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Artigos

 
  • O duplo estatuto do intelectual

    O Globo (Rio de Janeiro), em 06/08/2005

    Em minha geração, o papel do intelectual foi sobrevalorizado. Ele era visto como um funcionário do absoluto, como detentor do saber da História, como representante do espírito do tempo. Hoje, ao contrário, ele perdeu suas ambições megalomaníacas e se vê como simples participante da divisão social do trabalho: ele escreve livros, como outros os imprimem, outros os encadernam e outros os vendem. Ele é um profissional como todos os outros. Nada mais que isso.

  • Estômago de Aço e o mensalão

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 05/08/2005

    Quando viajei ao Amapá, na última semana, deu-me uma inesperada, inóspita e insidiosa dor de estômago. Doía danadamente. Na minha idade, convivemos com muitos achaques que nos são, quase sempre, conhecidos e freqüentes. É dor aqui, mal-estar acolá e a todos conhecemos e já sabemos como proceder: chá de laranja, tintura de arnica, pomada de cânfora e por aí vamos. Mas dor de estômago do jeito que veio não estava entre minhas baldas. Daí, com o meu declarado e sempre não proclamado ser hipocondríaco, fiquei logo calado e pensando o que poderia ser. Há muito nada sentia nesse órgão. Quando era moço, em São Luís, tinha um restaurante "Estômago de Aço", que era a prova de fogo para males da gula. Mas o estômago mais forte que existiu no Maranhão foi de um deputado acusado de ter feito uma negociata com arame farpado vindo da antiga Cortina de Ferro. Os jornais diziam: "Fulano está comendo arame farpado como quem come macarrão".

  • Biografia de um esforçado idealista

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 05/08/2005

    É um homem esforçado, tão esforçado que, num esforço de boa vontade para consigo próprio, julga-se idealista. E do ideal, segundo pensa, retira toda a sua força, daí que se pode considerá-lo um esforçado idealista.

  • Bravata de Lula

    Diário do Comércio (São Paulo), em 05/08/2005

    Queremos saber quem deve aturar Lula. O presidente comprova, a cada dia que passa, que não está capacitado para exercer a Presidência de uma nação como o Brasil, com os problemas, as diversas populações regionais, as diferenças de clima, a defeituosa distribuição de renda, a condição hipo-suficiente de vasta área demográfica, os transportes, a educação, a saúde, os problemas urbanos e outros mais que seria longo relacionar.

  • Heidegger e a pizza

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 04/08/2005

    No final da semana passada, começaram os rumores de que se prepara um acordo para abafar as duas CPIs em curso. Vozes isoladas garantem que não há clima para tal e tamanha pizza -mas há cheiro de mussarela derretida no ar, saída quentinha dos fogões de lenha de Brasília.De todas as hipóteses sobre a corrupção no atual sistema de poder, não podia haver ameaça pior. Deus é testemunha de que nada tenho contra as pizzas, pelo contrário, muito as aprecio. Mas a pizza que está sendo preparada por pizzaiolos experientes, com horas e horas diante dos fornos da política, equivale ao Nada. Repetindo Heidegger, devemos ter a "coragem para temer o nada" -"Mut zur Angst vor dem Nichts".

  • A ainda pouco lida poesia de Jorge de Lima

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro), em 03/08/2005

    Quando duas pessoas falam do escritor Jorge de Lima, é certo que estejam se referindo à mesma pessoa, mas dificilmente estarão falando do mesmo poeta. Com efeito, o artista alagoano, cujo centenário de nascimento passou quase despercebido em 1995, representa, na literatura brasileira, a imagem do poeta em contínua mutação. Parnasiano medíocre e bem-comportado nos XIV alexandrinos (1914), regionalista na primeira onda do modernismo com Poemas (1927), Novos poemas (1929) e Poemas escolhidos (1932), místico-universal a partir de Tempo e eternidade (1935, co-autoria de Murilo Mendes), cosmogônico e barroco em Invenção de Orfeu (1952), Jorge de Lima - falecido em novembro de 1953 - sobreviveu a todas as transformações a que submeteu a própria obra e permanece hoje como um dos poucos poetas fundamentais da literatura brasileira do século 20.

  • A CPI da língua portuguesa

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 03/08/2005

    Em recente noticiário da Folha, foi registrado o recorde de reprovação na seccional paulista da OAB. Dentre os 20.237 candidatos (bacharéis em direito), o índice de reprovação foi de 92,8% -apenas 1.450 conseguiram aprovação. O dr. Luiz Flávio Borges D'Urso, presidente da OAB/SP, acha que "há pessoas que chegam à prova e não sabem conjugar verbos ou colocar as palavras no plural", dizendo que "é preciso reagir". Concordamos inteiramente.

  • O satânico Dr No

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 03/08/2005

    Questão que não tem resposta: a ficção copia a realidade ou a realidade imita a ficção? Não tenho opinião sobre o assunto. Há casos comprovando uma e outra teoria.

  • A responsabilidade de Lula

    Diário do Comércio (São Paulo), em 03/08/2005

    Reconheçamos em Lula um político honesto, um paladino da ética, que ele não conhece nos seus fundamentos - presidente que se preocupa com a honra.

  • O símbolo em Clarice

    Tribuna da Imprensa (Rio de Janeiro), em 02/08/2005

    Dois livros novos de Clarice Lispector vêm reafirmar a poderosa presença dessa escritora em nossa literatura. Um deles, "Aprendendo a viver", de 128 páginas, consta de textos extraídos de livros seus, cada um valendo por si, independente do contexto, de que foi extraído. Eis um deles: "Uma das coisas que aprendi é que se deve viver apesar de. Apesar de, se deve comer. Apesar de, se deve amar. Apesar de, se deve morrer. Inclusive muitas vezes é o próprio apesar de que nos empurra para a frente". Outro: "Você de repente não estranha de ser você?" E este: "Mas eu não sabia que se pode ser tudo, meu Deus!"

  • Lineu e o mensalão

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 02/08/2005

    Alguns leitores reclamaram de crônica publicada neste espaço, quando afirmei e reafirmei que a maioria da população brasileira, ao contrário do que a mídia e os políticos estão dizendo por aí, não está escandalizada e muito menos ligada aos escândalos que provocaram a crise nacional mais importante dos últimos anos.

  • Vulnerável ou sólida

    Diário do Comércio (São Paulo), em 02/08/2005

    Escrevi, mais de uma vez, a opinião do barão Louis, ministro da economia do imperador francês Napoleão III, sobre crises políticas: "Dai-me, disse ele, boa política que eu lhes darei boa economia".

  • As estranhas vozes da fama

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 01/08/2005

    Cantor vende suas ações "antes da fama". Um jovem de origem indiana que mora em Londres conseguiu arrecadar dinheiro suficiente para dar o pontapé inicial em sua carreira ao vender ações de suas futuras royalties no site de leilões e vendas eBay. Shayan, de 27 anos, insiste que o esquema serviu para evitar a tradicional rota de envio de fitas de demonstração às gravadoras. "A coisa mais difícil é chamar a atenção das pessoas", disse. Em entrevista à BBC, o cantor contou que precisava de dinheiro para comercializar as suas músicas, que são "ótimas". Folha Online, 19.07.2005 

  • o Globo: 80 anos

    Diário do Comércio (São Paulo), em 01/08/2005

    Está completando 80 anos o influente jornal do Rio de Janeiro, O Globo. Fundado por Irineu Marinho, respeitável jornalista, na antiga capital federal, em pouco tempo passou à direção de seu filho primogênito Roberto Marinho. Este foi uma revelação, por ter assumido a direção do jornal elevando-o à situação altamente louvável de um dos mais importantes órgãos de imprensa do País, durante todo o curso dessa venerável idade longeva para qualquer empresa no Brasil, sobretudo na faixa da imprensa.

  • Jair Rosa Pinto

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 01/08/2005

    Semana passada, morreu Jair Rosa Pinto, aqui no Rio, cidade que ele encantou com o maravilhoso futebol que jogou durante quase duas décadas (1940-1950). Com perdão de Pelé e Garrincha, considero Jair, ao lado de Didi, os dois maiores craques que meus olhos viram jogar.