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Artigos

 
  • A ordem do dia

    Folha de S. Paulo (RJ), em 12/01/2014

    Meus camaradas: Estamos todos reunidos aqui, ao pé da pátria amada, para render tributo ao dia de hoje. Em nosso calendário cívico, a data de hoje é, sobretudo cara aos que verteram seu generoso sangue em defesa de nossa integridade territorial. Refiro-me, como é claro, aos valorosos soldados desconhecidos que tombaram no campo de batalha, regando com seu sangue enobrecido os nossos mais claros e supinos ideais de brasilidade.

  • As dores da Tunísia

    O Globo, em 11/01/2014

    Ontem pela manhã, no hall do hotel Eastin, aqui em Kuala Lumpur, uma tunisiana parecia particularmente feliz com as notícias de seu país, embora cautelosa sobre as consequências. A escritora Hélé Béji, uma das principais intelectuais da Tunísia, fundadora do Colégio Internacional de Túnis, fizera uma palestra angustiada no dia anterior, na Universidade Malaya, dando um panorama sombrio do que acontecia em seu país desde que um jovem vendedor ambulante de frutas e verduras se imolou em praça pública, em protesto contra os desmandos das autoridades, desencadeando o que ficou conhecido como “Primavera Árabe". 

  • O sonho chinês

    O Globo, em 10/01/2014

    O seminário de Kuala Lumpur da Academia da Latinidade teve ontem seu ponto alto na visão de estudiosos chineses sobre o "século chinês", que eles aceitaram classificar de "século asiático" para ficarem dentro do espírito da região. O professor de Literatura Comparada e Tradução Zhang Longxi, da Universidade de Hong Kong, defendeu a necessidade de integração com o Ocidente citando Lu Xun, que classificou como "um dos mais radicais pensadores da moderna história chinesa".

  • Santurantikuy

    O Globo, em 01/01/2014

    Este é o nome de uma das feiras natalinas de maior relevo no Peru, montada ao longo da Praça de Armas, na imperial cidade de Cusco. Lembra uma ópera ao ar livre, onde o espanhol cede lugar ao quíchua, a prosa do áspero quotidiano, à poesia e ao sino das igrejas, aos cantos populares, como se formasse um coro misto a celebrar o nascimento de Emanuel, chamado carinhosamente de Manuelito ao longo do mundo hispânico. 

  • Início de caso

    Folha de S. Paulo, em 31/12/2013

    Tudo mudou quando, na manhã de um domingo, olhando da janela do quarto do hotel para a praia, vi uma jovem que acenava para mim, querendo falar comigo. Nunca a tinha visto, em Cabo Frio nem em lugar nenhum. Mas era uma jovem bonita, de cabelos lisos, usando uma calça jeans esfarrapada, uma blusa verde mal abotoada, presa na cintura por um laço mal dado.

  • Mal na fita

    O Globo, em 29/12/2013

    A mais recente edição da revista “Foreign Affairs” traz duas análises que se combinam: os países que merecem a atenção dos investidores e aqueles que são os “eternos emergentes” e acabam não realizando as profecias que fazem sobre eles. Infelizmente o Brasil, que já foi uma das estrelas daquele time de vencedores, passou a esta última categoria.

  • Do diário do coroa

    O Globo, em 29/12/2013

    Querido Diário,

    Acabou o ano, o tempo passa cada vez mais depressa. Hoje vai aparecer ainda mais gente, lá no boteco. Já viraram tradição da casa os cumprimentos de fim de ano, bons desejos, muita paz, muita saúde, essas frescuras automáticas que todo mundo diz da boca para fora e em que ninguém presta atenção. Eu retribuo tudo o que me dizem, mas cada dia me exaspera mais a parte do “você está muito bem”. Só quem ouve essa conversa do “você está muito bem” é velho, ninguém diz isto a um jovem. É um saco, até porque muitos falam estas coisas somente para receber a retribuição e a gente tem de cumprir o ritual. Ôi, tudo bem, mas, cara, o tempo não passa para você, você está muito bem, em grande forma! Não, você é que está ótimo — e fica essa nênia ridícula de lá para cá, um bando de despencados caquéticos querendo engabelar o calendário, para mim é triste.

  • Além dos caças

    O Globo, em 28/12/2013

    Eduardo Brick, especialista do Núcleo de Estudos de Defesa, Inovação, Capacitação e Competitividade Industrial da Universidade Federal Fluminense, em vez de comemorar ou criticar a compra dos novos caças Grippen suecos pela Aeronáutica, prefere uma visão pragmática e de longo prazo. Por mais paradoxal que a afirmação possa parecer, diz ele, essa decisão não será importante para a defesa do Brasil nos próximos 20 anos, mas, sim, para daqui a 30 a 50 anos.

  • O acordo e a corda

    O Globo, em 27/12/2013

    Embora parecesse pacífica a implementação do Acordo Ortográfico de Unificação da Língua Portuguesa, na sua versão de 1990, a comunidade lusófona reagiu de maneira diferente. O Brasil aderiu com entusiasmo a essa ideia de simplificação. A partir de 2013 todos os seus instrumentos de comunicação, como jornais, revistas, livros e emissoras de rádio e televisão obedecerão aos ditames do Acordo, sacramentado pelo expresidente Lula, em 2008, numa simpática cerimônia, simbolicamente realizada na sede da Academia Brasileira de Letras.

  • Barroso empurra a História

    O Globo, em 27/12/2013

    O ministro do Supremo Tribunal Federal Luis Roberto Barroso, ao fazer um balanço do ano para o site especializado “Consultor Jurídico”, defendeu o fim do financiamento eleitoral por empresas, matéria que está em julgamento no STF já com quatro votos a favor, inclusive o seu. Mesmo admitindo que o tema “não é simples e situa-se na fronteira movediça e conturbada que separa, de um lado, a interpretação constitucional e, de outro, as escolhas políticas”, Barroso defende que a proibição terá o “efeito positivo, (...) de fazer com que a discussão sobre a reforma política seja retomada e um pacto geral pelo barateamento do processo eleitoral seja firmado”.

  • A questão não é só salário

    Jornal do Commercio - RJ, em 27/12/2013

    Estamos todos em busca da excelência. É um ojetivo comum. Quando reparamos nas peripécias das correções das provas do Enem, por exemplo, ficamos um pouco assustados. Estaríamos chegando próximos ao estágio em que o escritor colombiano Gabriel Garcia Marquez (prêmio Nobel de Literatura) pediu para aposentar a gramática? Segundo ele, “é o terror dos seres humanos desde o berço”. Não é exatamente a nossa opinião, mas devemos ter maiores cuidados com as avaliações em curso.

  • Dilma em Davos

    O Globo, em 26/12/2013

    Foi acertada a decisão da presidente Dilma de comparecer ao Fórum Econômico Mundial em janeiro, para falar aos investidores internacionais reunidos em Davos, na Suiça, no encontro que praticamente define os caminhos do capitalismo mundial. Até mesmo pelo fato de ser esta a primeira vez, a presença da presidente brasileira por si só já alcança o objetivo pretendido, que é o de garantir aos investidores internacionais que seu governo não deixará que o equilíbrio fiscal se perca, e garantirá o respeito aos contratos.

  • A ceia de um rei

    Folha de S. Paulo, em 24/12/2013

    A bicicleta da filha mais velha e o skate da menor já estão há mais de uma semana no quarto da empregada, escondidos das garotas. Faltavam os brinquedos menores, a lista que elas haviam feito incluía jogos eletrônicos, tablets, celulares. Agora, tirava os embrulhos da mala do carro e atravessava correndo o quintal.

  • Aquiles e a Tartaruga

    Jornal de Letras, Artes e Ideias (Lisboa), em 24/12/2013

    Não saberia de que lado começar a reunião dos pedaços capazes de comporem uma pequena parte da antologia que me constitui. Confesso de imediato: eu me dissipo nas coisas que congrego. Sou mais pródigo que avaro, ou seja, menos inclinado à estrela que às fauces do caos. Se conseguisse inverter a frase (eu me congrego nas coisas que dissipo), poderia elaborar sem hesitação um resumo do que sou, para me defender um dia no do tribunal de Osíris.

  • Alfabetização atrasada

    O Globo, em 22/12/2013

    Um dos maiores problemas que os educadores veem no Plano Nacional de Educação (PNE), projeto de lei enviado pelo governo federal ao Congresso em dezembro de 2010 e que somente no próximo ano deverá ser aprovado, se refere à alfabetização. No projeto original a meta era alfabetizar as crianças "até os 8 anos". O relator na Comissão de Educação do Senado, o tucano Álvaro Dias, alterou a idade máxima para 7 anos, mas afirmando que até o quinto ano de execução do Plano a idade deveria ser de 6 anos. O substitutivo do PMDB colocou esse objetivo para "até 10 anos" de execução do plano.