguns verbos terminados em -iar (negociar e premiar) admitirem a dupla conjugação negocio/negoceio, premio/premeio, isto é, embora em -iar, seguem o modelo dos verbos em -ear, por exemplo frear (freio), passear (passeio). Em Portugal, formas como "negoceio" e "premeio" são mais frequentes do que no Brasil, mas ambas existem em todo o domínio da língua portuguesa.