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Artigos

  • Vamos a esse canguru

    O Globo (Rio de Janeiro), em 18/06/2006

    Para trás Frankfurt, agora é Munique. Não posso honestamente dizer que fico com saudade. Não por causa de Frankfurt, grande centro de negócios e finanças, mas que tem lá seus charmes, alguns um pouco escondidos, que valem a pena conhecer.

  • Vamos dar uma força a Ronaldo

    O Globo (Rio de Janeiro), em 17/06/2006

    Entre as coisas mais terríveis que acontecem aos muito famosos, está a de que ele ou ela deixa de ser gente. Passa a pertencer a uma espécie à parte das outras pessoas, principalmente se, junto à fama, vem a fortuna.

  • A simpática torcida inglesa

    O Globo (Rio de Janeiro), em 16/06/2006

    Todo mundo ouviu falar no comportamento dos torcedores ingleses, que já mereceu sanções por parte da Fifa e do próprio governo inglês. Alguns deles foram fichados e não podem nem aparecer nos estádios. Há gente que acha isso exagero, pois, afinal, os ingleses são sempre considerados exemplos de civilidade e calma ou, como se dizia antigamente, quase que somente em relação a eles, fleuma.

  • Ressaca, Ronaldinho e Ronaldão

    O Globo (Rio de Janeiro), em 15/06/2006

    Passado o pouco memorável jogo da terça-feira, as cabeças estão esfriando, mas ainda há muita gente por aqui falando como se o Brasil tivesse perdido. Até mesmo os britânicos, pois não só de arruaceiros se compõe a torcida inglesa. Logo depois do jogo, entrando no elevador do hotel em Berlim, me bati com dois cavalheiros ingleses aparentemente sóbrios, ambos vestidos com a camisa da seleção brasileira, que olharam meu crachá de imprensa e viram que sou brasileiro.

  • Errei, sim

    O Globo (Rio de Janeiro), em 14/06/2006

    Está certo, mereço a gozação que estão fazendo com meu prognóstico de 4 a 0 em cima da Croácia. Errinho bobo, três gols não fazem tanta diferença assim, mas, de qualquer forma perder da Croácia continua a ser contra as leis da Natureza. E, vamos ser sinceros, acho que ninguém ou quase ninguém esperava que a seleção jogasse desse jeito incompreensível, como já comentam os alemães.

  • Errei, sim

    O Globo (Rio de Janeiro), em 14/06/2006

    Está certo, mereço a gozação que estão fazendo com meu prognóstico de 4 a 0 em cima da Croácia. Errinho bobo, três gols não fazem tanta diferença assim, mas, de qualquer forma perder da Croácia continua a ser contra as leis da Natureza. E, vamos ser sinceros, acho que ninguém ou quase ninguém esperava que a seleção jogasse desse jeito incompreensível, como já comentam os alemães.

  • É hoje!

    O Globo (Rio de Janeiro), em 13/06/2006

    Cheguei a Berlim ontem. Berlim, onde já morei quase um ano e meio, mas onde não volto faz alguns anos, continua com seu charme especial e cheia de boas lembranças para mim. Mas praticamente já não a conheço mais, de tanto que está mudando, a começar pela nova estação de trem, uma edificação moderníssima e monumental, tal como tudo mais que já foi construído e está sendo construído.

  • Dando o troco num boteco do Leblon

    Jornal o Globo (Rio de Janeiro), em 23/04/2006

    Acho que você não tem razão. Acho que vai ter o troco, o povo vai dar o troco a esses caras. Outubro vem aí e eu tenho certeza de que esses caras vão dançar. Talvez um ou outro se safe, mas a maioria vai dançar. Dessa vez eles foram longe demais, eles vão dançar nas eleições.

  • Se tivesse estudado...

    Jornal O Globo (Rio de Janeiro), em 09/04/2006

    Para quem precisa de assunto toda semana, é de esperar-se que excesso de assuntos seja uma bênção. Mas cada dia mais chego à conclusão de que não é, é pior do que não ter assunto. Quando não se tem assunto, sempre se pode fantasiar, por exemplo, sobre Herculano, o gavião que se exibia muito aqui pelo terraço e nunca mais apareceu. Quando se tem assunto demais, a indecisão acomete, todos acabam se intrometendo no texto e fica difícil pôr ordem na miscelânea que insiste em sair.

  • Me visitem na cadeia

    Jornal o Globo (Rio de Janeiro), em 02/04/2006

    Passei uns dias fora, sem ler jornais ou ver televisão. Deve ter sido esse afastamento fugaz das notícias a razão por que, ao voltar ao convívio delas, tomei um susto. Bastaram esses dias para minha perspectiva se apurar, por assim dizer, e eu sentir em cheio a assombrosa desvergonha a que chegaram o Brasil e suas instituições. Com perdão da má pergunta, que país é este, meu Deus do céu? Resolvi tomar a liberdade de dizer o que me parece no momento, sem eufemismos ou ressalvazinhas bestas, embora, é claro, me arrisque bastante. Posso ter meu sigilo bancário aberto - o que certamente provocaria frouxos de riso nos bisbilhoteiros -, assim como qualquer outro sigilo, pois o governo demonstrou que não merece confiança e é destituído de escrúpulos. Portanto, nenhum dos nossos dados a que é garantida confidencialidade está seguro. Ou de repente escarafuncham meu passado e descobrem um contemporâneo capaz de jurar que eu colei numa prova de latim do ginásio e portanto passei fraudulentamente, o que será considerado crime hediondo por algum tribunal desses do Executivo, que por aí abundam. Finalmente, como não empregarei eufemismos, não é impossível que me acusem de calúnia, difamação ou injúria e eu venha a ser condenado pelo que se considerará um ou mais desses crimes, apesar de que, no meu parecer, se trataria de delito de opinião, figura que não existe, mas que pode perfeitamente ser posta em prática, sob nomes artísticos que lhe emprestem a aparência de legitimidade.

  • Tem governo aí, não?

    O Globo (Rio de Janeiro), em 26/03/2006

    Uma coisa que ninguém pode nos negar é a originalidade. Já começa que devemos ser, como diziam os professores, o mais extenso país do mundo em terras contínuas e férteis. E, se não somos, estamos perto. Somos também um país dotado de imensos recursos naturais e um clima no geral amigável e não temos tribos ou facções secularmente inimigas. Somos, assim ou assado, uma nação, com a mesma língua e os mesmos traços culturais. Fica difícil entender, portanto, a razão por que tanto atraso e problemas tão terríveis.

  • O sonho do urutu próprio

    O Globo (Rio de Janeiro), em 12/03/2006

    Felizmente, enquanto escrevo, o presidente não está no Brasil, mas em febricitante jornada de trabalho na Inglaterra e não pode ver na televisão - eis que jornais ele proclama não ler - o Exército mobilizado para recuperar dez fuzis roubados, que estariam escondidos nas favelas cariocas. Mais pessoal, acho eu, que o enviado ao Haiti, o qual é um pouquinho mais extenso que o Rio de Janeiro e, afinal, é o Haiti, país abaixo de nós (sei que os de má vontade dirão que todo mundo ficou acima, mas com má vontade não se chega a lugar nenhum) na lista dos que menos cresceram e cheio de estrangeiros. Aqui o espetáculo do crescimento não tem sido propriamente emocionante, mas, sabem vocês como são essas coisas de show business . Sempre pode dar algo errado e, além disso, como afirmou o presidente há alguns dias, o Brasil não tem pressa. Quem tem pressa é quem tem fome, segundo também palavras dele, e isso vem sendo exemplarmente tratado, como poderá testemunhar qualquer pequeno empresário que receba o bolsa-família, juntamente com funcionários municipais parentes dos prefeitos, política social avançada, que vem sendo implantada em todo o nosso imenso Brasil.

  • A qualidade de vida ataca novamente

    O Globo (Rio de Janeiro), em 25/12/2005

    Claro, eu sabia que não ia durar muito. Há bastante tempo minha qualidade de vida tem sido de baixíssimo nível e, como se sabe, é impossível sobreviver hoje em dia sem cuidar da qualidade de vida. Do contrário, o sujeito morre depois de ler as seções de saúde dos jornais, tamanho é o terrorismo que fazem em relação à qualidade de vida. Devia haver um aviso nessas seções, advertindo que sua leitura contumaz leva a todo tipo de doença imaginável. Eu, apesar das exigências de minha atividade jornalística, procuro evitá-las, mas não adianta porque os efeitos delas se alastram como fogo em mato seco, a começar pela própria família do sofrente.

  • Será saudade?

    O Globo (Rio de Janeiro), em 18/12/2005

    Luta vã, a de tentar mudar de assunto todo domingo, sem conseguir. Ia tratar de um assunto sério, como a minha volta ao calçadão - manhã, naturalmente. Não mudei absolutamente de idéia quanto a andar no calçadão, que continuo achando uma das atividades mais chatas jamais concebidas e nunca, depois de meses de insistência, senti o famoso bem-estar pós-caminhada. Meio danoso para minha auto-estima, porque devo ser alguma espécie de anormal, a quem sempre será negado o inefável barato das endorfinas. Padeço do que um médico poderia xingar de anendorfinia, privado de nascença dessas fantásticas substâncias. E há também as humilhações adicionais, como a do capenguinha que curte com minha cara, me deixando a comer poeira com quatro ou cinco de suas passadas fulminantes. Devia haver alguma norma contra a manobra empregada por ele, um impressionante movimento giratório nos quadris, que lhe transforma as pernas num compasso enorme e, que, em rotatividade turbinada, o põe a quilômetros de mim em poucos segundos.