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Artigos

 
  • Nome aos bois

    Diário da Manhã (GO), em 11/12/2010

    Leitora de distantes terras, acho que de Garanhuns ou mais longe ainda, manda-me e-mail reclamando de algumas coisas e elogiando outras. Diz ela que não se espantou quando soube que o noivo, vindo ao Rio a trabalho, foi atropelado na N. Sra. de Copacabana e removido, com risco de vida, para um hospital na zona sul.

  • O sino do sino

    Diário da Manhã (GO), em 11/12/2010

    Mestre Rubem Braga, habitante do mesmo lugar de infância de Roberto Carlos, Cachoeiro de Itapemirim, conta que, no fundo do sertão, uma pequena igreja tinha um sino de ouro. A cidade também era pequena e o povo se acostumou com o som de ouro do sino, sem saber se o som também era de ouro e era um toque de alegria e felicidade. Como se todos viessem daquele som. Pois o sino em cidade do interior é o aviso das coisas cotidianas, o relógio do trabalho ou descanso ou convite ao culto, com o alvoroço nas vitórias e dorido anúncio nos enterros.

  • Encontro do belo na Lello

    Jornal do Commercio (RJ), em 10/12/2010

    A sugestão foi do inspirado escritor e acadêmico Moacyr Scliar: “Se tu vais a Portugal, não deixes de visitar a Livraria Lello, no Porto. Na minha opinião, é a mais bonita do mundo.”

  • Ler e viajar nas palavras

    Jornal do Brasil, em 10/12/2010

    O notável discurso que Mario Vargas Llosa pronunciou ao aceitar e receber o Prêmio Nobel é uma peça literária, destas que recentemente não é fácil encontrar. Profissional da escrita, fez o que um escritor do seu porte não dissimula na controvérsia de gerar dúvidas existenciais: o elogio da leitura e da ficção, descritos na magia do que constrói tudo isso, a palavra.

  • Lições do Rio

    Zero Hora (RS), em 30/11/2010

    Olhando as imagens dos carros e ônibus incendiados no Rio de Janeiro, lembrei-me de uma cena similar que presenciei há anos em Montevidéu. Caminhávamos pelo centro da capital uruguaia quando encontramos uma pequena e barulhenta manifestação dos tupamaros, à época um dos movimentos mais radicais da esquerda latino-americana.

  • Medicina dá samba?

    Correio Braziliense, em 30/11/2010

    O próximo 11 de dezembro assinala o centenário de nascimento de uma das figuras mais importantes da música brasileira, Noel de Medeiros Rosa, o autor de composições inesquecíveis como Com que roupa?, Palpite infeliz, Último desejo, Fita amarela, O orvalho vem caindo, Até amanhã, Quando o samba acabou, Conversa de botequim, Feitio de oração, Feitiço da Vila, Três apitos, Pra que mentir?, Meu barracão e tantas outras. Foi uma curta existência, a sua, marcada tanto pela boemia como pelo sofrimento. Morreu em 1937, com apenas 26 anos de idade, deixando contudo uma obra que até hoje nos assombra e nos comove.

  • A culpa é do governo

    O Estado de São Paulo, em 29/11/2010

    A gente se acostuma a tudo. Os biólogos dizem que a repetição do estímulo inibe a resposta. Provocar continuadamente uma reação no organismo ou na mente acaba não surtindo mais efeito. Pode-se fazer uma analogia com a nossa desaparecida indignação, que, de tão cutucada, já não se manifesta e, em alguns de nós, parece ter-se convertido em resignação e cinismo amargo. É isso mesmo, os políticos são ladrões, os administradores são incompetentes, os serviços públicos são abomináveis, a educação é um desastre, a saúde é uma calamidade e a insegurança é geral - acabou-se, nada a fazer, o Brasil é assim mesmo. É triste ver a amada cidade do Rio de Janeiro, orgulho de todos nós, transfigurada numa Bagdá à beira-mar, carros blindados conduzindo tropas de assalto e armamento pesado, soldados de fuzil em punho se esgueirando em ruelas, como víamos somente em filmes de guerra. Entre metralhadoras, granadas, carros e ônibus em chamas, repórteres usando coletes à prova de balas e gente espavorida, é como assistir à cobertura da Guerra do Golfo. Isto é, enquanto uma bala não estilhaçar o televisor, caso em que teremos também recebido, como tantos outros concidadãos, nosso batismo de fogo.

  • Acordo ortográfico e volp (2)

    O Dia ( RJ), em 28/11/2010

    A pergunta de que trataremos é sobre a Base V, item 25, "e", quando o novo Acordo Ortográfico registra a possibilidade de alguns verbos terminados em -iar (negociar e premiar) admitirem a dupla conjugação negocio/negoceio, premio/premeio, isto é, embora em -iar, seguem o modelo dos verbos em -ear, por exemplo frear (freio), passear (passeio). Em Portugal, formas como "negoceio" e "premeio" são mais frequentes do que no Brasil, mas ambas existem em todo o domínio da língua portuguesa.

  • Nada a esconder

    O Globo, em 28/11/2010

    “Privacidade” é uma palavra recente na língua portuguesa. Quem a procurar num dicionário velho, aí de seus 30 ou 40 anos para cima, não vai encontrá-la. Antigamente se usava “intimidade”, que, na minha opinião, quebrou bem o galho durante muito tempo. Não obstante, do mesmo jeito que muitas outras palavras nossas, “intimidade” teve todos os seus anos de bons serviços ignorados e foi amplamente substituída, via Estados Unidos, por uma inglesa de som e uso considerados chiques, como ocorre entre nós em relação a qualquer coisa em inglês. “Privacidade”, aportuguesamento de “privacy”, já foi naturalizada e correm bem longe os tempos em que seria xingada de anglicismo e, se usada numa prova escrita, baixaria a nota. A bem da verdade, ela não deixa de comportar-se como uma boa cidadã brasileira e talvez mereça a popularidade que obteve, talvez nós estivéssemos precisando dela mesmo.

  • A hora da responsabilidade social

    Correio Braziliense, em 26/11/2010

    O estágio é fundamental como ideia do primeiro emprego. É a inserção inicial do jovem no mercado de trabalho. No Centro de Integração Empresa-Escola do Rio de Janeiro (CIEE/Rio) temos um percentual muito significativo de 72% de permanência dos jovens nos locais em que estagiaram. Esse percentual mostra não só a relevância do jovem no mercado profissional, mas também um crescimento expressivo no contingente de estagiários que atuam hoje em empresas de diversos segmentos.

  • O Iluminismo judaico

    Jornal do Commercio (RJ), em 26/11/2010

    Foi por pura curiosidade intelectual que nos dispusemos a escrever o livro “Haskalá – O Iluminismo judaico”. Primeira obra em língua portuguesa sobre esse importante movimento cultural, percorremos importantes bibliotecas internacionais para colher as preciosas informações. Primeiro a Rosenthaliana de Amsterdã, depois a do Jewish Theological Seminar, em Nova Iorque. Consultamos verdadeiros tesouros literários, a maioria em língua iídiche (dialeto usado principalmente pelos judeus da Alemanha), como comprova a declaração histórica de Isaac Bashevis Singer, Prêmio Nobel de Literatura de 1978: “A literatura iídiche foi toda construída sobre as ideias do Iluminismo. Quem quiser conhecer os últimos 600 anos da história judaica, terá de estudar essa língua, de tanta riqueza.”

  • Tolstói, um centenário

    Folha de São Paulo, em 26/11/2010

    Há 100 anos morria Tolstói na pequena estação de Astapovo, de uma pneumonia que pegara no terceiro dia de sua fuga de casa, no frio do inverno russo e da terceira classe do trem em que viajava. Fugia no desencanto do fim de sua vida, quando abandonara todos os valores que construíram sua celebridade como escritor para fazer uma peregrinação tão intelectual como corporal, em que não sabia bem aonde queria chegar, carregando ideias de pacifismo, negação de si mesmo e uma revolta interior que o faziam voltar à sedução do anarquismo.

  • Padre Ávila e o testemunho da modernidade

    Jornal do Brasil, em 24/11/2010

    Padre Fernando Bastos de Ávila, que perdemos a 6 de novembro, reunia três marcas exemplares do que possa ser o testemunho crítico da fé, no desafio do seu tempo. E sem nenhuma concessão aos conservadorismos fáceis, ou às rendições à boa consciência. Vindo da mais rica das formações teológicas e sociais, da Gregoriana a Louvain, criou, na PUC do Rio de Janeiro, a primeira grande escola de sociologia, nascida da ampla compreensão moderna da profissão, à luz dos rigores científicos de nosso tempo.

  • Deus e o diabo

    Jornal do Commercio (RJ), em 23/11/2010

    Desde criança -e bota muito tempo nisso- ouvia os adultos falarem, com voz sinistra, sobre o dia em que "os morros ocupariam o asfalto". E olha que os morros, naqueles distantes idos, não eram o que são hoje. Eram moradia de gente pobre que chegava à antiga capital da República para ganhar a vida.

  • Bingo!

    Zero Hora (RS),, em 23/11/2010

    Não sei se isto deveria figurar no meu currículo, mas estive entre aqueles que, há muito tempo, testemunharam o nascimento da CPMF. O fato ocorreu em uma reunião de secretarias de Saúde, aqui em Porto Alegre; o tema, crônico, era a escassez de verbas para o setor. Numa conversa informal de corredor, surgiu a proposta: arranjar mais dinheiro através de um imposto especial; no caso, sobre refrigerantes.