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Artigos

  • Mojud e a vida inexplicável

    Mojud era um funcionário de uma repartição pública em uma pequena cidade do interior. Não tinha qualquer perspectiva de um emprego melhor, e seu país atravessava uma grande crise econômica, e Mojud já estava resignado em passar o resto de sua vida trabalhando oito horas por dia, e tentando divertir-se durante as noites e os finais de semana, vendo televisão.

  • Imitando o mestre

    Um discípulo que amava e admirava seu mestre resolveu observá-lo em todos os detalhes, acreditando que, ao fazer o que ele fazia, iria também adquirir sua sabedoria.

  • O que é "contexto desfavorável"?

    Tenho uma grande admiração por Roberto Carlos – recentemente, um dos mais importantes programas da BBC Radio me perguntou a lista de cinco discos que eu levaria para uma ilha deserta, e incluí um dos seus. E, apesar dos problemas normais decorrentes de uma relação profissional, tenho um grande respeito pela editora Planeta, que publica minhas obras no Brasil e em vários países de língua espanhola.

  • O pulha de cada um

    Embora a palavra seja um pouco forte, todos nós temos um pulha na vida (o dicionário Aurélio define o termo como indivíduo sem caráter, sem dignidade, sem brio).

  • Na fila do supermercado

    Eu tenho uma amiga americana de minha geração, D.H., que viveu todas as loucuras dos anos 60 e 70: drogas, sexo, rock’n roll, excessos de todas as maneiras. Embora ainda use suas roupas de hippie, hoje é uma dona de casa em paz com a vida, bem casada há muitos anos, com filhos adultos. Consegue – como todos nós que vivemos este tempo ainda conseguimos – enxergar que o extraordinário reside no caminho das pessoas comuns.

  • De livros e bibliotecas

    Na semana passada, comentei sobre meus livros sublinhados. Na verdade, não tenho muitos livros: há alguns anos atrás, fiz certas escolhas na vida, guiado pela idéia de procurar ter um máximo de qualidade, com o mínimo de coisas. Não quer dizer que tenha optado por uma vida monástica; – muito pelo contrário, quando não somos obrigados a possuir uma infinidade de objetos, temos uma liberdade imensa. Alguns de meus amigos (e amigas) reclamam que, por causa do excesso de roupas, perdem horas de suas vidas tentando escolher o que vestir. Como resumi meu guarda-roupa a um “preto básico”, não preciso enfrentar este problema.

  • A fábula e o espírito

    “Como o senhor entrou na vida espiritual?”, perguntou um dos discípulos do sufi Shamse Tabrizi. “Minha mãe dizia que eu não era bastante louco para ser internado num hospício nem bastante concentrado para entrar num mosteiro. Resolvi dedicar-me ao sufismo”. “E como explicou isso a sua mãe?” “Com uma fábula: puseram um patinho para que uma gata tomasse conta. Ele seguia sua mãe adotiva por toda parte. Um dia, foram ao lago. O patinho entrou na água e disse: “Vou continuar no meu ambiente, mesmo que minha mãe não saiba o que significa um lago”.

  • Nada de resistir

    Uma rosa queria a companhia das abelhas, mas nenhuma delas vinha até ela fazer uma visita. Mas a flor ainda era capaz de sonhar com aquilo. E resistiria até o outro dia, quando abria de novo suas pétalas para esperar alguma abelhinha. “Você não está cansada?”, perguntou alguém à flor. “Talvez, mas preciso continuar lutando”, respondeu ela. “Por quê?”, prosseguiu o alguém, com curiosidade. “Para não murchar”, explicou a rosa. Nos momentos difíceis, seja mais aberto. Às vezes, a esperança de vitória consiste em permanecer na luta, mesmo perdendo.

  • Deus é humor

    “Minha dança, minha bebida e meu canto são o colchão onde minha alma repousará quando voltar ao mundo dos espíritos”, diz um sábio indonésio. Quem ler os evangelhos irá reparar que quase todos os ensinamentos de Jesus aconteceram em duas circunstâncias: enquanto ele estava viajando ou quando ele estava em torno de uma mesa. Nada de templos. Nada de lugares escondidos. Nada de práticas sofisticadas e difíceis. Coisa simples. Andando. E comendo. Algo que fazemos todos os dias – e, por isso mesmo, não damos nenhum valor. Pensamos que as coisas sagradas são tarefas para os gigantes da fé. Achamos que aquilo que a gente faz é pobre demais para ser aceito com pureza e alegria por Deus. Deus é amor. Mas, além disso, Deus é humor.

  • Brilho e significado

    Certa manhã, eu caminhava com um amigo pelo deserto do Mojave. De repente, vimos algo que brilhava intensamente. Mudamos o nosso caminho para ver de perto o que emitia tal brilho. Andamos quase uma hora e vimos que o brilho vinha de uma simples garrafa de cerveja. Na volta, eu só conseguia pensar quantas vezes deixamos de seguir o nosso caminho atraídos pelo falso brilho do caminho ao lado. Ao mesmo tempo, eu pensava também que, se eu não me preocupasse e não fosse até lá, como saberia que era apenas um brilho falso, que não significava nada?

  • A melodia e os pratos

    Zaki escutou o Xá discutir com os amigos sobre a mais bela melodia da Terra. Não chegaram a nenhuma conclusão. Dias depois, Zaki convidou o Xá e seus amigos para jantar. No salão, a melhor orquestra do mundo tocou lindas canções, mas não havia comida. Quando todos já estavam mortos de fome, Zaki serviu um banquete. “Que bela canção é o tilintar de pratos e colheres.”, comentou o Xá. “Estou respondendo sua pergunta sobre a mais bela melodia.”, disse Zaki: “Pode ser a voz da amada, o tilintar de pratos... Mas será sempre o som que nosso coração precisa ouvir.”