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Artigos

 
  • Com estudo, a chance aumenta

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro), em 08/07/2006

    O Censo Escolar da Educação Básica 2005 mostra um fenômeno que chama a atenção dos educadores: amplia-se o número de matrículas nos cursos de Educação de Jovens e Adultos (EJA), ou seja, das pessoas com mais de 18 anos que voltam à escola para completar os 11 anos do ciclo básico, quando não para concluir os oito ou nove anos do ensino fundamental. Na Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro temos ampliado essas oportunidades, sobretudo no interior fluminense, para que não fique tanta gente assim fora da escola. Hoje, no Brasil, a EJA atende a quase 3 milhões de estudantes.Temos debatido o assunto com profissionais do porte de Luís Gonzaga Bertelli, presidente executivo do CIEE de São Paulo. Sua preocupação abrange a soma dos analfabetos puros e funcionais, que estão na base desse processo e que constituem, verdadeiramente, um poderoso entrave ao nosso desenvolvimento econômico e social. Aí surge o conceito de responsabilidade social das empresas, que se consubstancia nas ações voltadas para a educação.O CIEE, nos últimos cinco anos, ampliou o número de organizações parceiras na concessão de estágios para estudantes de ensino médio. No país inteiro, o crescimento alcançou mais de 55%. Busca-se beneficiar jovens acima de 16 anos de idade, matriculados no ensino médio e, na maioria, pertencentes a famílias menos favorecidas social e economicamente.É um incentivo dos mais fortes, conforme testemunho de pais e professores, satisfeitos com os resultados alcançados. Não só os alunos adquirem maturidade, com essas ações, mas um melhor desempenho escolar, o que ampliará as oportunidades de emprego.Assinala-se um crescimento palpável nas cidades do interior, principalmente no eixo Rio-São Paulo, com a instalação de plantas industriais de grande capacidade de absorção de mão-de-obra qualificada. O embaraço para o crescimento não pode estar na falta de recursos humanos e os jovens perceberam que, estudando, as chances são naturalmente maiores.Assim, o estágio tornou-se um poderoso instrumento estratégico para esses alunos, que, além do mais, recebem uma remuneração, caracterizada por bolsas-auxílio mensais. A importância desse procedimento é muito grande, pois isso evita que os jovens sejam levados a se retirar da escola, onde está o seu futuro, por pais que necessitam da sua ajuda, por exemplo, nos tempos de colheita, para uma ação episódica. Daí para engrossar a economia informal é um passo que pode associar a ampliação dos números da violência que atinge sobretudo nossas grandes periferias urbanas.Ninguém pode ter a pretensão de resolver os grandes problemas da educação brasileira com uma ou duas medidas de impacto. Na verdade, nem no intervalo estrito de um mandato presidencial. Mas há que se tomar conhecimento de toda a realidade do setor mais badalado das campanhas e fazer o que for possível para repetir experiências exitosas de países industrializados.

  • Democracia à brasileira

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro), em 07/07/2006

    O vaivém do TSE, no mudar ou não as regras do jogo das eleições, insiste no refogado que o Brasil bem brasileiro que vai às urnas a 2 de outubro. E o que representa esta louvada humildade do magistrado Marco Aurélio frente à palavra dos barões do sistema, do que seja, na sabedoria final, a nossa realpolitik? Quem o poderia fazer mais que o ex-presidente Sarney que assumiu a tarefa do abstrato Conselho da República, ao cuidar das ameaças à democracia e às instituições do país. Mesmo porque é do que se trata, neste contraste do sistema de fato com o nosso Estado de Direito agravado pela crise do mensalão.As instituições, no seu corpo mesmo, são reptadas pela tensão em que o status quo cada vez mais experimenta o divórcio entre a ordem social estabelecida e imediata e o decantado, e sempre reposto à liça, desenvolvimento nacional. Mas, de concessão em concessão, ainda agora, a litania das Comissões de Inquérito asseguraram a mais tranqüila conservação do sistema oligárquico clientelístico, para comandar o processo político do país. De absolvição em absolvição, consagrou-se a continuação do "caixa 2" como mola das eleições e do nosso sistema representativo. Nada, afinal, de abalo ao valerioduto que corre democraticamente - e o continuará - no subsolo dos sucessos políticos e na negociação, pela verba dos governos entrantes, garantida pela operação eleitoral.Alargou-se o fosso confessado entre a pregação das reformas trazidas a crassa nudez das ideologias, e de como continuará no futuro - e através de emenda constitucional - o regime que aí está. Ao freio temporário da verticalização não foi dada, sequer, a alegria de um verão eleitoral, diante do facilitário já consagrado para 2010. Nem logrou o arreganho do presidente do TSE, afinal, assegurar-nos uma prévia de esperança no lance natimorto de como seria um regime de consonância nacional, de alianças sem transigência. O recado incômodo ao futuro cancelou-se pelo bem bom de todas as farras e farranchos desde já, a que se associou o governo frente ao vale-tudo, de como continuarão as eleições após o segundo mandato de Lula. Nem, após esses dias do perdão final, virá a prosperar qualquer final propósito punitivo nas Comissões de Inquérito, para além do escarmento de Dirceu e Jefferson, e o castigo, contra a vontade real dos plenários, dos que, pelas confissões pregressas, puseram a corda ao pescoço para a cassação sem saída e de todo ranger de dentes.De toda forma, e a seguir ao mensalão e ao processo aos sanguessugas, a nova catadupa de suspeições de prevaricação parlamentar pelo Ministério Público já ganham mais um ar de litania na consciência da impunidade que continuará, no à vontade da disputa, das próximas eleições.Que poder, afinal, é este, no centro da praça de Brasília, que merece ser profanado pela invasão do velho peleguismo, renascido dentro dos movimentos sociais, como a última praga em que a militância se profissionaliza para quebrar os vidros do Salão Verde? Serviu o pontapé para mostrar a carranca de radicais jubilados na aposentadoria de todas as facécias, renegadas pelo MST que sabe a que vem e o que tem que fazer. O pior, no banimento da utopia, é a errância a que condena a radicalidade, ou a leva até à malandragem vândala.O presidente Aldo Rebelo, neste jogo dos símbolos e dos portes que se pede aos titulares do poder teve o dom, já, de desenfatizar a tropelia de Bruno Maranhão. O que não pode resgatar é o Congresso como eixo da respeitabilidade do "a que veio" o Brasil trazido na ponta dos movimentos sociais. O susto de um Brasil diferente poderia ter saído do ensaio da verticalização tentado pela primeira decisão do ministro Marco Aurélio. Abortando-a, o TSE, afinal, antecipou, de vez, o Brasil do tudo bem, do "vale tudo" das eleições de 2010.

  • A Seleção, vítima

    Diário do Comércio (São Paulo), em 07/07/2006

    Queira-se ou não, a seleção brasileira tornou-se vítima da crise política que se arrasta há vários meses envolvendo o presidente da República, ministros, assessores, membros de gabinete e outros personagens, jogando todos num formidável movimento de destruição, cujos resultados vão ser conhecidos, ou não, de quantos se interessam pelas influências das crises internas nos aparelhos nacionais. Ainda que não se queira, um esporte que empolga toda a Nação não se isola, vive e vibra sem contatos e outras ordens lisonjeiras.

  • A rainha Esther

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 06/07/2006

    Foi com muita emoção que o UniFMU, comandado pelo professor Edevaldo Alves da Silva, concedeu o título de professor honoris causa à figura respeitável de Esther de Figueiredo Ferraz, que freqüentou salas de aula, distribuindo o seu notável saber especializado em direito penal a milhares de alunos, deixando uma lembrança indelével. Ela teve a vida caracterizada por uma série de primeiros lugares, a partir de sua própria mãe, que, em 1907, foi a primeira mulher a tornar-se dentista em nosso país. A dra. Esther é a única mulher até hoje a ocupar o Ministério da Educação e Cultura, o que ocorreu no governo João Figueiredo, em 1982, ficando a seu crédito uma questão emblemática: aprovou a emenda João Calmon, ampliando os recursos destinados à educação, em todos os níveis de ensino. Ficou no MEC quase três anos. Entrou trazendo esperanças. Saiu sob aplausos dos estudantes, dos seus colegas professores e de políticos das mais diversas facções. Foi também a primeira a integrar o Conselho da Ordem dos Advogados do Brasil, a primeira secretária de Estado da Educação de São Paulo, a primeira reitora de universidade na América Latina (Mackenzie, em 1965), primeira mulher a dar aula no curso de direito da USP (década de 50), quando ocorreu um fato digno de registro. Preparou-se para a primeira aula, mas ficou nervosa. Temia pela recepção dos alunos. Dirigiu-se à turma com firmeza, os alunos se levantaram e bateram palmas. Na mesa da mestra, havia uma colorida maçã, com um bilhete: "An apple for the teacher" (uma maçã para a professora). Todos caíram na gargalhada, embora na época fosse raro encontrar mulheres nas universidades. Temos excelente lembrança dos tempos vividos por ela como membro do então famoso Conselho Federal de Educação. Conviveu 12 anos com alguns dos melhores educadores de todos os tempos, autores de pareceres que até hoje são recordados, como reflexo de competência e de sabedoria. A dra. Esther costuma recordar com muita simplicidade, como é o seu estilo, que foi alfabetizada aos 5 anos de idade, brincando com as letras e os números. Marcou sua vida pelo pioneirismo bem-sucedido e respeito muito grande pelos seres humanos.

  • Propaganda eleitoral

    Diario do Comercio (São Paulo), em 06/07/2006

    É de conhecimento de todos os brasileiros, eleitores, que no próximo mês de outubro se realizará pleito nacional para a escolha do presidente da República, e também de governadores, deputados e senadores, que comporão o sistema político brasileiro. É, portanto, da maior importância a eleição de 2006, na qual se empenharão os candidatos à Presidência da República e aos demais cargos, nos quais se decidirá a sorte da Nação. Pelo que nos é dado observar até agora, não se espere da campanha política grandes discursos e idéias luminosas sobre o destino da Nação, nem soluções práticas para florescer sobre os excessos atribuídos aos candidatos, na sua porfia de tentarem chegar à consecução do seu objetivo político.

  • Propaganda política

    Diario do Comercio (São Paulo), em 05/07/2006

    Têm sido objeto de artigos e livros os estudos que aguardam publicação sobre a propaganda política que começa oficialmente agora, data já abandonada pelos candidatos que estão fazendo propaganda desde que se declararam futuros candidatos. Cada qual usará dos meios que lhe forem servidos e que forem por eles inventados, afim de se manterem numa berlinda visível para os eleitores de todo o País. Cada vez mais as eleições brasileiras atraem eleitores, não só do Terceiro Estado como de supostos Quarto, Quinto ou Sexto Estados , arrastando todas as áreas sociais, com peso maior dos setores menos favorecidos economicamente e, portanto, mais sensíveis à demagogia que imperará vultosa no pleito que se aproxima, para o mês de outubro.

  • Só para ver no que dá

    O Globo (Rio de Janeiro), em 05/07/2006

    Se eu fosse comentarista de futebol profissional, provavelmente teria uma reputaçãozinha nesse mister. Mas, como não sou, não tenho reputação esportiva nenhuma para arriscar e, se o que eu disser não acontecer, tenho bem pouco a perder. Vou arriscar duas novas previsõezinhas inofensivas, até porque vocês já sabem o resultado do jogo de ontem.

  • A derrota da seleção

    Diario do Comercio (São Paulo), em 04/07/2006

    Venho, também, dar a minha opinião sobre a derrota da Seleção. Essa deveria ser gloriosa do primeiro ao último jogo e, gloriosamente, trazer para o Brasil a cobiçada Copa, para qual foram gastos milhões de dólares no preparo dos jogadores para o grande embate na Alemanha. Os torcedores já faziam sonhos sobre as vitórias a serem registradas, cada qual com sua característica diante de dada necessidade: o grande final da gloriosa seleção brasileira. Mas, viu-se no jogo contra a França que somos uma fraca equipe, que não sabe atacar e nem defender, contra uma seleção que soube, ganhando o jogo que nos mandou de volta para o Brasil.

  • Massacres e guerras

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 03/07/2006

    O recente massacre de 13 pessoas que teriam ligações com bandos criminosos, notadamente o PCC, demonstra mais uma vez a fragilidade de algumas de nossas instituições mais importantes -a Justiça e a polícia.

  • Homenagem à Revolução

    Diario do Comercio (São Paulo), em 03/07/2006

    A Associação Comercial de São Paulo homenageia a cada ano a Revolução Constitucionalista de 32 , cujo fulgor não deve ser diminuído no próprio interior do seu sentido. A comemoração é constituída de sessão cívica, com programa e discursos, e mais recentemente com a concessão do Colar Cívico que leva o nome do presidente da entidade na época, Carlos de Souza Nazareth, que se destacou pelo clamor cultural em defesa dos princípios sobre os quais se ergueu o ideal da Revolução. Com ela, queriam os paulistas lançar um desafio diante das tropas do governo de Getúlio Vargas, reclamando a Constituição a que ele antes se referia, sem no entanto convocar uma comissão para oferecer às forças cívicas um anteprojeto que desse rumo à constituição republicana, sucessora da Primeira Constituição.

  • O que é a verdade?

    Extra (Rio de Janeiro), em 03/07/2006

    Em nome da verdade, a raça humana cometeu os seus piores crimes. Homens e mulheres foram queimados. Os que cometiam os pecados da carne eram mantidos à distância. Os que procuravam um caminho diferente eram marginalizados. Um deles, em nome da “verdade”, foi crucificado. Mas, antes de morrer, deixou a grande  definição da verdade, que não é aquilo que nos dá certezas, não é o que nos faz melhor que os outros, não é o que nos mantém na prisão dos preconceitos. A verdade é o que nos faz livres. “Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”, disse ele.

  • Vinte anos depois: Francisco

    O Globo (Rio de Janeiro), em 02/07/2006

    Tomo café no terraço do hotel que dá vista para um castelo, um gigantesco castelo neste pequeno vilarejo com apenas algumas casas, na província de Navarra, Espanha. Já é noite, não há lua, estou refazendo de carro minha peregrinação a Santiago de Compostela, para comemorar os vinte anos de quando cruzei este caminho à primeira vez.

  • Conversas e lutas com Deus

    Diário da Manhã (Goiânia), em 02/07/2006

    Em um dos meus livros, O Monte Cinco, o personagem principal rebela-se contra os desígnios de Deus, e não quer mais escutá-lo. Inspirei-me em uma passagem bíblica, quando Jacó luta com Deus dentro de uma tenda, e só o deixa partir depois que Ele o abençoa.