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Artigos

 
  • A tarde em que tudo apagou

    O Estado de S. Paulo, em 08/10/2021

    Para Laine Milan

    Aí, um poder superior (qual?) disse: Haja apagão. E houve. E todos viram que o apagão era ruim. E o poder superior (qual?) dividiu o apagão entre WhatsApp e Facebook. E houve choro, convulsões e desespero. Todos perplexos, atemorizados, sacudiam seus aparelhos inertes. Sempre achamos que uma sacudidela resolve. Teria tudo acabado naquela segunda-feira? Morreu o WhatsApp? Como viver? Suportar? A própria pandemia pareceu uma gripezinha, como dizia o destemperado. As pessoas, estupefatas, murmuravam: isso é impossível. Tão absurdo como acabar com o desmatamento no Amazonas ou o ministro da Educação conseguir somar dois mais dois.

  • Deve-se valorizar a educação artística

    O Estado do Maranhão, em 08/10/2021

    A educação básica em nosso país sofreu uma queda sensível no trato das Artes. Deixamos de cuidar adequadamente da educação artística, que já foi uma prioridade em nossos currículos.

    Lembro quando frequentava as aulas de Desenho, no ensino de 1º grau, depois enriquecido com o que chamávamos de Desenho Geométrico. Foi com essa matéria que me destaquei no Colégio de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira, na Universidade do Estado do Rio de Janeiro, quando fui convidado para fazer parte do seu corpo docente. Tinha um prazer imenso de dar essas aulas, em que podia demonstrar os meus conhecimentos matemáticos.

  • Preparando a largada

    O Globo, em 07/10/2021

    A corrida eleitoral pela Presidência da República ganha contornos mais nítidos à medida que o prazo fatal de abril se aproxima para que os candidatos mudem de partido, no caso do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, ou decidam se candidatar, como é o caso mais notório, do ex-ministro Sergio Moro.

  • Missão: redução da desigualdade

    O Globo, em 05/10/2021

    Recentemente, a propósito da tentativa de aprovar a volta dos jogos de azar no país, petistas denunciaram que o sonho de Bolsonaro é transformar o Brasil numa Cuba da época do ditador Fulgencio Batista, um cassino onde os americanos iam se divertir. Os bolsonaristas há muito atacam o PT afirmando que o ex-presidente Lula pretende transformar o Brasil numa ditadura como a cubana, regime apoiado pelo petismo.

  • Lição aos homofóbicos

    O Globo, em 05/10/2021

    Num país campeão em assassinatos de homossexuais, em que o presidente da República já declarou ter 'imunidade para afirmar que sou homofóbico, sim, com muito orgulho', o momento mais emocionante e exemplar da CPI da Covid, que está chegando ao fim, foi o que confrontou a dignidade de um senador, o primeiro assumidamente gay, Fabiano Contarato, com o obscurantismo de um empresário homofóbico e, claro, bolsonarista, Otávio Fakhoury, apontado por membros da comissão como um dos principais financiadores de uma rede de disseminação de mentiras de apoio a atos antidemocráticos durante a pandemia.

  • Comunismo em xeque

    O Globo, em 03/10/2021

    O anúncio do governo de Cuba de que empresas privadas poderão operar na ilha, no que chamam de “atualização do socialismo”, traz de volta o debate sobre modelos de governo totalitários que tendem a adotar, na visão ocidental, um “capitalismo de Estado”. A Constituição de Cuba já diz que o socialismo é regime político “irrevogável”, o que representou uma mudança importante, pois anteriormente o socialismo era apenas uma etapa para o comunismo.

  • O Brasil é maior do que as crises

    O Estado do Maranhão, em 03/10/2021

    Hoje, do alto dos meus noventa e um anos, não tenho mais o direito de ser pessimista. Já vi tantas coisas, já vi tantos problemas, vivi muitos deles e constatei que, quando tudo parecia difícil de superar, o Brasil atravessava todos os obstáculos e continuava crescendo. Eu fiquei surpreso quando soube que o nosso Brasil foi um dos países com maior crescimento per capita do mundo no século 20.

  • O sábio se basta

    O Globo, em 03/10/2021

    O livro era tão pequenininho que nem parecia um livro. Mas quando meu amigo anunciou um presente para mim, me facilitou a identificação do objeto em sua mão: “Trouxe um livro de presente para você.” Enquanto eu lia o que ia na capa bem editada da Auster, ele me explicava: “É um equívoco o que dizem dos cineastas brasileiros, que resistimos ao rodo que os governos querem sempre passar no cinema nacional, em nome dos mesmos ideais esquerdistas com que fazemos os filmes.” Ele apontou para o livrinho que eu abria naquele momento: “O que nós somos está aí: somos estoicos, como Sêneca!”

  • Longe do STF, Aras se liberta

    O Globo, em 01/10/2021

    À medida em que vai se convencendo de que não vai para STF, o procurador geral da República, Augusto Aras, vai ficando mais solto no segundo mandato e se atendo mais à realidade. Estava num processo de fuga da realidade para proteger o presidente.

    Acredito que nos próximos meses, até o final do governo, poderemos ter uma PGR mais ativa diante do que está acontecendo. Ao mesmo tempo em que a desilusão de não ir para o STF o liberta, há os fatos diários se desenrolando à nossa frente, que fazem com que ele não tenha muita margem para esconder. Pode ser um sinal de uma libertação de Augusto Aras.

  • O ‘pato manco’

    O Globo, em 30/09/2021

    O presidente Bolsonaro já não governa mais. Os vetos derrubados nos últimos dias o consolidam na posição de presidente mais derrotado pelo Congresso nos últimos 20 anos. Na questão dos preços da Petrobras para gasolina, óleo diesel e gás, Bolsonaro tenta há meses encontrar uma maneira de reduzir os aumentos constantes. E agora tem de enfrentar o general Silva e Luna, colocado por ele na presidência da estatal no lugar de Roberto Castello Branco justamente para estancar a alta dos preços.

  • Dilemas legais

    O Globo, em 28/09/2021

    O bom-mocismo do presidente Jair Bolsonaro tem a ver, sobretudo, com a proximidade do julgamento de alguns dos processos que podem atingi-lo e do encerramento da CPI da Covid, que discute internamente como encaminhar o relatório final de maneira que tenha consequências práticas. Há questões técnicas que podem obrigar a CPI a fazer dois ou três relatórios, cada um endereçado a um órgão próprio, como sugere o professor e jurista Aurélio Wander Bastos, que alertou a comissão de que não cabe ao Ministério Público Federal dar seguimento a acusações de crime de responsabilidade.

  • Desejo de mudança

    O Globo, em 26/09/2021

    Mesmo que recebida com ceticismo, a análise da consultoria Eurasia indicando que o governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite pode ganhar as prévias do PSDB trouxe ao debate político a única novidade no campo da eleição presidencial do ano que vem. Uma novidade que poderá dar mais força à tese da terceira via.

  • O Brasil entre o poder do horror e o horror do poder

    O Globo, em 26/09/2021

    Quando disse que o presidente só podia ser um rato, o boteco quase veio abaixo de tanto riso e palmas, de tanto protesto e vaias

    Há tempos que eu não via Joca, meu velho amigo privilegiado, morador de casarão em trecho exuberante da floresta. Se não fosse apenas pelo prazer de vê-lo e ouvi-lo, não podia recusar seu convite para “tomar uma cerveja e saber como andam as coisas no Brasil”. Fui intrigado.

  • O novo romance

    Tribuna Online, em 26/09/2021

    Quantas vezes a crítica contemporânea fala da morte do romance, como tantas vezes já ouvi falar sobre a morte da poesia e houve um instante que um notável ensaísta japonês previu o fim da história.

    Tudo isso soa estranho, diante da capacidade de cada verdadeiro poeta criar a poesia e cada verdadeiro romancista dar nova versão do romance e mesmo a história, segundo Paul Valéry, é sempre a mesma. A história cansa, como a criação.

  • A Constituição de Pernas Quebradas

    Jornal O Estado do Maranhão, em 26/09/2021

    Luís Maklouf, que escreveu um dos melhores livros para se entender a Constituição e explicar como ela teve uma vida até agora completamente híbrida e incoerente, começa o seu livro 1988: Segredos da Constituinte dizendo que é difícil e quase impossível contar uma história tantas vezes contada.

    Seu livro é um conjunto de depoimentos dos constituintes mais importantes, daqueles que a fizeram, escreveram e receberam a chuva de lobistas e de seus interesses corporativos. Esse fato dá a noção de como foi desorganizado o trabalho da Assembleia e como faltou a ela a capacidade de ter uma visão de conjunto da Constituição.