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Artigos

 
  • O resgate e o mito da raça

    O Globo, em 21/06/2014

    O impacto da aposentadoria prematura de Joaquim Barbosa vai ao crivo de uma interrogação em nosso inconsciente coletivo quanto à força simbólica do presidente do Supremo. No pleno advento de nossa democracia racial, Barbosa passa, ao mesmo tempo, à condição de herói e de desafiante. Repercute o gesto, num misto de elogio e de crítica, na medida em que se multiplicaram tanto o apoio quase mítico à sua figura, quanto o repúdio ao autoritarismo e à violência das diatribes do magistrado.

  • Festa

    O Globo, em 21/06/2014

    Uma explicação simples para a proliferação nas favelas e nos subúrbios de campinhos de terra batida: o futebol, no Brasil, é esse fenômeno que leva à gloria e à fortuna um menino pobre, quase sempre negro ou mulato, o que já o situa em um país que aboliu a escravidão mas não a sua herança.

  • Ciência e sensibilidade

    O Dia (RJ), em 15/06/2014

    Todas as vezes que falamos ou estamos construindo frases, estamos juntando palavras nocionais e relacionais devidamente hierarquizadas, cujos conjuntos constituirão mensagens a serem transmitidas e descodificadas a nossos semelhantes. A descrição e o estudo de tais princípios que regem a orquestração desse material linguístico em cada língua particular pertencem ao domínio da gramática chamado Sintaxe.

  • Favela é Cidade

    O Globo, em 04/06/2014

    Assisti a um debate memorável no Rio de Janeiro, promovido pelo XXVI Fórum Nacional, de que resulta o livro de Reis Velloso, Marília Pastuk e Ana Paula Degani que dá título ao presente artigo. A ideia é que a favela entre de forma definitiva na geografia e no orçamento da cidade. Que não se limite apenas a uma rubrica populista, assistencial, com projetos ao mesmo tempo frágeis e intermitentes. 

  • O selo do cinquentenário

    Jornal do Commércio (RJ), em 23/05/2014

    Desde garoto, estimulado pelos irmãos mais velhos, aprendi a admirar os Correios(ECT).  Eles achavam que colecionar selos era uma forma  de aprender mais depressa geografia, conhecer países com nomes  estranhos, e certamente história, principalmente a brasileira, em virtude do grande número de vultos homenageados a cada ano.                                       

  • De volta ao justiçamento selvagem

    O Globo, em 21/05/2014

    O massacre de Fabiane de Jesus, em Guarujá, exasperou esta nova marca de ruptura entre a sociedade civil e os aparelhos da segurança em nossos dias. Alastra-se o recurso à violência como forma de justiçamento selvagem pela população, somando o cansaço à espera da ação pública. Regressamos à violência imediata como torna ancestral ao “olho por olho’’ na vida coletiva. O linchamento consagra o anonimato da agressão como fosse um reclamo no gesto espontâneo e incontido de vizinhos e passantes por uma vindita coletiva.

  • Pedrinhas

    O Globo, em 07/05/2014

    As imagens apocalíticas do presídio maranhense, postadas na rede no início do ano, e acompanhadas pela sequência de mortes intramuros até a semana passada, refletem a condição inominável de boa parte do sistema carcerário no Brasil. 

  • A Política e as Ruas

    O Globo, em 02/04/2014

    As manifestações de rua de 2013 davam a impressão de que conseguiriam sensibilizar o universo, hermético e abstrato, de nossos poderes. E me refiro aos três níveis de governo. Raros os políticos naquela quadra que usaram palavras de alta voltagem, com severa autocrítica, dignos de uma Roma em estado terminal. 

  • Memória e Democracia

    O Globo, em 05/03/2014

    Nesta quarta-feira de cinzas, devo terminar a arrumação das velhas cartas de família, tarefa que sempre adiei, para desviar o rosto de meus fantasmas. Decidi, no tempo que precede a Páscoa, mergulhar no rio de águas esferográficas, quase todas de azul claro, narradas num presente que me parece, hoje, ficcional: de vidas liquefeitas, encontros e súbitas despedidas. 

  • Banco dos Brics

    O Globo, em 05/02/2014

    É o que parece desenhar-se no horizonte da sexta reunião de cúpula dos Brics, que se realizará em Fortaleza no mês de março. A ideia de um banco de desenvolvimento de países emergentes enseja um debate produtivo, para além do exausto sistema de Bretton Woods, de que o FMI e o Banco Mundial são as pupilas gerenciais. 

  • O que é a verdade?

    Folha de S. Paulo, em 28/01/2014

    Recebi, semanas atrás, não sei se uma intimação ou um convite, para comparecer à Comissão Municipal da Verdade Vladimir Herzog, de São Paulo.

  • Golfinhos e condor

    Folha de S. Paulo (RJ), em 21/01/2014

    O editor de um segundo caderno encomendara a Irineu, um free-lancer que estava sempre disponível, uma pesquisa sobre os golfinhos da baía de Guanabara, golfinhos que constam do escudo oficial da cidade do Rio de Janeiro, mas ausentes, há mais de um século, das águas que a cercam.

  • Do diário de um seminarista

    Folha de S. Paulo (RJ), em 14/01/2014

    Grave incidente para perturbar a nossa tranquilidade, provocado pelo próprio senhor arcebispo. Veio enfurecido do palácio, para desabafar aos gritos com os nossos superiores, que nada tinham a ver com a história.

  • A ordem do dia

    Folha de S. Paulo, em 12/01/2014

    Meus camaradas: Estamos todos reunidos aqui, ao pé da pátria amada, para render tributo ao dia de hoje. Em nosso calendário cívico, a data de hoje é, sobretudo cara aos que verteram seu generoso sangue em defesa de nossa integridade territorial. Refiro-me, como é claro, aos valorosos soldados desconhecidos que tombaram no campo de batalha, regando com seu sangue enobrecido os nossos mais claros e supinos ideais de brasilidade.

  • Programação intensa

    O Globo, em 12/01/2014

    Como de costume, vou deixar em paz o generoso leitor e a amável leitora por quatro domingos, neste começo de ano, a partir de hoje. Se não erro aqui nas minhas contas, devo estar de volta em 16 de fevereiro. Também como de costume, vou passar o tempo que puder na minha terra, com os amigos de infância, que vêm escasseando num ritmo alarmante, o que os torna cada vez mais preciosos. Lá se foi, faz poucos meses, Ary de Almiro, que jogou bola comigo e, quando rapazinho, era discípulo de meu primo Walter Ubaldo, na Escola Filosófica do Sorriso de Desdém. “Mais eloquente que a pena do escritor, mais poderosa que a espada do soldado, a maior arma que o homem tem é o sorriso de desdém” — era o moto da escola e eles saíam pela rua, tacando o sorriso de desdém a torto e a direito.