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Artigos

 
  • Internação, corrente ou aposentadoria

    O Globo (Rio de Janeiro), em 20/03/2005

    No momento em que lhes escrevo, me encontro num estado emocional e psicológico deplorável, quiçá calamitoso. Sei que vocês (nem o governo, aleluia!) não têm nada com isso e minha revelação equivale mais ou menos à que, por exemplo, faria um ator de quinta categoria ou em surto psicótico, explicando à platéia, antes do espetáculo, que sua performance, naquele dia, será inferior à do elenco de um circo falido homiziado num arraial de Cobrobó. As vaias que recebesse seriam mais que merecidas e acredito que também farei jus a vaias (linchamento eu acho um pouco de exagero, embora, na conjuntura em que vivemos, até compreensível, todos andam muito tensos) e penso seriamente em não botar os pés fora de casa neste domingo, nem que seja no interesse de preservar minha mãe de referências desairosas, pela desdita de ter parido um filho como eu.

  • Mar aberto

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 20/03/2005

    Cena de um filme de Jacques Tati com a qual me identifico: num balneário de classe média, um executivo gordo e careca está boiando no mar, de óculos escuros para se proteger da luminosidade meridional.

  • Bush e os dois ocidentes

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro), em 18/03/2005

    As declarações do começo da semana de Berlusconi a Bush foram peremptórias. A Itália sai, de vez, da ocupação do Iraque, em conseqüência do morticínio pelas tropas americanas do policial-chefe Calpari que cobriu com seu corpo as balas disparadas contra o carro que conduzia Sgrena ao aeroporto. O reconhecimento é claro, de parte do primeiro-ministro. Não podemos mais afrontar a opinião pública que deu honras de herói nacional frente ao Tabernáculo da Pátria, em Roma, ao protetor da refém italiana. É como se na percussão direta de um repúdio de fundo da dita "Velha Europa" se partisse o último elo, ainda, do liame do continente com a cruzada irrompida pelo 11 de setembro.

  • E o 15 que não é de Rachel?

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 18/03/2005

    Rachel de Queiroz marcou a literatura brasileira quando, com "O Quinze", entrou com todo vigor no grupo daqueles que Oswald de Andrade chamou de "os búfalos do Nordeste" -que invadiram a Semana de Arte Moderna com a temática da seca.

  • A face da festa

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 18/03/2005

    Tem vinte e três anos. Às vezes, parece ter menos. É magrinha, mas muito bem-feita de corpo. Mora longe, sei que dá duro para chegar ao trabalho, imagino que, quando volta para casa, às vezes tarde, indo em silêncio, no meio da noite, volta para um mundo que não é dela, nunca foi dela, nada parece mais dela, afinal, qual é a dela? Não me sinto confortável quando penso nisso: qual é a dela? A primeira constatação é simples: a dela é viver, ter direito à vida, à alegria e, a longo prazo, a um futuro.

  • Besteirol de escritor

    Diário do Comércio (São Paulo), em 18/03/2005

    Vem dos Estados Unidos muito do que nos interessa na área da tecnologia e muito em baboseiras, que, infelizmente, são repetidas como se fossem verdades comprovadas.

  • FHC, Delfim e Lula

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 17/03/2005

    Semana passada, comentei a troca de críticas entre Lula e FHC, que não chega a ser ainda briga nem um rompimento formal. Sugeri que se desse um pau a cada um e que eles decidissem as divergências numa arena pública e com narração isenta do Galvão Bueno.

  • Moloch

    Diário do Comércio (São Paulo), em 17/03/2005

    Está nas locadoras um filme com esse título de mitologia para designar Hitler e seus companheiros e pessoal burocrático da sua residência na montanha. Como sabem todos que se informam sobre os problemas do país e do mundo, uma estranha simpatia está aproximando o gângster da Segunda Grande Guerra da juventude européia. É um fenômeno que deve dar o que pensar aos dirigentes de países não só da Europa, como de outros continentes, inclusive o Brasil.

  • Os prêmios e a valorização do escritor

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro), em 16/03/2005

    Um dos mais ameaçadores adjetivos que, de vez em quando, rondam a vida de um escritor é ''simbólico'', sobretudo quando antecedido das palavras ''cachê'', ''pro-labore'' e similares. Para as intervenções de outros profissionais na esfera da arte, costuma-se estipular um pagamento, maior ou menor, sem que seja necessário recorrer ao anteparo do famigerado adjetivo. Porém, a ''remuneração'' do escritor que participa de um evento (em que ele mesmo, não raro, é a principal atração) às vezes reduz-se a uma cama de hotel, a um café da manhã, a uns trocados para o deslocamento - e estamos conversados. Mal lido e não pago, o autor brasileiro encontra poucos estímulos para a difusão e o conseqüente reconhecimento de sua obra, a partir da própria desconsideração e do viés amadorístico com que seu ofício é tratado.

  • Lula e os leões

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 16/03/2005

    Não tenho certeza, mas acho que entre as leituras de Lula ao longo da vida, está o "Tartarin de Tarascon", de Alphonse Daudet, uma das obras-primas que até hoje me encanta quando estou triste, triste de não ter jeito.

  • A volta de Marta

    Diário do Comércio (São Paulo), em 16/03/2005

    Até há muito pouco tempo, o que se falava sobre a sucessão estadual era especulação, uma prática corrente nas colunas políticas da mídia impressa.

  • Precisa-se de um milagre na educação

    O Globo (Rio de Janeiro), em 15/03/2005

    O MEC, ao longo da história, sofreu todo tipo de influência. Quando era moda apresentar soluções de direita ou de esquerda, divertimo-nos bastante com idéias até generosas, mas que não entraram no domínio objetivo da prática.

  • Permanência de Jorge

    Tribuna da Imprensa (Rio de Janeiro), em 15/03/2005

    Tenho para mim que três narrativas mais ou menos curtas serão, daqui a alguns séculos, consideradas típicas do clímax que a ficção em prosa alcançou, como sucessora do poema-que-conta-história, no período que veio de Tolstoi aos dias de agora. São "A morte de Ivan Ilyitch", do próprio Tolstoi, o "Velho e o mar", de Ernest Hemingway, e "A morte e a morte de Quincas Berro D'água", de Jorge Amado.

  • O demônio de Garanhuns

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 15/03/2005

    Não sei não, mas o presidente da República que mais mudou ministério foi JK. Dizia ele que não tinha compromisso com o erro: quando sentia que um ministro ou auxiliar não estavam dando conta da tarefa que lhe atribuíra (ele tinha 30 metas a cumprir), o mundo podia vir abaixo, mas ele substituía o ministro que não estivesse sintonizado com o seu ritmo de trabalho e as suas prioridades.