A grande mentira
Não é verdade que a conferência sobre pornografia do professor Jorge Coli tenha sido censurada na ABL. A imprensa ignorou as explicações que a entidade deu.
Não é verdade que a conferência sobre pornografia do professor Jorge Coli tenha sido censurada na ABL. A imprensa ignorou as explicações que a entidade deu.
Pode até ser que o mensalão não impeça o PT de vencer a eleição para a prefeitura de São Paulo, como indicam as primeiras pesquisas, mas me parece inegável que o partido sofrerá a médio prazo os efeitos de seu desprezo pelas regras éticas na política. O PT nasceu defendendo justamente um novo modo de fazer política e foi assim que chegou ao poder, mesmo que no período anterior à eleição de 2002 já estivesse envolvido em diversas situações nebulosas nas prefeituras que vinha governando.
Depois do golpe de 1964, os generais eram candidatos compulsórios a ocupar a Presidência da República, que passou a ser o cargo máximo da carreira. Na hora da sucessão, a briga era decidida pelo maior número de tropas, tanques, canhões e demais apetrechos da caserna.
Desde que o mundo é mundo, dar más notícias não é bom negócio. Não resolve nada cortar a cabeça do mensageiro, mas parece que os destinatários das más notícias têm opinião diversa, principalmente quando são poderosos e a mensagem anuncia algo que ameaça esse poder. E isso se estende às opiniões. Também desde que o mundo é mundo, os cortesãos aprendem a evitar dar palpites negativos sobre os atos dos poderosos de que dependem e é proverbial a recorrência, no folclore de muitas culturas, de histórias sobre como reis se disfarçavam e assim saíam às ruas, para tentar ouvir sem intermediários o que falavam seus súditos.
Saulo Ramos, grande advogado, jurista e escritor dos melhores, acaba de publicar uma antologia de sua obra poética. Um dos seus poemas diz: “E façamos por tudo que hoje amamos / dois juramentos extremos / o de esquecer para sempre / e nunca lembrar que esquecemos”.
Quais as condições para que alguém seja bispo na Igreja Católica? O Código Canônico explica: sólida fé, bons costumes, piedade, prudência, boa reputação, pelo menos 35 anos de idade, doutorado ou mestrado em Sagrada Escritura etc. Comenta D. Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo: “A norma, os procedimentos, está tudo lá. Difícil é fazer”.
O país acompanha pela televisão, ao vivo e a cores, o julgamento do mensalão, cujo nome oficial é Ação Penal 470, e é testemunha de que tudo se passa na mais perfeita ordem democrática do Estado de Direito. A pretexto de evitar a politização do julgamento, petistas ilustres, a começar pelo ex-presidente Lula, exerceram durante meses uma pressão nunca vista sobre o Supremo Tribunal Federal para que ele não se realizasse durante as eleições municipais.
A mania que o ex-ministro José Dirceu ainda cultiva, mesmo depois de cassado pela Câmara e de ser réu do processo do mensalão, de relatar suas atividades políticas passadas e presentes com toques de megalomania que as transformam em verdadeiras proezas acabou virando-se contra ele mesmo neste julgamento do mensalão.
Leigo e bota leigo nisso em matéria de política e direito, volto a comentar, a meu modo e circunstância, o julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal. Sem condições para analisar o mérito de um dos casos mais complicados do nosso tempo, vou limitar-me a algumas considerações praticamente marginais ao processo em si.
Na série Brasil, Brasis, realizada na Academia Brasileira de Letras, realizei palestra no seminário “O esporte, além do futebol”, coordenado pelo acadêmico Domício Proença Filho. Trouxe à baila a instigante dúvida sobre a pequena quantidade de medalhas de ouro que trouxemos das Olimpíadas de Londres (somente três). E de novo perdemos no futebol de campo, que é o nosso esporte mais popular. Dessa vez, fomos vitimados pelo México, que nem é tão forte assim.
Não temos precedentes de um intelectual e pensador ter ocupado a manchete da primeira página dos principais jornais brasileiros, à ocasião de sua morte. Eric Hobsbawn vai a este impacto, trazendo ao nosso País a mesma repercussão universal nas nações ocidentais. Marca-se, por aí, ao mesmo tempo, um avanço de uma consciência generalizada do mundo contemporâneo quanto à reflexão e ao compreender do nosso tempo. Não é, aliás, outra a qualificação que Horkheimer empresta para o avanço da contemporaneidade no seu entendimento radical, e no que seja este “ser-no-mundo”, em todo o peso da nossa história. Não se conhece arco mais amplo dessa aventura de espírito do que a de Hobsbawn, na consciência do universo após o Renascimento e o “Século das Luzes”, e de seu tempo interior de apreensão. Dos tempos longos aos concentrados, na capacidade única de entender o mais crítico dos conceitos, qual o de revolução, e mantê-la na dialética do reenvio de seus extremos. Hobsbawn manteve a enciclopédia do marxismo, no reenvio exemplar entre a razão e a militância, no empenho de transformação permanente de seu contexto. Jamais abandonou o compromisso partidário, nem a minudência no acompanhar a realidade, e trouxe, inclusive, à sua vivência, a experiência brasileira e, a partir do jazz, todo o cursivo de sua expressão popular.
A democracia foi o centro da sessão de ontem do Supremo Tribunal Federal que formalizou a condenação do núcleo político do PT por corrupção ativa com resultados que não deixam dúvidas da decisão do plenário: apenas dois ministros absolveram o ex-ministro José Dirceu; só um absolveu o ex-presidente do PT José Genoino, e o ex-tesoureiro Delúbio Soares foi condenado por unanimidade.
Com mais de 700 inscrições, o Congresso Rio de Educação, realizado no Hotel Sofitel, em julho, foi um sucesso completo, para alegria do seu inspirador, o professor Victor Notrica, presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Rio (Sinepe). Tive o ensejo de coordenar a primeira das suas mesas, que tratou de um tema atualíssimo: "Do livro de papel ao livro digital: uma reflexão sobre o exercício de leitura."
Do ponto de vista da energia poética, podemos dizer essencialmente que em nossa língua chegamos a Dante sempre e somente na companhia do próprio Dante. Quem deve pagar a conta dessa redundância é o generoso decassílabo da Divina comédia, que ordena, aperta e fixa o decasílabo de Camões. Mas é um fixar que move, é um apertar que desamarra.
O dia histórico em que o ex-todo-poderoso ministro petista José Dirceu foi condenado por corrupção ativa pelo Supremo Tribunal Federal foi marcado pelas atitudes de dois ministros, ambas marcantes no transcurso do julgamento. Dirceu entra para a História desta vez pela porta dos fundos, enquanto a ministra Cármen Lúcia diz que não está a julgar o passado de Genoino, também condenado, mas sua atuação nos crimes relatados nos autos.