Portuguese English French German Italian Russian Spanish
Início > Artigos > Artigos

Artigos

 
  • Posições e acidente de percurso

    Folha de S. Paulo (SP), em 28/12/2008

    ALI POR VOLTA DOS ANOS 70 , fez sucesso entre os aficionados um livrinho ilustrado que tinha título inocente, mas propósito nem tanto. Em inglês, era "Positions". Ensinava posições especiais, algumas especialíssimas, para se praticar o ato sexual. Até então, a maior e melhor referência para o assunto era o "Kama Sutra", que, se não me engano, codificava 48 maneiras de fazer aquilo que os livros sérios chamam pelo feio nome de "coito".

  • O sol por comissão

    Folha de S. Paulo (SP), em 28/12/2008

    RIO DE JANEIRO - Li reclamações na mídia sobre a visita do presidente francês ao Brasil. Os resmungões de sempre (entre os quais o cronista) chegaram a chamá-lo de caixeiro viajante, um mascate que vai com sua mala cheia de novidades às regiões distanciadas do consumo, levando artigos de armarinho que não chegam lá.

  • O ano do desafio

    Zero Hora (RS), em 28/12/2008

    Em A Era dos Extremos, o historiador Eric Hobsbawm, que já esteve em Porto Alegre e é uma das melhores cabeça de nosso mundo, diz que o século 20 na realidade começou em 1914, com o início da guerra que marcou o fim do velho liberalismo. Da mesma maneira podemos dizer que o século 21 vai começar em 2009. Até agora ainda vivíamos sob os efeitos da otimista conjuntura que marcou o fim do século 20, a expansão econômica, o desenvolvimento da informática, a emergência de novas potências, nelas incluído o Brasil. Agora estamos em crise, uma crise cujas proporções ainda não conhecemos, mas que certamente terá conseqüências. Por causa dessa crise, já podemos dar um apelido ao ano que se inicia: será o ano do desafio.

  • "Intérprete da condição humana"

    O Estado de S. Paulo (SP), em 28/12/2008

    É difícil falar em Meu Machado tratando-se de um escritor de obra tão vasta, tão variada e tão surpreendente. Meus Machados é melhor. No meu caso, incluem Dom Casmurro, claro, e também contos (Uns Braços, Missa do Galo) e crônicas. Mas há um texto, às vezes classificado como conto, às vezes como novela, que sempre me fascinou - como leitor, como médico, como escritor. Trata-se de O Alienista, publicado originalmente - sob a então habitual forma de folhetim, isto é, em capítulos - no jornal A Estação, entre outubro de 1881 e março de 1882.

  • Admirável ano novo

    O Globo (RJ), em 28/12/2008

    Era comum, talvez ainda seja, que o infeliz plantado numa redação na véspera de Natal, com uma página somente esperando uma matéria dele para rodar, não resista ao título que, em temível concerto telepático, também vem à cabeça dos outros na mesma situação, e taque lá “Admirável Mundo Novo”, tirado, como sabemos, do livro do mesmo título de Aldous Huxley. Aqui, fiz uma inovação, na esperança de que ela não ocorra também a mais de dez por cento dos aflitos. Boto “ano”, em vez de “mundo” porque é cada vez mais assim. O que era para acontecer somente daqui a décadas acontece amanhã e, descontada a crise, creio que certos setores, notadamente do mercado de eletrônicos às vezes pisam no pé das novidades, para que elas não terminem embotando a capacidade de absorção ou compra do consumidor.

  • Evitando a ressaca

    Zero Hora (RS), em 27/12/2008

    A melhor maneira de evitar a ressaca é não beber ou beber com moderação. Quem o diz não é o autor destas linhas, abstêmio por opção, mas sim um exaustivo estudo publicado no British Medical Journal. Os autores examinaram centenas de formas de tratamento supostamente eficazes no controle dos sintomas da bebida, chegando a esta conclusão: nenhum deles resolve o problema. Que, no entanto, tem de ser enfrentado, sobretudo nesta época do ano em que o consumo de álcool aumenta substancialmente – e assim também a ressaca. A palavra, aliás, tem dois sentidos: designa o movimento agitado das ondas (e por isso Machado de Assis falou nos “olhos de ressaca”, de Capitu) e os sintomas que se seguem à ingestão excessiva de álcool.

  • Quem inventou a prosperidade?

    Folha de S. Paulo (SP), em 26/12/2008

    O ANO podia ter sido pior -aliás, tudo nesta vida e na outra podia ser pior.Sempre impliquei com o lugar-comum que obriga a humanidade a maldizer o ano que passou e a bajular o ano que chega, desejando-o próspero. A verdade é que todos os anos que já maldizemos, íntima ou publicamente, todos os anos que ficamos aflitos em vê-los para trás, todos esses anos - repito - foram prósperos no início e acabaram malditos, como os demais. Quem inventou essa prosperidade?

  • Que venha um ano bom

    Folha de S. Paulo (SP), em 26/12/2008

    ANO VELHO , ano novo. De viver, vive-se com a invenção do tempo. Escrever sobre estas festas e estado de espírito é coisa difícil, a começar pela exigência dos gramáticos. Ano-Novo, com maiúscula e hífen, é o champanhe se abrindo, a festa da passagem. Já ano novo, tudo minúsculo, são todos os dias do novo ano. Por isso é correto dizer bom Ano-Novo e feliz ano novo. De um jeito ou de outro, queremos um 2009 de progresso, tranqüilidade e paz, dando graças por ter vivido o ano de 2008. Paz para Guido Mantega, tranqüilidade para o Meirelles e o progresso fica mesmo para o presidente Lula. Mas não é isso que as cassandras andam berrando no mundo todo.

  • O futuro da política (2)

    Jornal do Commercio (PE), em 25/12/2008

    A reforma política que interessa ao País transcende o universo de normas jurídicas, disposições legais e atos normativos que regulam os pleitos do segundo maior colégio eleitoral do mundo ocidental. Ela deve ser bem mais abrangente. Refiro-me, em especial, às instituições políticas, ao relacionamento entre os poderes do Estado, à organização federativa e, sobretudo, às práticas que constituem a nossa cultura política – velha de 500 anos – desde que aqui aportaram as estruturas do poder colonial, sob o qual vivemos por mais de três desses cinco séculos.

  • Chávez e o obsceno desejo de poder

    Jornal do Brasil (RJ), em 24/12/2008

    A chegada de Lula a um patamar de 80% de popularidade, em meios do segundo governo, mostra as surpresas, ou as desleituras do avanço de um regime genuinamente democrático. Independente do PT, nas desgraças do mensalão, ou da emergência de um aparelho no situacionismo, o sucesso do Planalto aponta mais que a um momento, ou a uma lua-de-mel política, a uma convicção cívica e à consciência da nossa mudança.

  • “Olha a crise!”

    Jornal do Commercio (RJ), em 23/12/2008

    Um desocupado contou e colocou na internet um dado inquietante: nos últimos tempos, a palavra “crise” é a mais repetida em jornais e revistas de todas as partes do mundo. Não sei como ele chegou a esta inútil descoberta, mas dou-lhe razão: todos falam na crise e a evocam para justificar isso ou aquilo.

  • Comadre Janete

    Diário de Pernambuco (PE), em 23/12/2008

    O tema tinha que ser cabeça. A última conversa que tive com Janete foi ler o seu prefácio para o livro de Odette Eid, Minhas cabeças. É um texto dialogal. Explícito na percepção e no bom gosto.

  • O repto da mega universidade privada

    Jornal do Commercio (RJ), em 22/12/2008

    A expansão universitária brasileira entra, a partir do ano próximo, numa nova fase de organização de sua política pública, vinculada à avaliação do setor privado e, de vez, à garantia de sua qualidade, nesta atividade crítica do nosso desenvolvimento. O setor hoje responde por 75% dessa oferta, e se desdobra em diversas categorias de atores desse serviço. Dos comunitários e confessionais, à iniciativa privada propriamente dita, por sua vez ligada à característica filantrópica e, de fato, e de vez, à empresarial cometida à obtenção de lucros, no quadro da garantia constitucional do modelo econômico brasileiro.

  • O algodão em Melbourne

    Folha de S. Paulo (SP), em 21/12/2008

    RIO DE JANEIRO - Com o advento da internet, ele pensou que ficaria livre de uma das coisas que mais o chateavam: a leitura dos jornais. Por motivos profissionais, era obrigado a ler diariamente pelo menos quatro deles, além de revistas semanais e mensais. Estava cheio.

  • Somos todos ladrões?

    O Globo (RJ), em 21/12/2008

    Não, sério mesmo, somos todos ladrões? Gostamos muito de criticar “o brasileiro”, como se não fôssemos brasileiros também. Mas somos e, portanto, o certo não é perguntar se o brasileiro é ladrão, mas se podemos ser descritos como um povo constituído basicamente de larápios, aí compreendidos os corruptos de toda sorte, até mesmo os que recebem um “por fora” com a expressão honrada de que não estão fazendo nada de errado, estão fazendo o que há séculos vem sendo feito. Foi a primeira coisa, por exemplo, que o presidente Lula disse, quando começou a revelação de irregularidades no financiamento de sua campanha política – é assim que sempre se fez neste país.