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Artigos

  • A cor dos alimentos: aparências enganam

    "Uvas verdes", resmungou a raposa, ao ver que não conseguia alcançar o cacho que pendia da carreira. Este "verdes" reflete a frustração e o desprezo do bicho, mas também alude a um aspecto importante de nossa vida: a cor dos alimentos. Para ficar com apenas um exemplo, uma salada considerada colorida é considerada sadia, e é mesmo: as cores refletem a diversidade dos vegetais ali presentes, e diversidade é coisa importante na dieta. Além disso, aprendemos desde a infância a excluir certos alimentos, e as frutas são um exemplo disso, em função da cor: ninguém comerá uma banana, ou um tomate, ou uma laranja, que estão verdes, e neste caso não estaremos sendo movidos pelo despeito da raposa da fábula.

  • Espaço Vital

    Durante 53 anos William e Susan haviam vivido juntos. Uma vida tranquila, pacata, mas feliz. Nisso ambos estavam de acordo: tanto quanto um casal pode ser feliz, eles eram felizes. Mas então William adoeceu, uma doença cardíaca grave, e aí ficou claro para ambos que, muito breve, ele poderia despedir-se da existência. O que enfrentou sem mágoa: homem religioso, considerava-se preparado para partir desta para a melhor, como declarava aos amigos e à mulher. Não imaginava, porém, o dilema que o destino lhe reservava.

  • Doentes e doenças

    Quinta-feira passada, na sessão habitual da Academia Brasileira de Letras, presentes dois médicos acadêmicos, Ivo Pitanguy e Moacyr Scliar, comentou-se aquilo que os jornais estão chamando de “pandemia”: a gripe suína. Na condição de sanitarista, Scliar explicava o que podia e dava conselhos genéricos aos colegas, que, apesar de imortais, muito se preocupam com tudo aquilo que ameaça a própria e discutível imortalidade.

  • Saúde e Justiça

    Se existe área em que a desproporção entre recursos disponíveis e necessidades a serem atendidas chega a ser desesperadora, esta área é a saúde pública. Todos que ali trabalham ou trabalharam sabem: qualquer que seja o país, qualquer que seja a região simplesmente não dá para prover medicamentos, ou leitos hospitalares, ou próteses, para todos que disso necessitam. E assim chega-se à difícil situação: é preciso decidir o que será feito primeiro.

  • Uma lição de coragem

    O jovem médico estava na sala de espera do bloco cirúrgico, aguardando o resultado da operação que ali se realizava. De repente, a porta se abriu e apareceu o cirurgião. Sua expressão antecipava más notícias, o que logo se confirmou com o soturno anúncio: estava tudo tomado pelo câncer, praticamente não havia mais nada a fazer. De pé, o doutorzinho sentiu-se tão mal, que desabou sobre uma cadeira. Não era de admirar. A paciente era sua mãe.

  • O inusitado sequestro

    A partir de julho, uma nova companhia aérea dos EUA vai oferecer voos confortáveis para animais de estimação. A Pet Airways, cujo autoproclamado objetivo é "oferecer uma solução segura e confortável para o transporte aéreo de animais domésticos", vai inaugurar seus serviços com um Beechcraft 1900 totalmente transformado. O avião poderá transportar 50 cachorros e gatos. Os assentos foram substituídos por prateleiras com compartimentos especiais. A bordo um assistente faz ronda a cada 15 minutos para ver se tudo está bem. Segundo estudos feito nos EUA, onde existe um verdadeiro culto aos animais de estimação, cerca de 76 milhões de cães de gatos viajam por ano, dos quais 2 milhões em avião. Folha Online

  • A doença social

    Na Londres do século 19, um imposto facilitou muito a disseminação da tuberculose. Esta afirmação certamente surpreende o leitor, mas ela é explicável. O imposto em questão incidia sobre janelas. Exatamente, sobre janelas (a fúria fiscal não é de hoje). Para ter uma janela era preciso pagar. Resultado: os pobres, que não tinham dinheiro, também não tinham janelas nos tugúrios em que viviam, numa época em que a Revolução Industrial trazia milhares de pessoas para as cidades, em busca de trabalho. Famílias numerosas viviam confinadas, num ambiente sem renovação do ar. O micróbio da tuberculose não poderia pretender melhores condições para se propagar. Tornou-se a “peste branca”, expressão que aludia à “peste negra”, a peste bubônica que, no início da modernidade, devastou a Europa. Era a enfermidade de artistas, de poetas, de escritores: Castro Alves, Álvares de Azevedo, Manuel Bandeira, entre outros, estavam entre os tísicos famosos no Brasil.

  • Bilhete premiado. Premiado?

    Idosa encontra bilhete premiado depois de quatro anos. Uma australiana de 73 anos recebeu agora o equivalente a R$ 3,1 milhões como prêmio de um jogo de loteria realizado há pouco mais de quatro anos. A mulher, uma fazendeira, tinha esquecido de conferir o bilhete, comprado em 2004. Apenas recentemente, ela o encontrara em uma gaveta, num envelope cheio de bilhetes antigos. O marido ponderou que os bilhetes provavelmente não tinham validade, mas, mesmo assim, ela resolveu ir a uma casa lotérica para conferir. E aí a surpresa: um dos bilhetes estava premiado com 2 milhões de dólares australianos. Apesar da surpresa, a vencedora não tem planos para o prêmio. "Na minha idade não há muito mais o que fazer, queremos é nos desfazer das coisas", disse ela. "O prêmio teria sido mais útil há alguns anos." Folha Online

  • O drama da doença mental

    Ferreira Gullar, de quem sou amigo há muito tempo, é um grande poeta, e um grande ser humano, uma pessoa de vida difícil e sofrida. Perseguido pela ditadura, passou longo tempo no exílio, e, como se isso não bastasse, tem um filho esquizofrênico vivendo num sítio em Pernambuco; um outro filho, igualmente esquizofrênico, morreu de cirrose. Baseado em sua dolorosa experiência, Gullar escreveu em sua coluna da Folha de S. Paulo três artigos protestando contra a falta de vagas hospitalares para doentes mentais. “Ninguém aguenta uma pessoa delirante ou agressiva dentro de casa”, desabafou. A repercussão foi extraordinária, com centenas de leitores manifestando-se, e muitas entrevistas, incluindo matéria de capa na revista Época do último fim de semana. Ferreira Gullar trouxe à tona um problema real, candente e polêmico.

  • Rivalidades

    Uberaba, onde estive há algumas semanas para uma palestra, é uma bela e culta cidade, com magníficos e antigos prédios, situada numa região de tradicional riqueza, o Triângulo Mineiro. Mas há um problema decorrente dessa localização. O problema é que o triângulo tem três vértices e, no caso de Minas, um dos vértices restantes chama-se Uberlândia. Cidade que, ao menos para algumas pessoas com quem falei, incomoda. É bem maior do que Ubaraba e, aparentemente, mais próspera. O que cria uma sub-reptícia rivalidade que não é exceção nem do Brasil nem em outros lugares. Cidades rivais existem por toda parte. Aqui no RS temos vários exemplos: caxias do Sul e Bento Gonçalves, Lajedo e Santa Cruz. E, claro, existe a antiga e paradigmática rivalidade entre Rio e São Paulo.

  • Amor e Tatuagem

    Em tempos de relacionamentos fugazes, uma aliança no dedo já não tem os efeitos de antigamente, e a tatuagem surge como alternativa para selar definitivamente a união. O que nem sempre funciona. Não faltam exemplos de tatuados apaixonados que depois tiveram de apagar ou cobrir as declarações; por isso, tatuar nomes de namorados costuma ser tarefa ingrata para os tatuadores. Sérgio Maciel, o Leds, do estúdio Leds Tattoo, conta que tenta demover essa ideia dos clientes. Em seu estúdio, na zona sul de SP, ele oferece o serviço de remoção e clareamento de tatuagens, solicitado por muitos ex-casais arrependidos. O preço para remover nome ou desenho que expresse o tal "amor eterno" é 50% mais alto do que o cobrado pela tatuagem.Cotidiano, 7 de junho de 2009

  • Mostrando a realidade

    A campanha da RBS contra o crack inclui mostrar aspectos sombrios da dependência, imagens que certamente impactam as pessoas, como o fazem, aliás, as fotos colocadas nos maços de cigarro. E isto já foi motivo de controvérsia nas campanhas educativas de saúde pública. A controvérsia baseava-se numa expressão cunhada pelo psicólogo norte-americano Leon Festinger: dissonância cognitiva.

  • O camundongo tenor

    Um gene que cientistas suspeitam que esteja envolvido no desenvolvimento da linguagem humana foi inserido em camundongos na Alemanha. Como resultado, os roedores demonstraram uma série de alterações vocais e de comportamento. Ciência, 1º de junho de 2009

  • Crise e gripe

    Chama a atenção a semelhança entre essas duas palavras: têm o mesmo número de letras e das cinco letras, três são iguais e estão colocadas no mesmo lugar. Aquilo que se prestaria para uma especulação de tipo cabalístico é certamente o resultado de uma coincidência. Mas uma coincidência que permite estabelecer uma série de comparações entre duas situações que nos são conhecidas, uma ocorrendo na esfera da economia, outra na esfera da biologia. Isto é possível porque economia resulta, ao fim e ao cabo, de fenômenos biológicos, a começar pela necessidade de sobrevivência: precisamos comer, e esse é o ponto de partida para o processo econômico.

  • A arte da fuga

    As situações de estresse são extremamente comuns em nossa época, como mostra a pesquisa de Ana Maria Rossi. E a pergunta se impõe: o que fazer a respeito? Para respondê-la, é preciso notar, em primeiro lugar, que o estresse não afeta só a espécie humana. Os animais também passam por isso na luta diária pela sobrevivência. E reagem às ameaças de uma forma muito simples, com uma resposta binária: a luta ou fuga (fight-or-flight, na expressão em inglês, que envolve um engenhoso trocadilho - expressão esta proposta pelo fisiólogo Walter Cannon em 1915). A zebra que, numa savana africana, avista um leão, não hesita em dar no pé, sob pena de transforma-se em refeição para os carnívoros. Ou seja: luta ou fuga para os animais é uma escolha simples.