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Relatório de atividades 2020 (2021. 124 pp.)

Essa publicação faz parte da coleção Relatórios de Atividades

A pandemia obrigou ao distanciamento social para quebrar a cadeia de transmissão do vírus. Cuidados inegociáveis, diante dos casos que aumentam dia a dia. Fomos a primeira instituição cultural a fechar as portas e abrir o site de par em par. Oferecemos uma programação intensa ao público, com um informe atualizado sobre a Covid‑19, quando a desinformação seguia forte.

O ano de 2020, palíndromo e aziago, foi de tempestade perfeita: a eclosão da pandemia, a negação da realidade, a politização sanitária e a democracia hipertensa. 

Mesmo de portas fechadas, a Academia Brasileira de Letras não deixou de cumprir sua agenda solidária e cultural. Edgard Morin publicou, na contramão dos extremos, um precioso ensaio sobre a fraternidade. A Casa de Machado atuou justamente em chave fraterna, em asilos, prisões, hospitais, periferias, centros de ensino. Quando possível, incluiu o livro na cesta básica. Porque voltamos, o Brasil e o mundo, à geografia da fome. Mas nem só de pão: a cultura é fome de liberdade. 

Assinamos protocolo de amizade com as academias de Angola, Cabo Verde, Moçambique e São Tomé e Príncipe para estreitar nossa raiz fundamental com a África. Organizamos também o primeiro congresso da ABL com as suas coirmãs da América Latina, encontro memorável para discutir a missão das academias no mundo contemporâneo.

O protocolo com a Marinha foi estratégico, porque os famosos navios da esperança começaram a levar livros para as bibliotecas de comunidades ribeirinhas da Amazônia.

As instituições brasileiras precisam abrir portas e janelas, para que se tornem mais coloridas e diversas, mediante a presença de afrodescendentes e povos originários. Assumir a diferença significa ampliar a emancipação, combater o racismo e democratizar a República. Não queremos a entropia do Mesmo. Somos todos brasileiros. Somos filhos do plural.

A governança remota da Academia foi altamente desafiadora. Um delicado equilíbrio para contemplar as diferenças que nos unem, as obrigações que nos apertam e as respostas que nos correspondem. A criatividade foi nosso lema.

O tempo corre. A nostalgia do mais não recua. O rosto do futuro cresce em nosso espelho. De rosto misterioso e seios fartos. Inteiramente feminino. Começam as dores do parto. Sentimos desde já sua beleza.

 

Marco Lucchesi
Presidente da Academia Brasileira de Letras

Ficha da Obra

Ano: 
2021
Páginas: 
124
Leia a obra completa: