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Artigos

  • O exemplo de Mandela

    As primeiras cenas do filme Invictus, de Clint Eastwood, mostram o carro de Nelson Mandela, recém saído da prisão (por coincidência, há exatos 20 anos; e, outra simbólica coincidência, ele fora preso em 1964), passando entre dois campos de esporte.

  • Vacinar faz bem

    Para a saúde do presidente Lula, o Fórum de Davos poderia representar um risco, e ele fez bem ficando em casa, mas, para a saúde do mundo em geral, marcou um avanço. Isto por causa do anúncio feito por Bill Gates (Microsoft): a fundação que ele dirige vai doar US$ 10 bilhões para estimular a pesquisa de novos imunizantes, e para levá-los aos países mais pobres. “Esta será a década da vacina”, disse Gates.

  • E se o ano inteiro fosse um Carnaval?

    Carnaval é coisa antiga, antiquíssima: vem desde o tempo dos romanos, pelo menos. Corresponde, portanto, a necessidades muito arcaicas, e por isso muito autênticas, do ser humano. Várias necessidades: a necessidade de brincar, a necessidade de dançar, a necessidade de fazer um sexo transitório e sem compromisso, a necessidade de assumir uma outra identidade, o que explica as fantasias: no Carnaval proliferam os reis, as rainhas, as princesas, os palhaços, as colombinas – as máscaras, sobretudo as máscaras. A pessoa deixa de ser o que ela é, e por um instante muda-se para o planeta de sua imaginação. É claro que, com tudo isso, o Carnaval teria mesmo de durar pouco e teria de ser seguido por um dia sombrio, a Quarta-Feira de Cinzas. Que, no Brasil, inaugura o ano propriamente dito. Como diz a canção: "Agora é cinza/ tudo acabado, e nada mais".

  • Sonhos de Carnaval

    Os dois estavam casados há muito tempo, os dois conviviam diariamente: trabalhavam no mesmo lugar, uma grande fábrica de produtos esportivos; ele era gerente de produção e ela chefiava a contabilidade. E os dois não eram muito de Carnaval; na verdade, durante os dias da folia levavam trabalho para casa e ficavam horas fazendo cálculos e escrevendo relatórios. A fábrica era a vida deles.

  • Samba, enredo, Brasil

    Estou escrevendo uma história cujo personagem principal é um jovem gaúcho que, pretendendo entrar no Partido Comunista, viaja para o Rio de Janeiro na mesma época em que Getúlio Vargas, chefiando a revolução de 1930, chega ao poder. Li muito sobre esse período, e descobri algumas coisas curiosas. Assim, o entusiasmo do povo com a nova liderança manifestou-se, como era de esperar, na música popular: Na marchinha Ge-Gê, Lamartine Babo proclamava: “Nós vamos ter transformação/ Neste Brasil verde-amarelo”. E, no Carnaval de 1931, a Escola de Samba Vai Como Pode (futura Portela) apresentou um samba-enredo homeageando Getúlio, marcando o nascimento de uma nova forma de folia carnavalesca. Foi, se não o primeiro, um dos primeiros sambas-enredo.

  • A internet e os seus riscos

    A notícia apareceu com destaque na Folha de São Paulo: “Diários em vídeo viram mania na internet”. Diários em vídeo (“vlogs”, uma alusão aos blogs) são, basicamente, gravações em que adolescentes aparecem contando de suas vidas, do que estão fazendo, como se divertem, os problemas que enfrentam. Era algo previsível: afinal, é mais fácil falar do que escrever, e mostrar a própria imagem é algo que muitos gostam de fazer.

  • A mensagem chega ao destino

    "Sou um garoto de 14 anos e vivo na Bélgica. Não sei se você é uma criança, uma mulher ou um homem. Navego em um barco de 18 metros." Assim o belga Olivier Vanderwalle começou, em 1977, a escrever uma mensagem para colocá-la em uma garrafa, enquanto navegava pela costa sul da Inglaterra. Vanderwalle passava as férias a bordo do barco de sua família quando teve a ideia de escrever o texto. Arrancou uma página de um livro de exercícios e achou uma garrafa de vinho que serviria para seu intento.Mais de três décadas depois, a britânica Lorraine Yates encontrou a garrafa na praia de Swanage, em Dorset, localizou o autor através do Facebook e com ele entrou em contato. Mundo, 2 de maio de 2010

  • E serei como deuses?

    Na semana passada, em artigo publicado na revista Science online, pesquisadores americanos do J.Craig Venter Institute anunciaram que haviam conseguido colocar numa célula viva um genoma sintético (o genoma, vamos lembrar, é o conjunto dos genes que, herdados, vão controlar todas as características do ser). A mesma equipe, liderada por Craig Venter, já havia sintetizado quimicamente um genoma bacteriano e também transplantado o genoma de uma bactéria para outra. Agora, os especialistas juntaram as duas técnicas para criar o que chamaram de “célula sintética”.

  • Futebol e testosterona

    Os pesquisadores britânicos Sandy Wolfson e Nick Neave analisaram até que ponto os hormônios secretados pelos jogadores que atuam no próprio estádio favorecem a equipe da casa. Medindo os níveis de testosterona dos jogadores que atuam em casa e dos visitantes, Wolfson e Neave concluíram que os níveis de hormônio se elevam mais nos jogadores que competem no próprio estádio.Folha.com

  • Lembrando o Partenon

    Comecei a minha carreira médica no Hospital Sanatório Partenon. Estudante de Medicina, eu lá fazia plantões (às vezes uma noite sim, uma noite não), e muito cedo comecei a viver a realidade da tuberculose, de onde parti para a saúde pública. Os sanatórios tinham mudado muito; não eram lugares apenas de repouso, tranquilidade, boa comida; mas não curavam a doença. Isto só aconteceu com o advento das modernas drogas antituberculose, sobretudo a estreptomicina, logo depois da II Guerra. E aí foi uma revolução. A combinação da estreptomicina com hidrazida e ácido paraaminosalicílico (PAS) curava a imensa maioria dos doentes.

  • Mães e antimães

    Não recordo ter visto pessoa com expressão mais sinistra do que a promotora acusada de agredir a menina que estava em vias de adotar. A indignação que sua postura despertou manifestou-se nas agressões que recebeu quando saía da delegacia de polícia.

  • O estranho caso do Dr. Kevorkian

    Em Nova York, o anúncio estava em todos os lugares, nos ônibus, nos jornais, em cartazes: no último dia 24, sábado, ninguém deveria perder a estreia, na rede HBO, do filme You Don’t Know Jack (Você não conhece Jack), dirigido pelo consagrado Barry Levinson (Rain Man, Assédio Sexual, Bom dia, Vietnã) com Al Pacino (excelente) no papel do médico Jack Kevorkian, mais conhecido como “Dr. Morte”. O patologista Kevorkian ficou famoso na década de 90 por sua luta para que o suicídio assistido fosse direito de todo paciente. Ele próprio ajudou mais de 130 pessoas a morrerem, utilizando em muitos casos um equipamento por ele próprio criado e instalado, por incrível que pareça, numa velha Kombi. Foi preso e julgado várias vezes, sendo absolvido em todos os processos. Em 1999 foi a julgamento acusado da morte de Thomas Youk, portador de esclerose lateral amiotrófica, uma grave doença neurológica. Kevorkian documentou os últimos momentos de Youk em vídeo exibido pelo programa 60 Minutos, com imensa repercussão. Imediatamente denunciado por homicídio qualificado, defendeu-se pessoalmente, sem advogados. Não teve êxito: foi condenado a 25 anos de prisão, mas por sua idade avançada (está com 82 anos) teve direito a liberdade condicional a partir de 2007.

  • O problema da cesárea

    Segundo uma noção muito difundida, o nome cesárea ou cesariana estaria associado ao imperador Júlio César, nascido de um parto operatório. Pouco provável, pois, entre os antigos romanos, esse tipo de intervenção só se justificava pela morte da parturiente, e a mãe de Júlio César, Aurélia, viveu muitos anos após o nascimento do ilustre filho; mais provavelmente o termo vem do verbo latino caedere, cortar. Mas a lenda mostra como a cesárea apela à imaginação. Trata-se de uma operação antiga; no Ocidente ela é praticada regularmente pelo menos desde o século 16. Mas por causa da letalidade, era um procedimento de exceção.