Um discípulo que amava e admirava seu mestre resolveu observá-lo em todos os detalhes, acreditando que, ao fazer o que ele fazia, iria também adquirir sua sabedoria.
O mestre só usava roupas brancas, e o discípulo passou a vestir-se da mesma maneira.
O mestre era vegetariano, e o discípulo deixou de comer qualquer tipo de carne, substituindo sua alimentação por ervas.
O mestre era um homem austero, e o discípulo resolveu dedicar-se ao sacrifício, passando a dormir numa cama de palha.
Passado algum tempo, o mestre notou a mudança de comportamento do seu discípulo, e foi ver o que estava acontecendo.
– Estou subindo os degraus de iniciação – foi a resposta. – O branco de minha roupa mostra a simplicidade da busca, a alimentação vegetariana purifica o meu corpo, e a falta de conforto faz com que eu pense apenas nas coisas espirituais.
Sorrindo, o mestre o levou até um campo onde um cavalo pastava.
– Você passou este tempo olhando apenas para fora, quando isso é o que menos importa – disse. – Está vendo aquele animal ali? Ele tem a pele branca, come apenas ervas, e dorme num celeiro com palha do chão. Você acha que ele tem cara de santo, ou chegará algum dia a ser um verdadeiro mestre?
Por que deixar o homem para o sexto dia
Um grupo de sábios reuniu-se num castelo em Akbar para discutir a obra de Deus. Queriam saber por que havia deixado para criar o homem no sexto dia.
– Ele pensava em organizar bem o Universo, de modo que pudéssemos ter todas as maravilhas à nossa disposição – disse um.
– Ele quis primeiro fazer alguns testes com animais, de modo a não cometer os mesmos erros conosco – argumentou outro.
Um sábio judeu apareceu para o encontro. O tema da discussão lhe foi comunicado: “Na sua opinião, por que Deus deixou para criar o homem no último dia?”
– Muito simples – comentou o sábio. – Para que, quando fôssemos tocados pelo orgulho, pudéssemos refletir: até mesmo um simples mosquito teve prioridade no trabalho Divino.
O exorcismo
Um homem chamou um padre para fazer um exorcismo em sua casa. Foi morar num hotel, e deixou-o entregue ao trabalho.
O sacerdote passou alguns dias dormindo no lugar mal-assombrado, colocou água-benta em todos os quartos, fez orações, e – quando deu sua tarefa por encerrada – chamou de volta o proprietário, dizendo que o resultado fora fantástico.
– Quantos demônios você exorcizou? – quis saber ele.
– Nenhum.
– E quantos viu na minha casa?
– Nenhum.
– Então como o resultado pode ter sido fantástico?
– Quando se está lidando com as forças do mal, nenhum é mais do que suficiente.
Diário da Manhã (GO) 25/3/2007