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Artigos

 
  • A Política e as Ruas

    O Globo, em 02/04/2014

    As manifestações de rua de 2013 davam a impressão de que conseguiriam sensibilizar o universo, hermético e abstrato, de nossos poderes. E me refiro aos três níveis de governo. Raros os políticos naquela quadra que usaram palavras de alta voltagem, com severa autocrítica, dignos de uma Roma em estado terminal. 

  • Memória e Democracia

    O Globo, em 05/03/2014

    Nesta quarta-feira de cinzas, devo terminar a arrumação das velhas cartas de família, tarefa que sempre adiei, para desviar o rosto de meus fantasmas. Decidi, no tempo que precede a Páscoa, mergulhar no rio de águas esferográficas, quase todas de azul claro, narradas num presente que me parece, hoje, ficcional: de vidas liquefeitas, encontros e súbitas despedidas. 

  • Banco dos Brics

    O Globo, em 05/02/2014

    É o que parece desenhar-se no horizonte da sexta reunião de cúpula dos Brics, que se realizará em Fortaleza no mês de março. A ideia de um banco de desenvolvimento de países emergentes enseja um debate produtivo, para além do exausto sistema de Bretton Woods, de que o FMI e o Banco Mundial são as pupilas gerenciais. 

  • O que é a verdade?

    Folha de S. Paulo, em 28/01/2014

    Recebi, semanas atrás, não sei se uma intimação ou um convite, para comparecer à Comissão Municipal da Verdade Vladimir Herzog, de São Paulo.

  • Golfinhos e condor

    Folha de S. Paulo (RJ), em 21/01/2014

    O editor de um segundo caderno encomendara a Irineu, um free-lancer que estava sempre disponível, uma pesquisa sobre os golfinhos da baía de Guanabara, golfinhos que constam do escudo oficial da cidade do Rio de Janeiro, mas ausentes, há mais de um século, das águas que a cercam.

  • Do diário de um seminarista

    Folha de S. Paulo (RJ), em 14/01/2014

    Grave incidente para perturbar a nossa tranquilidade, provocado pelo próprio senhor arcebispo. Veio enfurecido do palácio, para desabafar aos gritos com os nossos superiores, que nada tinham a ver com a história.

  • A ordem do dia

    Folha de S. Paulo, em 12/01/2014

    Meus camaradas: Estamos todos reunidos aqui, ao pé da pátria amada, para render tributo ao dia de hoje. Em nosso calendário cívico, a data de hoje é, sobretudo cara aos que verteram seu generoso sangue em defesa de nossa integridade territorial. Refiro-me, como é claro, aos valorosos soldados desconhecidos que tombaram no campo de batalha, regando com seu sangue enobrecido os nossos mais claros e supinos ideais de brasilidade.

  • Programação intensa

    O Globo, em 12/01/2014

    Como de costume, vou deixar em paz o generoso leitor e a amável leitora por quatro domingos, neste começo de ano, a partir de hoje. Se não erro aqui nas minhas contas, devo estar de volta em 16 de fevereiro. Também como de costume, vou passar o tempo que puder na minha terra, com os amigos de infância, que vêm escasseando num ritmo alarmante, o que os torna cada vez mais preciosos. Lá se foi, faz poucos meses, Ary de Almiro, que jogou bola comigo e, quando rapazinho, era discípulo de meu primo Walter Ubaldo, na Escola Filosófica do Sorriso de Desdém. “Mais eloquente que a pena do escritor, mais poderosa que a espada do soldado, a maior arma que o homem tem é o sorriso de desdém” — era o moto da escola e eles saíam pela rua, tacando o sorriso de desdém a torto e a direito.

  • A ordem do dia

    Folha de S. Paulo (RJ), em 12/01/2014

    Meus camaradas: Estamos todos reunidos aqui, ao pé da pátria amada, para render tributo ao dia de hoje. Em nosso calendário cívico, a data de hoje é, sobretudo cara aos que verteram seu generoso sangue em defesa de nossa integridade territorial. Refiro-me, como é claro, aos valorosos soldados desconhecidos que tombaram no campo de batalha, regando com seu sangue enobrecido os nossos mais claros e supinos ideais de brasilidade.

  • As dores da Tunísia

    O Globo, em 11/01/2014

    Ontem pela manhã, no hall do hotel Eastin, aqui em Kuala Lumpur, uma tunisiana parecia particularmente feliz com as notícias de seu país, embora cautelosa sobre as consequências. A escritora Hélé Béji, uma das principais intelectuais da Tunísia, fundadora do Colégio Internacional de Túnis, fizera uma palestra angustiada no dia anterior, na Universidade Malaya, dando um panorama sombrio do que acontecia em seu país desde que um jovem vendedor ambulante de frutas e verduras se imolou em praça pública, em protesto contra os desmandos das autoridades, desencadeando o que ficou conhecido como “Primavera Árabe". 

  • O sonho chinês

    O Globo, em 10/01/2014

    O seminário de Kuala Lumpur da Academia da Latinidade teve ontem seu ponto alto na visão de estudiosos chineses sobre o "século chinês", que eles aceitaram classificar de "século asiático" para ficarem dentro do espírito da região. O professor de Literatura Comparada e Tradução Zhang Longxi, da Universidade de Hong Kong, defendeu a necessidade de integração com o Ocidente citando Lu Xun, que classificou como "um dos mais radicais pensadores da moderna história chinesa".

  • Santurantikuy

    O Globo, em 01/01/2014

    Este é o nome de uma das feiras natalinas de maior relevo no Peru, montada ao longo da Praça de Armas, na imperial cidade de Cusco. Lembra uma ópera ao ar livre, onde o espanhol cede lugar ao quíchua, a prosa do áspero quotidiano, à poesia e ao sino das igrejas, aos cantos populares, como se formasse um coro misto a celebrar o nascimento de Emanuel, chamado carinhosamente de Manuelito ao longo do mundo hispânico. 

  • Início de caso

    Folha de S. Paulo, em 31/12/2013

    Tudo mudou quando, na manhã de um domingo, olhando da janela do quarto do hotel para a praia, vi uma jovem que acenava para mim, querendo falar comigo. Nunca a tinha visto, em Cabo Frio nem em lugar nenhum. Mas era uma jovem bonita, de cabelos lisos, usando uma calça jeans esfarrapada, uma blusa verde mal abotoada, presa na cintura por um laço mal dado.

  • Mal na fita

    O Globo, em 29/12/2013

    A mais recente edição da revista “Foreign Affairs” traz duas análises que se combinam: os países que merecem a atenção dos investidores e aqueles que são os “eternos emergentes” e acabam não realizando as profecias que fazem sobre eles. Infelizmente o Brasil, que já foi uma das estrelas daquele time de vencedores, passou a esta última categoria.

  • Do diário do coroa

    O Globo, em 29/12/2013

    Querido Diário,

    Acabou o ano, o tempo passa cada vez mais depressa. Hoje vai aparecer ainda mais gente, lá no boteco. Já viraram tradição da casa os cumprimentos de fim de ano, bons desejos, muita paz, muita saúde, essas frescuras automáticas que todo mundo diz da boca para fora e em que ninguém presta atenção. Eu retribuo tudo o que me dizem, mas cada dia me exaspera mais a parte do “você está muito bem”. Só quem ouve essa conversa do “você está muito bem” é velho, ninguém diz isto a um jovem. É um saco, até porque muitos falam estas coisas somente para receber a retribuição e a gente tem de cumprir o ritual. Ôi, tudo bem, mas, cara, o tempo não passa para você, você está muito bem, em grande forma! Não, você é que está ótimo — e fica essa nênia ridícula de lá para cá, um bando de despencados caquéticos querendo engabelar o calendário, para mim é triste.