
Desistindo de Natal
Segundo pesquisa do instituto Ipsos, encomendada pela Associação Comercial de São Paulo, 32% dos consumidores não pretendem fazer compras neste Natal. Folha Dinheiro, 9 de dezembro de 2005
Segundo pesquisa do instituto Ipsos, encomendada pela Associação Comercial de São Paulo, 32% dos consumidores não pretendem fazer compras neste Natal. Folha Dinheiro, 9 de dezembro de 2005
Não admiro Lula como presidente, mas como pessoa competente, no sentido de que é capaz de competir, mesmo perdendo, como perdeu três eleições presidenciais. Daí a estranheza de sua recente declaração: só competirá na próxima eleição presidencial se for para ganhar.
As pesquisas de opinião estão obtendo respostas às consultas que fazem sobre o próximo pleito presidencial, citando os nomes do prefeito José Serra e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
É difícil administrar a educação numa cidade do porte de São Paulo. A população é altamente expressiva, com bolsões de atraso em boa parte fruto da migração interna muito intensa, sobretudo do Nordeste. Mesmo assim, o médico, educador e pesquisador José Aristodemo Pinotti utiliza toda a sua experiência, que não é pouca, para encontrar as melhores soluções que atenuem a gravidade dos problemas encontrados. Ele foi reitor da Unicamp, com brilhante atuação, razão pela qual nada lhe é estranho, nessa área, onde tem ainda a vivência da presidência do Instituto Metropolitano de Altos Estudos, cujas pesquisas têm se revelado muito positivas na conquista da qualidade entre os alunos da UniFMU.
Luta vã, a de tentar mudar de assunto todo domingo, sem conseguir. Ia tratar de um assunto sério, como a minha volta ao calçadão - manhã, naturalmente. Não mudei absolutamente de idéia quanto a andar no calçadão, que continuo achando uma das atividades mais chatas jamais concebidas e nunca, depois de meses de insistência, senti o famoso bem-estar pós-caminhada. Meio danoso para minha auto-estima, porque devo ser alguma espécie de anormal, a quem sempre será negado o inefável barato das endorfinas. Padeço do que um médico poderia xingar de anendorfinia, privado de nascença dessas fantásticas substâncias. E há também as humilhações adicionais, como a do capenguinha que curte com minha cara, me deixando a comer poeira com quatro ou cinco de suas passadas fulminantes. Devia haver alguma norma contra a manobra empregada por ele, um impressionante movimento giratório nos quadris, que lhe transforma as pernas num compasso enorme e, que, em rotatividade turbinada, o põe a quilômetros de mim em poucos segundos.
Não fui eu. Foi o presidente da República quem falou em golpismo. Tentou amedrontar a nação que já vive amedrontada, não pela possibilidade de um golpe, mas por não saber até onde o mar da corrupção arrastará a nação.
Costuma-se dizer que o desinteresse relativo à vida de Machado de Assis (1839-1908) é simetricamente proporcional ao interesse gerado por sua obra: enquanto a produção literária de Machado não cessa de ser mais e mais valorizada, sua biografia estamparia apenas o morno transcurso de um exemplar funcionário público, de um esposo fiel e devotado à dona Carolina, de um ser algo distante das questões políticas, e, juntando-se as duas pontas da existência, de alguém que, vencendo barreiras da origem étnica e de uma frágil constituição física, alçou-se ao posto de nosso escritor máximo, tornando-se também o primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras.
Ignorante em economia, leigo em mercado e negócios, nunca entendi por que uma lata de sardinhas da mesma marca e tamanho custa tanto em determinada loja e custa menos ou mais em outra. Já me explicaram. Ou não entendi ou esqueci.
Nenhuma arruaça ou estrépito se seguiu ao placar contundente da derrubada de José Dirceu na Câmara. Embotaram-se até, gestos ou comentários, diante de um vazio que não some pela mera retomada das rotinas da casa, quando os ritos se cumprem, por demais, para aspirar-se a qualquer mudança. Pretendeu-se dar conta da crise, por uma lógica primária de compensação política. Mas a cassação aponta a um crescente desconforto-cidadão, que talvez seja o primeiro saldo de um amadurecimento político face aos golpismos moralistas, da tradição do País, reptado pelas eleições de 2002.
O ano político já foi. No balanço, pesam mais as denúncias e revelações do que os resultados concretos. Ainda estamos no terreno de conclusões e ambigüidades. Sob pressão da sociedade, foram entregues duas cabeças aos tigres.
Como na Roma de antigamente, na baía de Angra dos Reis (365 ilhas, uma para cada dia do ano), todos os caminhos levam à Ilha Grande. Principalmente por mar. Para as naus de Gonçalo Coelho que ali chegavam, ela se destacava não apenas pelo tamanho, mas pela altura e pela vegetação que estreitava o horizonte à medida que as caravelas com a cruz de Malta dela se aproximavam.
Os descaminhos da política, como ciência do governo da nação pelo Estado, estão oferecendo para os lexicógrafos material de valor menor, mas sempre valioso, na composição dos dicionários. Até há pouco tempo, antes da crise fenomenal que se abateu sobre o Brasil, poucos brasileiros tinham ouvido falar de valerioduto, mensalão, mensalinho, ética que a maioria não sabe definir, e outras palavras que serão incluídas nos léxicos dos futuros estudantes e escribas em geral.
A ida de Eduardo Azeredo à tribuna do Senado para renunciar à presidência do PSDB empatou o jogo da escalada das cassações. Aí está o jorro, democraticíssimo, do valerioduto, comprometendo todos os partidos no caixa 2, na prática universal da corrupção sistêmica, entre tucanos impolutos e petistas acima de qualquer suspeita. E aí está, pois, a proposta do líder Artur Virgílio, de levar-se adiante, como compete ao patriciado político do Brasil, a boa lógica dos “mais iguais”, a partir do país-bem. Vamos à lavagem da corrupção do bem - a que só pestifera o trigo e não o joio, e levemo-la à condescendência, senão ao perdão radical pelo Congresso, já hoje preso, sem retorno, à concupiscência dos acordões. Ingenuidade de Azeredo ou deslumbramento de Delúbio?
José Serra, um dos presidenciáveis do PSDB, manifestou-se contra a reeleição e a favor do mandato de cinco anos. Espantoso como o interesse pessoal muda a cabeça dos políticos. Na Constituição de 88, foram fixados quatro anos para os períodos presidenciais.