O novo governo e seus alçapões à democracia
O vulto das reações contrárias ao impeachment de Dilma Rousseff (PT), no seu impacto internacional, põe em jogo o respeito à força de nossa maturação democrática.
O vulto das reações contrárias ao impeachment de Dilma Rousseff (PT), no seu impacto internacional, põe em jogo o respeito à força de nossa maturação democrática.
O discurso de Temer, ao assumir, removeu qualquer perspectiva de interinidade do novo governo. Fica, por força, a repetição inevitável do óbvio, na invocação da esperança, no apelo às reformas, para dar conta do mandato. Ao mesmo tempo, no seu primeiro encontro com o país, o presidente em exercício, no frente a frente com a massa, tornou preciso o que não vai fazer, na definição de toda sua política pública.
Enquanto um grupo de senadores confabula em torno de um suposto compromisso, golpista e farsesco, da presidente afastada Dilma Rousseff de convocar eleições presidenciais antecipadas caso venha a ser reconduzida ao cargo, foi apresentada uma proposta de emenda constitucional (PEC) pelo deputado Miro Teixeira, da Rede do Rio, que trata da eleição direta para o caso de a chapa presidencial ser impugnada por abuso de poder econômico no processo em curso no TSE.
Já ensinava o ex-presidente do PT José Genoíno, nos tempos em que ainda não fora condenado pelo mensalão: uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Com isso queria dizer que situações semelhantes poderiam ter conseqüências distintas, como estamos vendo hoje.
Há um clima de restauração no ar, um misto de vingança e ressentimento de certos chacais da política. Assiste-se a uma perigosa guinada à direita, em várias frentes, que ameaça um conjunto de conquistas democráticas que não se limitam à agenda de um partido, mas a uma legítima demanda republicana, conquistada desde a década de 1990. Refiro-me às figuras agressivas, ultramontanas do Congresso, que se batem a favor da cura gay, contrários à lei da palmada e a um repertório de atitudes que seriam de fato avançadas se vivêssemos no século XVIII.
Quando se debate o que deve ser lecionado aos nossos alunos, a partir de uma nova concepção de currículo, a variedade é imensa.
Diante da constatação de que há uma ‘cultura do estupro’ no país, é preciso também combater o que contribui indiretamente para essa patologia social.
Mais uma vez o presidente interino Michel Temer titubeou para demitir um ministro envolvido em revelações que o inviabilizavam no cargo. O que mais preocupa não é simplesmente a tibieza que Temer vem revelando, que não se esvai com um tapa alegórico na mesa. A razão desse comportamento é que está no centro das atenções.
Quando se debate o que deve ser lecionado aos nossos alunos, a partir de uma nova concepção de currículo, a variedade é imensa. Estamos nos aproximando de 2018, quando as 200 mil escolas brasileiras estarão diante do desafio de implantação das novas bases curriculares. Nada menos que 45 milhões de estudantes serão orientados por dois milhões de professores, espera-se, com novos e revolucionários conceitos.
O cientista político Octavio Amorim Neto, professor da EBAPE/FGV, escreve no Boletim Macro do IBRE-FGV de maio uma análise com três cenários possíveis para o governo Michel Temer, onde destaca a maior possibilidade de um cenário intermediário prevalecer.
A semana foi marcada por uma espécie de escândalo que estava no banco dos reservas. Os áudios revelados pela imprensa e TV, citando alguns titulares dos recentes problemas nacionais -diria Nelson Rodrigues-, espantaram até mesmo as cotias do Campo de Santana.
A posse de José Serra como ministro das Relações Exteriores, semana passada, assinalou uma mudança significativa entre os governos petistas e o governo interino de Michel Temer.
Uma coisa é preciso reconhecer: esses petistas são bons de mistificação na oposição. Só conseguem ficar no poder às custas de acordos espúrios como os que estão sendo revelados nas diversas investigações criminais que atingem em cheio a gestão nos últimos 13 anos.
Não consigo estar entre os que celebram fim de um vergonhoso episódio histórico — nem acredito que esteja encerrado
Articulação contra a Lava-Jato teve efeito contrário: em lugar de extinguir ou enfraquecer a operação, fortaleceu-a.