O país da consciência e o Brasil do perdão
Jornal do Commercio (RJ), em 24/12/2012
O remate do julgamento do mensalão é de impactos inéditos na consciência nacional e seu avanço irrecorrível. De saída, o da realização da justiça chegada aos superpoderosos, desbaratados dos velhos nichos da impunidade. Esvaiu-se a acomodação de sempre, do atraso dos julgamentos, e da aposta na perda da memória coletiva. No caso, por um quase monopólio midiático da atenção popular, que, por sua vez, traduzia um fato sociológico: o da virada de página do imperativo da tolerância com a corrupção, amadurecida pelo nosso desenvolvimento. Garantiu-a Joaquim Barbosa, nos atributos todos da figura vingadora, para a superação, de vez, do país acomodado. Irrelevante no caso é se saber se este sentimento coletivo desbordou do velho moralismo das classes médias brasileiras para o País recentemente saído da marginalidade, e mais ligado, de imediato, ao fruir de seu acesso à economia de mercado.