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Artigos

  • O fascínio de Quincas

    Tenho para mim que três narrativas mais ou menos curtas serão, daqui a alguns séculos, consideradas típicas do clímax que a ficção mundial em prosa alcançou, como sucessora do poema-que-conta-história, no período que veio de Tolstoi aos dias de agora. São "A morte de Ivan Ilyich", do próprio Tolstoi, "O velho e o mar", de Ernest Hemingway, e "A morte e a morte de Quincas Berro D'água", de Jorge Amado.

  • Jorge e a Paixão de Ler

    Estamos em plena semana da 14ª Paixão de Ler, promovida pela Prefeitura do Rio, quando mais de 1 milhão de jovens participam de sessões de leituras, assistem a esquetes sobre livros, vêem exposições de volumes de histórias, ouvem a palavra de autores conhecidos e com eles conversam.

  • A luta pelo "nunca mais"

    O novo livro de Arnaldo Niskier, "Branca Dias, o martírio", é dos mais contundentes de nossa literatura sobre a Inquisição no Brasil. O clima de desassossego, criado pela presença das Visitações do Santo Ofício em Pernambuco, na Bahia, na Paraíba, no Maranhão, transformava a prática da religião, por parte dos judeus, numa atividade clandestina e criminosa.

  • Tempo de um poeta

    No artigo da semana passada falei aqui do Tempo (com maiúscula mesmo) no livro mais recente de romanista Autran Dourado, "O senhor das horas". Hoje estou de novo no Tempo, mas de um poeta, no livro de sonetos de Luiz F. Papi, "Irreparabile Tempus".

  • O Sertão de Rosa

    Há quarenta anos Guimarães Rosa nos deixava, menos de uma semana depois de haver tomado posse na Academia Brasileira de Letras. Durante os dois meses anteriores, havíamos estado juntos quase que diariamente, Jorge Amado, Rosa e o autor destas linhas. Éramos componentes da comissão julgadora do Prêmio Nacional Walmap, para romance inédito, o mais importante da época.

  • A palavra em Shakespeare

    Ganhou a bibliografia shakespeariana, entre nós, mais um estudo indispensável para o conhecimento de sua obra. É "A linguagem de Shakespeare", de Frank Kermode, que sai no Brasil em tradução de Bárbara Heliodora. Kermode, grande estudioso da palavra como elemento poético (veja-se o seu "No appetite for poetry") analisa a linguagem do bardo e, com isto, revela a força vocabular de sua obra.

  • O Martírio de Branca Dias

    O acadêmico e crítico literário Antonio Olinto, a quem dedicamos o livro, foi gentil ao proclamar que se trata "de uma obra das mais contundentes da nossa literatura sobre a Inquisição no Brasil". Acrescenta que ficou fascinado pela visão ao mesmo tempo realista e analítica do Brasil, tal qual se apresentava nos seus primeiros anos de existência.

  • Farsa mágica

    Dentre os romances da última fase de Jorge Amado, gosto principalmente de "O sumiço da santa", que se apresenta como farsa mágica, imaginada e realizada sob a égide religiosa de uma entidade que às vezes é Oyá/Iansan e outras é Santa Bárbara. Inventei essa classificação lembrando outra, relativa a "Teresa Batista", que chamei de "épico erótico".

  • A Amazônia é nossa

    Denúncias da mídia sobre uma possível "entrega" da Amazônia, juntamente com uma série de televisão, muito bem feita, que narra o que teria sido a atuação do Brasil no caso do Acre, chamam a atenção para o problema, dos mais importantes para os que lutamos pela integridade do País. Livro de meados do século XX, de Artur César Ferreira Reis, "O Amazonas e a cobiça internacional", já nos chamava a atenção para o perigo.

  • Volta à Amazônia

    Volto à Amazônia, terra emblemática do Brasil, que, se ameaçada de fora, é normalmente preservada pela sua literatura. Um dos mais importantes preservadores dessa brasilidade foi Dalcídio Jurandir (1909-1979), cujo romance "Três casas e um rio" reflete, como poucos outros, o espírito selvagem de um povo. Num ritmo natural de narração primitiva, consegue Jurandir um equilíbrio raro numa história escrita sem os limites da literatura bem comportada. Nela concepção tem primazia sobre a técnica.

  • O mistério das palavras

    É um privilégio para um país contar, como o Brasil, entre os seus quase duzentos milhões de pessoas, com um poeta da força de Nauro Machado, que vive inteiramente para a poesia e, através dela, para o entendimento das palavras e para o exercício de seu ritual permanente. Acompanho, há pelo menos meio século, os seus livros, ao longo de quarenta volumes de versos.

  • Presença dos orixás

    Ao publicar seus primeiros romances, principalmente os com influência da cultura africana entre nós, no começo dos anos 30 do século passado, estava Jorge Amado abrindo um caminho que viria influir não só na literatura, mas também na música popular, na erudita e nas artes plásticas do País em geral. Jorge Amado provocou toda uma floração de escritores, pintores, escultores e gravadores - o baiano adotado Carybé, Mário Cravo, Calazans Neto, Lênio Braga, entre inúmeros outros - bem como de músicos (Dorival Caymi surgiu musicando temas amadinos). Tudo isto daria início a movimentos renovadores na arte brasileira como um todo.

  • A loucura de cada um

    O estado esquizofrênico, mais comum do que parece, mereceu de Elza Pádua um estudo que discute o problema da esquizofrenia social como diferente, ou não, da pessoal, tendo sido ela quem usou, pela primeira vez, em seu trabalho de doutorado, a expressão "esquizofrenia social". Talvez seu mestrado anterior em Comunicação Social haja influído em sua percepção de que, na família e na memória de um tempo, inclusive na memória de uma literatura milenar e na de uma escrita de grande influência mais recente, que foi resumida na palavra "mídia", o caso é normal.

  • O poeta

    Um dos grandes poetas brasileiros em qualquer tempo, Gerardo Mello Mourão (1917-2007), deixou-nos, ao morrer recentemente, uma obra que nos justifica e nos revela como povo e como nação. Livro sobre sua vida e sua obra - "A saga de Gerardo: um Mello Mourão", de José Luís Lira, estava pronto e será lançado em Fortaleza no dia 26 de abril próximo.