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Artigos

  • Cercados pela culpa

    Vivemos cercados por culpa. Nos sentimos culpados pelo que há de autêntico em nós: opiniões, desejos ocultos, maneira de falar. Nos sentimos culpados até mesmo por nossos pais e irmãos. O resultado é a paralisia total. Ficamos com muita vergonha de fazer coisas que sejam diferentes do que esperam de nós. Com isso, acabamos não expondo nossas idéias e sempre justificamos dizendo a mesma frase batida: “Jesus sofreu e o sofrimento é necessário”. O único problema é que, com desculpas deste tipo, o mundo inteiro não consegue seguir adiante.

  • Os erros

    Freud diz que os erros são, na verdade, uma maneira que temos para castigar a nós mesmos. Sabemos o alto preço que vamos pagar e o sofrimento que nosso gesto poderá trazer. Mesmo assim, fazemos o que não deveríamos. A mulher feia se torna ainda mais feia, pois não conseguiu encontrar ninguém. O solitário tranca-se em casa, já que não tem companhia. O alto executivo enfarta, mas continua trabalhando demais.

  • Dois dias

    Podemos achar que tudo que a vida nos oferece amanhã é repetir o que fizemos ontem e hoje. Mas, cada manhã traz uma benção escondida. Uma benção que só serve para este dia, e que não pode ser guardada ou reaproveitada. Se não usarmos este milagre hoje, ele se perderá no tempo.

  • Histórias e verdades

    “Se você tem que disparar a flecha da verdade, primeiro adoce sua ponta no mel”, diz um velho provérbio chinês. Isso vale a para a experiência espiritual. A verdade não é pensar sobre a vida, mas experimentá-la. Por isso, a maior parte dos ensinamentos vem de parábolas e pequenas histórias. O jesuíta Anthony de Mello, que colecionou histórias das diversas tradições espirituais, dizia: “Com as histórias, você faz um curso espiritual. Guarde-as na memória. E quando tiver que provar algo, use uma história. É impossível resistir ao fascínio da expressão: ‘Era uma vez...’”.

  • Histórias de plágio

    RIO DE JANEIRO - Ainda não me dei ao respeito de ler a biografia do Paulo Coelho escrita pelo sempre competente Fernando Morais. Amigos que a leram me informam, alarmados, que o mago, em início de carreira, plagiou uma crônica minha para se habilitar ao emprego num jornal do Nordeste. Nada tenho contra. Lamento apenas a falta de gosto ou de informação do Paulo. Bem que poderia ter escolhido autor mais importante.

  • A colheita de arroz

    O mestre encarregou o discípulo de cuidar sozinho pela primeira vez do campo de arroz. No primeiro ano, o discípulo não deixou faltar água e a colheita foi boa. No segundo ano, ele pôs fertilizante. Resultado: a colheita foi maior. No terceiro, ele botou mais fertilizante do que ele tinha utilizado no ano anterior. A colheita foi maior ainda, mas o arroz nasceu pequenininho. “Se aumentar a quantidade, não terá arroz ano que vem”, disse o mestre, completando: “Você sempre fortalece alguém quando ajuda um pouco, mas acaba estragando se ajuda muito”.

  • O ritmo da natureza

    Sabemos que não adianta esquecer a promessa, e no dia seguinte cumprir o prometido duas ou mais vezes. Tampouco adianta rezar sete orações num mesmo dia e passar o resto da semana achando que cumprimos nossa tarefa com nosso espírito e nosso Deus. As graças e as orações não são como o trigo, que pode ser armazenado à espera do inverno. O exercício da fé e da sabedoria é um aprendizado contínuo, como uma escada, onde se sobe um degrau de cada vez. Certas coisas na vida precisam acontecer na medida e no ritmo ditados pela natureza e pelo Divino.

  • As bênçãos de Deus

    Passeando por uma plantação, um homem viu um espantalho e falou: “Deve estar cansado de ficar aí, sem nada para fazer”. O espantalho respondeu: “O prazer de afastar o perigo é grande”. O homem concordou: “Eu também tenho agido assim, com bons resultados”. Voltou o espantalho e comentou: “Mas só vive espantando as coisas quem está cheio de palha por dentro”. O homem demorou para entender: aquele que tem carne e sangue precisa aceitar coisas inesperadas. Quem não tem nada por dentro, vive afastando tudo e nem mesmo as bênçãos de Deus chegam perto.

  • Pedido de ajuda

    Um poeta foi pedir ajuda a Anaxímedes: “minha poesia quer conter os céus e a Terra. Mas meu raciocínio não consegue entendê-los”. “Nem deve. Eles foram feitos para que nós pudéssemos senti-los”, disse Anaxímedes. “Então, como poderei escrever sobre estas maravilhas?”, retrucou. “Dentro de você existe todo o Universo”, respondeu o filósofo. “Se você restringi-lo apenas às paredes do seu quarto, jamais poderá escutar a música das esferas. Mas se for capaz de ver o teto de sua casa cheio de estrelas, poderá cantar e contar toda a história da humanidade”.

  • O dinheiro e a vaidade

    O sábio Nasrudin apareceu na corte com um magnífico turbante, pedindo dinheiro para caridade. “quanto custou esta peça extraordinária que enfeita sua cabeça?”, perguntou o soberano. “Quinhentas moedas de ouro”, disse o sábio sufi. O ministro sussurrou na hora: “Só pode ser mentira. Nenhum turbante, por mais maravilhoso que seja, pode custar toda esta fortuna”.

  • Sobre a verdade

    Com a mão fechada, o mestre perguntou a Nasrudin: “O que trago aqui?”. “Como posso saber?”, respondeu Nasrudin, prontamente. “Darei algumas pistas”, disse o mestre, completando: “Tem forma e cheiro de ovo. Seu conteúdo é branco e amarelo. Se o cozinharmos, fica duro”. “Um bolo”, gritou logo Nasrudin, achando que havia acertado a resposta. O mestre abriu a mão: era realmente um ovo.

  • A árvore

    Em Bilbao, no País Basco, uma leitora vem conversar comigo: “Você sempre fala de símbolos. Quero lhe mostrar um símbolo que você nunca viu...”.

  • Elástico do pensamento

    Cada pensamento tem um elástico amarrado nele, cuja outra extremidade fica presa em nós. Assim, o que enviamos para o mundo acaba voltando com força dobrada. Ralph Emerson diz que a maior parte de nossos pensamentos é dirigida ao passado. Lembramos com perfeição dos momentos difíceis, mas esquecemos a experiência que adquirimos.

  • O medo e o desejo

    A tradição nos fala de uma porta que precisamos cruzar toda vez que alguma coisa nos empurra para a mudança. Esta porta tem duas colunas. Uma se chama medo e a outra se chamada desejo. É o medo do desconhecido e o desejo de permanecer em um mundo confortável em vez de arriscar. Mas nada disso está escrito na porta. Lá, apenas se lê “Colunas”. E há um espaço no meio por onde podemos passar. Quando é ameno, o medo nos faz prestar atenção ao nosso próximo e ao mundo. Sabemos que nossos momentos mais corajosos foram aqueles em que tomamos certas atitudes. Com medo.